sábado, 4 de julho de 2009

Jesus e as Cartas Joaninas - Resumo Semanal - 04/07/2009 a 04/07/2009

Jesus e as Epístolas de João
Resumo Semanal - 28/06/2009 a 04/07/2009


José Carlos Ramos – D.Min


A lição começa se referindo ao fato de que a comunidade cristã em que o escritor de 1, 2 e 3 João cumpria seu ministério se via exposta à veiculação de falsidades e enganos que colocavam em risco a estabilidade da igreja e a unidade no amor, na fé, e na doutrina. Isto forma o contexto histórico das epístolas.

Determinados elementos perambulavam entre as congregações (e até pelas casas dos membros, ver 2Jo 10), alegando ser portadores de nova luz sobre a natureza de Deus, de Jesus Cristo, do pecado, etc., e alardeando a posse de um conhecimento superior de realidades divinas, com a prerrogativa de entreter especial comunhão com Deus. Havia quem discordasse também da forma como a igreja era administrada e conduzida, e se impunha com novas ideias e conceitos, e diferentes critérios e normas por cuja divulgação intentava a preeminência (3Jo 9).

Alguma coisa parecida com o que se vê em nossos dias não é mera coincidência, pois, quanto mais nos aproximarmos do fim, mais o diabo se desdobrará para intensificar seus embustes e seu empenho por dividir e, se possível, fragmentar a igreja. Velhas heresias vêm novamente à tona, agora em novas roupagens e com nova aparência de piedade e, portanto, mais danosas e fatais do que sempre foram. Daí o imperativo de merecerem essas epístolas nossa atenta consideração, pois nada do que acontece debaixo do sol é novo (Ec 1:9, 10). Cumpre-nos estar vigilantes e firmemente fundamentados na Palavra, de forma a dizermos “não” ao engano cada vez que ele insurgir.

É interessante o destaque da lição: embora o escritor combatesse ciosamente o engano, ele não se deixava levar por uma aparente necessidade de dissecá-lo e desmascará-lo ponto por ponto. Ele estava mais preocupado em exaltar a verdade e, com ela, Jesus, para que seus leitores fossem ainda mais atraídos a Ele, e mais incentivados a responder positivamente ao Seu amor. Esta é sempre a melhor resposta a qualquer desvio da fé, e seria, portanto, a forma correta de reagir também às heresias modernas.

Mas acima de tudo, temos que ser movidos pelo princípio do amor, o grande tema destas epístolas. Desse tema decorre o verdadeiro cristianismo, evidenciado na obediência irrestrita aos mandamentos de Deus, no interesse esmerado por Sua obra e no afeto despretensioso e espontâneo por nossos semelhantes, principalmente os da fé. Esse princípio preservará a fraternidade, a união, a concórdia e a paz no seio da igreja, imprescindíveis para a identificação do povo de Deus em meio a um mundo turbulento, enganoso e mau.

Domingo, 28 de junho
I. Autor e destinatários


Tem havido entre os estudiosos alguma controvérsia quanto a quem teria escrito 1, 2 e 3 João. Alguns atribuem autoria diferente a cada epístola; outros imaginam que esses documentos não se originaram de duas ou três pessoas, menos ainda de uma, mas de alguma comunidade. Há também aqueles que lhes atribuem autoria desconhecida; outros chegam a dizer que esses três documentos, na forma como constam hoje em nossas Bíblias, são, em realidade, fragmentos de uma ou mais produções literárias abrangentes, cuja maior parte se perdeu, e que circularam entre os cristãos por volta do fim do primeiro século.

Essas diferentes hipóteses são apenas fruto de especulação e não têm nenhum fundamento. Não vemos razão concludente para não nos situarmos, como igreja, entre aqueles que esposam o ponto de vista tradicional de que o escritor das três epístolas foi o apóstolo João, o discípulo amado. Cremos também que ele foi o autor do quarto Evangelho e do Apocalipse, embora alguns admitam a autoria joanina das epístolas e a neguem ou para o Evangelho, ou para o Apocalipse, ou para ambos. Mas se você possui o Comentário Bíblico Adventista, poderá apreciar o paralelo entre 1 João e o quarto Evangelho, registrado às páginas 623 e 624 do 7º volume. O paralelo é tão preciso que não permite qualquer dúvida quanto à mesma autoria para os dois documentos.

A divergência quanto à autoria das epístolas ocorre, em parte, pelo fato de que o escritor não se identifica formalmente nesses documentos. É verdade que um tipo de identificação aparece em 2 e 3 João, onde o escritor se apresenta como “o presbítero” (v. 1). Mas isso é um tanto vago e aponta mais para o que ele era e não para quem era.

A falta de identificação, entretanto, não conspira contra a posição tradicional. Ela acaba confirmando, pelo menos, a autoria única dos escritos joaninos. Anonímia, nesse aspecto, é uma característica do quarto evangelho, e, portanto, não é surpresa que se faça presente nas epístolas. Quanto ao Apocalipse, o escritor se identifica apenas pelo nome João (1:1, 4, 9; 22:8), já muito comum naquela época. A impressão que temos é de que ele se esforça ao máximo para não se projetar através de seus escritos, o que se ajustaria à postura modesta do convertido João.

Anonímia, portanto, pode ser considerada um tipo de evidência interna, pelo menos indireta, da autoria joanina das epístolas. Outra evidência desta natureza é que o escritor fala com autoridade apostólica e se declara uma testemunha ocular dos fatos ligados a Cristo (ver 1Jo 1:1-4; 4:14). A esse respeito, Marshall afirma: ”...desde que a mais plausível interpretação de 1Jo 1:1-4 é que o autor reiterou ser uma testemunha ocular da vida terrena de Jesus, e desde que, como é sabido, o Evangelho de João foi atribuído a um dos Seus possíveis discípulos (Jo 21:24), é uma atrativa solução ao nosso problema [de autoria] dizer que João, o filho de Zebedeu, conhecido também como ‘o presbítero’, foi o autor do Evangelho e das Epístolas” (I. Howard Marshall, The Epistles of John, p. 43). A lição lembra que ele, na qualidade de líder, mantinha um relacionamento chegado e afetivo com os destinatários, e que planejava visitá-los em breve (cp. 3Jo 10).

Às evidências internas se juntam as externas fundamentadas no testemunho patrístico provindo, dentre outros, de Papias, Policarpo e Irineu. Quanto à ocasião em que as epístolas foram escritas, entende-se, pelo próprio conteúdo das mesmas, que a última década do primeiro século seja a mais provável, tomando-se em consideração que alguma forma incipiente de gnosticismo, que, já nos dias de Paulo, ameaçava a homogeneidade da igreja (ver, por exemplo, a epístola aos Colossenses), veio a se intensificar nessa época; também para isso concorre a tradição patrística.

Os destinatários seriam aqueles que integravam a chamada “comunidade do discípulo amado”, uma coletividade reunindo determinado número de congregações, equivalendo mais ou menos, diríamos hoje, a um grande distrito pastoral, ou a uma Associação de pequeno porte. Segundo a tradição, João passou seus últimos anos na Ásia Menor, com especial referência à cidade de Éfeso, que poderíamos considerar a sede daquele grande distrito.

Segunda e Terça, 29 e 30 de junho
II. Conteúdo e propósito das epístolas


Para o estudo desta parte da lição é importante uma leitura preliminar das três epítolas joaninas; são apenas 133 versículos e uma primeira leitura poderá ser feita numa única assentada objetivando adquirir uma visão geral delas. Em seguida, faça uma segunda leitura progressiva e ponderada, observando as colocações do escritor, os perigos contra os quais ele adverte os leitores e os pontos capitais que ele aborda com suas implicações para a vida cristã. Observe seu empenho pela integridade da igreja movido por seu desvelo em prol da segurança espiritual dos membros, e por seu grande anseio no sentido de que ninguém perca seu real companheirismo com Jesus.

Esta leitura familiarizará o leitor com o conteúdo e o propósito das epístolas, refletindo sua natureza e seu caráter. Claramente, 3 João se apresenta como carta pessoal, dirigida “ao amado Gaio” (v. 1), provavelmente um dos principais membros da comunidade cristã supervisionada pelo missivista. 2 João deve ser considerada uma epístola, salvo se a “senhora eleita”, a quem é dirigida (v. 1), fosse uma figura feminina de destaque na comunidade, o que é improvável. Mulher, no Novo Testamento, é símbolo da igreja (2Co 11:2; veja também Ef 5:25-29 e Ap 12), e a “senhora” aqui seria a personificação de uma congregação; os “filhos” da “senhora” seriam os membros da congregação a quem o missivista se dirigia. Na saudação final, ele se referiu aos “filhos de tua irmã eleita” (v. 13); sem dúvida, trata-se dos membros de outra congregação, essa localizada no próprio domicílio do escritor, certamente de onde ele era membro.

1 João é mais que uma carta ou mesmo epístola (em que pese o fato de ser assim conhecida), pois o estilo e conteúdo não se ajustam inteiramente a essa forma literária: faltam-lhe remetência (missivista e local de envio), destinação (a quem foi enviada e para onde), e uma saudação formal tanto de abertura como de encerramento. Nesse aspecto, o documento distancia-se consideravelmente, em seu formato, das epístolas paulinas, das universais (como Tiago e 1 e 2 Pedro), e mesmo de 3 João. Ela se aproxima de Hebreus, que omite a saudação inicial e a indicação do remetente e dos destinatários.

Estudiosos têm tentado definir a qualidade de 1 João. Extraindo uma síntese dos diferentes pareceres, a epístola seria uma palavra pastoral de exortação (a exemplo de Hebreus ― veja 13:22) e de acautelamento (contra os falsos ensinos), constituída, a meu ver, de excertos de sermões do próprio escritor. Daí a maneira um tanto intermitente como os temas são expostos; não há, como a lição destaca, uma progressão linear na argumentação, a qual se desenvolve numa “forma cíclica”. Falta, diríamos, uma abordagem sistemática dos assuntos, isto é, com uma sequência lógica que faculte uma transição natural, espontânea, correlata, de um item para outro; por isso, é mais fácil estabelecer, não uma estrutura (embora possível; veja abaixo), mas um esboço da epístola, o qual inclui uma afirmação sobre:

01) A Divindade – 1Jo 1:5; 3:9, 10, 20, 21; 4:8, 12, 16; 5:11, 16.
01.1) O Pai – 1Jo 1:2; 2:16, 22, 23; 3:1; 2Jo 3.
01.2) O Filho (veja relação no comentário de quarta e quinta) – 1Jo 1:1, 2; 2:23; 3:8, 4:9, 15; 5:5, 6, 9, 10-12, 20; 2Jo 3.
01.3) O Espírito Santo – 1Jo 3:24; 4:2, 13; 5:6, 8.
02) A Palavra de Deus – 1Jo 1:10; 2:5, 7, 14.
03) A vontade de Deus – 1Jo 2:17; 5:14.
04) Os Mandamentos de Deus – 1Jo 2:3, 4; 3:22-24; 4:21; 5:2, 3; 2Jo 4, 6.
05) A encarnação – 1Jo 4:2, 9, 10, 14; 5:6, 20; veja também 2Jo 7.
06) A salvação por meio de Jesus (a expiação) – 1Jo 1:7; 2:1, 2, 12; 3:5, 16; 4:9, 10, 14; 5:10-12.
07) A fé e o crer em Jesus – 1Jo 3:23; 5:1, 4, 5, 10, 13.
08) A filiação divina do crente – 1Jo 3:1, 2, 10; 5:2.
09) Conhecer a Deus (implícito que é por Jesus, veja Jo 1:18) – 1Jo 4:6-8.
10) A volta de Jesus – 1Jo 2:28; 3:2, 3.
11) O juízo – 1Jo 4:17.
12) O novo nascimento – 1Jo 2:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18.
13) O amor – 1Jo 3:16; 4:7, 8, 10, 16-18; veja também 2Jo 3, 6.
14) O amor de Deus – 1Jo 2:5, 15; 3:1, 17; 4:9, 10, 12, 16, 19; 5:3.
15) O amor humano – 1Jo 4:19; veja também 2Jo 1; 3Jo 6.
16) O amor a Deus – 1Jo 4:10, 19-21; 5:1, 2.
17) O amor fraternal – 1Jo 2:10; 3:10, 11, 14, 17, 18, 23; 4:7, 8, 11, 12, 19-21; 5:1, 2; veja também 2Jo 5.
18) O amor ao pecado – 1Jo 2:15.
19) Efeitos éticos da salvação alcançada em Cristo – 1Jo 2:3-6, 17, 29; 3:6, 9, 10, 14, 22, 24; 4:7; 5:2, 3, 18; veja também 2Jo 4, 6; 3Jo 5, 11.
20) A oração – 1Jo 3:22; 5:14, 15.
21) Comunhão – 1Jo 1:3, 6, 7.
22) Conhecer a Deus – 1Jo 2:3, 4, 13, 14; 3:1, 6; 4:6-8.
23) Pertencer a Deus – 1Jo 4:4, 6; 5:19.
24) A permanência em Deus – 1Jo 2:6, 10, 24, 27, 28; 3:6, 24; 4:13, 15, 16.
25) A permanência de Deus em nós – 1Jo 2:14, 24, 27; 3:9, 15, 17, 24; 4:12, 15, 16; veja também 2Jo 2, 9.
26) O testemunho de Deus – 1Jo 5:9, 10.
27) O testemunho cristão – 1Jo 1:2; 4:3, 3, 14, 15; veja também 3Jo 3, 6, 12.
28) Vida – 1Jo 1:1, 2; 3:16; 5:11, 12, 16.
29) Vida eterna – 1Jo 1:2; 2:25; 3:15; 5:11, 13, 20.
30) Dualismo bem X mal – 1Jo 3:12; veja também 3Jo 11.
31) Dualismo luz X trevas – 1Jo 1:5; 2:8-11.
32) Dualismo vida X morte – 1Jo 3:14; 5:16.
33) Dualismo verdade X mentira – 1Jo 1:6, 8; 2:4, 21, 22, 4:6.
34) O diabo – 1Jo 2:13, 14; 3:8; 5:18, 19.
35) O mundo e o pecado – 1Jo 2:15-17; 3:1, 4, 8, 9, 13; 5:4, 16, 17, 19.
36) A filiação maligna dos ímpios – 1Jo 3:10-12.
37) Os falsos mestres – 1Jo 2:18, 19, 22; 4:1, 3, 4-6; veja também 2Jo 7, 9-11.

Os três documentos contêm um sabor apologético. Erros específicos, que estavam sendo divulgados, são zelosamente combatidos mediante a reiteração de verdades fundamentais do cristianismo autêntico. Para o escritor, o melhor método de oposição às trevas é fazer a luz brilhar. Em outras palavras, o erro e o engano devem ser confrontados com a verdade, o mais poderoso antídoto para o falso ensino.

Vê-se na relação acima que o diabo, o mundo, o pecado e os falsos mestres, em comparação com outros assuntos, ocupam espaço relativamente pequeno. Conforme já dito, o escritor sagrado se preocupou mais em salientar verdades que os falsos ensinos ofuscavam; verdades inclusive conhecidas dos destinatários (1Jo 2:21). Mas por que, então, lhas anunciou novamente? Para instar com eles a que permanecessem nelas (v. 24; veja 2Jo 8, 9). Esse foi o grande propósito das epístolas.

Seu empenho foi reforçado com o emprego de dualismos (veja os números 30-33), úteis para realçar o contraste entre as coisas de Deus e as do maligno. Então, visto que os dissidentes e falsos mestres se achegavam a eles com a pretensão de ser portadores de “nova luz”, lhes lembrou que não tinham necessidade de que alguém os ensinasse (v. 27); se se abeberassem dessa “nova luz”, na realidade uma “velha treva”, seriam desencaminhados, pois os falsos mestres só tentavam enganá-los (v. 26). Daí insistir com eles para que permanecessem naquilo que, desde o princípio, haviam aprendido (v. 24, 27).

Em 2 João, o escritor transmitiu uma admoestação relacionada com o falso ensino: “Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão. Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece, não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (v. 8-11).

Finalmente, em 3 João, ele deixou transparecer sua preocupação com alguém que agia deslealmente na disputa de autoridade, e aproveitou o ensejo para apelar a Gaio a que não seguisse aquele mau exemplo (v. 9-11). Ao mesmo tempo, fez uma referência positiva a Demétrio (v. 12), outro membro fiel.

Assim, o combate a dissidentes, e seu falso posicionamento e ensino, é fundamental nas epístolas joaninas, principalmente a primeira. Embora, segundo os estudiosos dessa parte das Escrituras, seja difícil o reconhecimento de uma estrutura do conteúdo de 1 João, esse fato (o combate a dissidentes) mais o detalhe de que o escritor endereçou aos seus destinatários uma palavra de exortação facultam-me estabelecer a seguinte estrutura sugestiva desse documento, reunindo quatro blocos exortativos entremeados por referências diretas aos dissidentes:

Introdução ― 1:1-4

1ª parte
Exortação (1) – 1:5-2:17
Os anticristos – 2:18-26
Exortação (2), conclusiva – 2:27-29

2ª parte
Exortação (3) – 3:1-24
Os falsos profetas – 4:1-6
Exortação (4), conclusiva – 4:7-5:19

Conclusão – 5:20, 21

Justifico esta estrutura com o seguinte raciocínio: Como visto, João se preocupou em alertar os membros de sua comunidade pastoral quanto à dissidência e a mensagem deletéria por eles veiculada. Ele o fez exaltando a verdade (como ela é em Cristo) e insistindo na coerência que deve ocorrer entre o conhecê-la e o vivê-la. Esse é o conteúdo exortativo inicial (1:5-2:17). Isso feito, ele faz uma breve, porém direta, alusão aos dissidentes, classificando-os de “anticristos” (v. 18-26). Ele conclui esta parte relembrando os destinatários da unção que haviam recebido de Deus, e apelando-lhes a que permanecessem firmes em Jesus (v. 27-29).

Em seguida, novamente em termos exortativos, ele comenta um pouco o grandioso privilégio que os crentes desfrutam pelo conhecimento e vivência da verdade: o de serem “filhos de Deus”, isto é, membros de Sua família, com as implicações daí decorrentes, principalmente em termos da união com Ele, assim como vivem em mútua união os membros de uma família venturosa.

Feita esta abordagem (que toma todo o capítulo 3), João outra vez faz uma alusão direta aos dissidentes (4:1-6), para, então, voltar a se dirigir pastoralmente aos seus destinatários (4;7-5:19). Ele conclui a epístola reafirmando a união com Deus através da união com Cristo (5:20, 21).

Quarta e Quinta, 1º e 2 de julho
III. Jesus e Seu ministério nas epístolas de João

João foi um dos amigos mais íntimos de Jesus (sempre aconchegado a Ele a ponto de ter recostado a cabeça em Seu peito e sentido o pulsar do Seu coração, Jo 13:23, 25). Ninguém melhor que o discípulo amado para falar de Jesus e do Seu ministério. Num plano histórico, ele cumpriu essa tarefa escrevendo o quarto Evangelho. Nas Epístolas, ele o fez num plano pastoral, apresentando Jesus e Sua obra, incluindo as implicações para a vida cristã daí derivadas, como a melhor resposta às heresias, tanto quanto para reafirmar a fé na verdade por parte dos crentes, alguns dos quais poderiam já estar vacilando.
Embora o Pai seja mais mencionado, como a lição afirma, Jesus é a figura central das epístolas joaninas. Termos relativos a Ele foram empregados pelo escritor com a seguinte frequência:

* O próprio nome Jesus – 14 vezes (12 em 1Jo e duas em 2Jo).
* Cristo – também 14 vezes (10 em 1Jo e 4 em 2Jo).
* Filho – 24 vezes (22 em 1Jo e duas em 2Jo).
* Vida – três vezes (1Jo 1:1 e 5:20).
* Aquele que era desde o princípio – duas vezes (1Jo 1:1; 2:14).
* Aquele que nasceu de Deus – uma vez (1Jo 5:18).
* Senhor – uma vez (2Jo 3).
* Salvador – uma vez (1Jo 4:14).
* Palavra ou Verbo – uma vez (1Jo 1:1).
* Deus verdadeiro – uma vez (1Jo 5:20).
* Santo – uma vez (1Jo 2:20).
* Advogado (paráklētos) – uma vez (1Jo 2:1).
* “Nome” (forma genérica subentendida de Jesus e Sua obra) – uma vez (3Jo 7).

Devemos indagar como Jesus e Seu ministério são abordados diante do falso ensino que distorcia a realidade sobre Ele.

Começamos por notar que o nome Jesus, seguido do título Cristo, aparece dez vezes, todas em 1 João; isso é significativo.

A dissidência gnóstica, que João estava combatendo, afirmava que Cristo não deveria ser confundido com Jesus, o vulto histórico que viveu na Palestina, e que, embora extraordinário, era um homem comum, filho natural de José e Maria. Cristo, entretanto, era um ser espiritual, celestial e divino. Jesus e Cristo, portanto, eram distintos um do outro. Cristo Se havia juntado a Jesus por ocasião do batismo, mas O abandonou pouco antes da cruz. Assim, a morte de Jesus não reunia nenhum valor salvífico. Ele fora apenas mais um mártir entre outros.

Com o emprego da construção Jesus Cristo, João estava contrariando essa teoria absurda. Não há absolutamente qualquer tipo de dicotomia entre Jesus e Cristo. Foi por essa mesma razão que João também afirmou: “Este é Aquele que veio por meio de água [alusão ao batismo] e sangue [alusão à cruz], Jesus Cristo [o nome e o título]; não somente com água [o que era afirmado por dissidentes], mas com a água e com o sangue” (1Jo 5:6).

Com isso, o apóstolo demolia também o docetismo (do verbo grego dokéō, parecer), uma ramificação gnóstica mais radical que negava a possibilidade de Deus, e dos seres intermediários que atuavam entre Ele e o mundo, contatarem a matéria, pois essa era considerada essencialmente má. Para os docetas, o corpo de Jesus era fantasmagórico, apenas uma sombra, uma aparência. Assim, a presença de Jesus entre nós, em carne humana real, era negada. O corpo dEle era um perfeito disfarce. Em outras palavras, segundo esse ponto de vista, o milagre da encarnação tinha sido uma grande farsa.

João se voltou veementemente contra tal posição, afirmando categoricamente, com a autoridade do último apóstolo ainda vivo, que Jesus viera “em carne” (1Jo 4:2), tanto que ele O havia tocado, apalpado, etc. (1Jo 1:1), e que, quem negasse as condições do Cristo encarnado estaria cumprindo o papel de anticristo (2Jo 7). Ter Jesus Cristo vindo em carne, todavia, não significa que Ele tivesse o mínimo vestígio de pecado. Ele não só não cometeu pecado; mais que isso, “nEle não há pecado” (1Jo 3:5).

O emprego da fórmula Filho de Deus (8 vezes, ou 9 se levamos em consideração “Filho do Pai” de 2Jo 3) também foi intencional para combater o falso ensino. Como já dito, o gnosticismo considerava a matéria essencialmente má, e afirmava que Deus, portanto, não poderia ter feito o mundo, pois este é matéria, e Ele não tocaria algo essencialmente mau.

Assim, os gnósticos criavam, eles mesmos, um impasse do qual tentavam sair, ou com a ideia docética vista acima, ou com a teoria dos vários aeons, ou logói,os “filhos de Deus”, considerados seres intermediários entre Deus e a matéria, e que agiam no cumprimento de Seus propósitos; Cristo era apenas um deles. Como os gnósticos “cristãos” equiparavam esses aeons aos anjos mencionados na Bíblia, Cristo, com isso, era rebaixado ao nível de um desses.

João combateu essa outra teoria absurda deixando claro que Jesus Cristo era o Filho de Deus (unigênito, ou único de Sua classe, conforme claramente exposto no quarto Evangelho); Aquele pelo qual tanto a criação como a redenção haviam sido executadas, sendo Ele mesmo “o verdadeiro Deus” (1Jo 5:20). Só assim Ele pôde ser Salvador. Como a lição enfatiza, “negar Sua divindade ou humanidade também significa negar Seu ministério como Salvador e Senhor, como exemplo. A salvação por meio de Jesus depende da natureza divino-humana de Jesus.”

Ademais, é através de Jesus Cristo que se torna possível o verdadeiro conhecimento de Deus (tão alardeado pelo gnosticismo como fator exclusivo de salvação), bem como a comunhão com Ele. 1 João 4:12, “ninguém jamais viu a Deus” ecoa o mesmo enunciado de João 1:18, onde se afirma que Jesus é o meio da revelação divina. Semelhante conhecimento tem consequência salvífica (veja 17:3). Assim, Cristologia (o estudo da pessoa de Cristo) e soteriologia (o estudo da salvação) são oferecidas por João num único pacote, a segunda sendo o fruto natural da primeira.

Com efeito, quem Jesus é e o que Ele realizou e continua realizando por nós garantem nossa salvação. Ele Se manifestou “para tirar os pecados” (1Jo 3:5), e assim “destruir as obras do diabo” (v. 8), sendo, desta forma, o “Salvador do mundo” (4:14); para tanto, deu “Sua vida” (3:16) tornando-Se “a propiciação pelos nossos pecados” e “pelos do mundo inteiro” (2:2; 4:10), razão pela qual Seu sangue “nos purifica de todo o pecado” (1:7). Ele atua agora “junto ao Pai”, como nosso advogado (2:2), e dali virá e Se manifestará (v. 28), para que sejamos em tudo semelhantes a Ele (3:2).

O que Jesus fez e faz por nós requer de nossa parte uma resposta de fé. Crer nEle resulta em vida eterna (5:13; cf. Jo 3:16); tal experiência confirma o novo nascimento (5:1) e confere poder ao que crê para que seja um vitorioso sobre o mundo (v. 4, 5), de forma que ele “não vive na prática do pecado” (3:9).

Requer também uma resposta de amor, primeiramente a Deus, então ao nosso semelhante (4:21). De tal forma o amor a Deus se revela na obediência aos Seus mandamentos (5:2, 3), pois “o pecado é a transgressão da Lei” (3:4), que “aquele que diz: ‘Eu O conheço’ e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (2:4). De fato, “sabemos que O temos conhecido por isto: se guardamos os Seus mandamentos” (v. 3).

Por Sua vez, o amor ao próximo resultará em atos condizentes em seu favor (3:17); não há sentido em amar apenas de boca: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (v. 18).

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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Jesus e as Cartas Joaninas - 03/07/2009 a 04/07/2009

Sexta, 3 de julho

Opinião

O fio comum

O interesse em reality shows vem da idéia que, porque não há um roteiro, não se sabe o que vai acontecer. A verdade é que, se você assistir a vários desses shows (mas não vale a pena o esforço), começa a distinguir o mesmo padrão. Tudo começa ótimo, com alguns estranhos numa casa, todo mundo sendo bonzinho e amigo, mas é só eles se sentirem à vontade para você começar a ver as rachaduras abertas por nossa natureza humana.

Esse foi um problema dentro da igreja primitiva. Tudo tinha começado ótimo com novos membros, novas ideias, e uma nova mensagem a partilhar. Mas as pessoas estavam começando a se sentir à vontade. Logo as rachaduras estavam começando a aparecer nessa nova família. João declara em 1 João 1:6: “Se dissermos que mantemos comunhão com Ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade”. Esses novos crentes estavam colocando suas necessidades na frente de Deus e de outras pessoas. João os lembrou de que se eles odiassem seus irmãos e irmãs, andariam em trevas. Ele escreveu a uma respeitada senhora para que tivesse cuidado com os que estão no mundo, enganando os fiéis seguidores de Deus. A terceira carta foi escrita para seu amigo de confiança Gaio, encorajando-o a continuar mostrando hospitalidade aos obreiros itinerantes que estavam sendo maltratados por um líder da igreja.

O fio comum em todas as cartas se encontra em 1 João 4:7 e 8: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.” É como se ele estivesse tentando dizer: “Quando você ama seus irmãos e irmãs como a si mesmo, isso preenche as rachaduras abertas por nossa natureza humana.”

E aqui está o problema com 1, 2 e 3 João e os reality shows. Se seguíssemos o conselho de João e nos amássemos uns aos outros como Deus nos ama, não haveria nenhuma das coisas de mau gosto que as pessoas estão dispostas a fazer só para ser vistas. Muitas vezes fico pensando se aqueles que gostam de usar em seu veículo adesivos mostrando João 3:16 também pudessem colocar 1 João 4:7 e 8 do outro lado. Esse, sim, seria um reality show que valeria a pena assistir!

Mãos à obra

1. Pense numa ocasião em que você tentou contar a um amigo algo incrível que você viu ou experimentou. Seu amigo acreditou prontamente no que você estava dizendo? Ou considerou aquilo fantástico demais para ser verdade? Compare isso com o desafio enfrentado pelos apóstolos ao descreverem sua experiência com Jesus para aqueles que nunca O tinham visto.

2. Faça um desenho ou cartaz sobre o que Jesus significa para você, sem usar palavra alguma.

3. Observe, na natureza, evidências de que Deus é amor. Partilhe suas observações com sua unidade da Escola Sabatina nesta semana.

4. Asse um bolo para sua unidade da Escola Sabatina, no qual você tenha escrito referências bíblicas ao amor de Deus encontradas em 1, 2 e 3 João (ver, por exemplo, 1 João 1:9; 2:5; 3:1; 4:7; 2 João 3; 3 João 6; etc.).

5. Pense em algumas maneiras criativas por meio das quais você pode partilhar o amor de Deus com as pessoas que o cercam.

Cynthia Ward | Medford, EUA

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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Jesus e as Cartas Joaninas - 02/07/2009 a 04/07/2009

Quinta, 2 de julho

Aplicação

Não deste mundo


As três epístolas de João transcendem gerações. Falam a uma igreja em turbulência – perdida, confusa e abundante em hipocrisia. Elas tranquilizam uma igreja jovem que precisa desesperadamente de conselho e que espera fervorosamente a vinda do Senhor. Trazem a esperança da salvação àqueles que permanecem em Cristo e refletem Seu amor. Falam às três igrejas em Corinto. Falam à igreja de hoje.

João nos mostra o modo em que nós, como igreja, devemos agir. Não devemos amar “de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (1Jo 3:18). Contudo, ele fala de pessoas que agem de maneira contrária. É fácil nos tornarmos desiludidos em um ambiente onde as pessoas dizem que estão na luz, mas odeiam seu irmão ou irmã (1Jo 2:9). É frustrante quando vemos falhas na mesma igreja e nos mesmos membros de igreja em que buscamos apoio espiritual.

Como podemos permanecer focados em Cristo e Seu evangelho apesar de todas as distrações que há ao nosso redor? Em suas cartas, João nos mostra como:

1. Não somos deste mundo. Quando encontramos coisas feias nesta vida, precisamos nos lembrar de que elas não vêm de Deus (1Jo 2:16). Muito embora essas coisas possam ser evidentes em nossa própria igreja, não fique desanimado. Isso não é um verdadeiro reflexo de Deus, mas do mundo.

2. Cristo é nosso Advogado. Todos nós falharemos em nossa caminhada com Deus. É da nossa natureza fazer isso. E quando o fazemos, que bênção é saber que Jesus está diante do Pai em nosso favor (1Jo 2:1). Deus nos ama tanto que nos chama de Seus filhos e filhas (1Jo 3:1).

3. Devemos amar acima de tudo o mais. O infinito amor de Deus se manifestou no dom de Seu Filho. Como cristãos, é nosso dever refletir esse amor em tudo o que fazemos (1Jo 4:11). E é esse amor que dá a esperança e a certeza sobre as quais está baseada nossa fé. Ele nos capacita a olhar para além da mesquinhez deste mundo, à salvação e à eternidade com nosso Criador (1Jo 4:17, 18).

Mãos à Bíblia


As epístolas de João não só mostram Jesus sob perspectivas diferentes, dizendo que Ele existe desde o princípio (1Jo 1:1), veio em carne (1Jo 4:2), e permaneceu justo, puro e sem pecado (1Jo 2:1; 3:3, 5); como também enfatizam Seu ministério. Quem é Jesus e o que Ele faz são questões profundamente relacionadas. Negar Sua divindade ou humanidade também significa negar Seu ministério como Salvador e Senhor.

5. O que João nos diz sobre o ministério de Jesus? Que promessas temos por causa do que Jesus fez ou está fazendo por nós agora? (a) 1Jo 1:7; (b) 1Jo 3:8; (c) 1Jo 3:16; (d) 1Jo 5:18

Jezaniah Fowler Kline | Medford, EUA

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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Jesus e as Cartas Joaninas - 01/07/2009 a 04/07/2009

Quarta, 1° de julho

Evidência

Amor


O trio de cartas escritas pelo apóstolo João aborda questões de sua época e retrata uma estrutura para o amor cristão num mundo pecaminoso. Podemos verificar a autoria dessas cartas porque a linguagem e o tom são muito semelhantes aos do Evangelho de João. Há frases e ideologias comparáveis em todos esses quatro livros, e há várias referências à experiência em primeira mão de João como testemunha ocular da vida, morte e ressurreição de Cristo (1Jo 1:1, 7; 4:9, 14; 2Jo 12; 3Jo 12).

Quando João escreveu as três cartas, já era um homem idoso, presumivelmente o último apóstolo vivo. Ele escreveu de Éfeso, uma cidade na província da Ásia. Éfeso (localizada na moderna Turquia) era um local ideal por causa de sua proximidade das sete igrejas da Ásia. Portanto, a correspondência podia ser facilmente enviada, através de amigos de confiança, a partir da encruzilhada que intersectava as igrejas.

João escreveu suas três cartas durante uma época tumultuada na igreja cristã. Jerusalém já havia sido subvertida pelos dominantes romanos anticristãos em 70 d.C. Indivíduos erroneamente esclarecidos tentaram introduzir conceitos incorretos sobre a encarnação e a ressurreição de Cristo. Essas falsas doutrinas e convicções penetraram na fé cristã primitiva. João tinha que tomar medidas decisivas!

Primeiro João é uma resposta direta aos problemas mundanos que envolviam o povo de Deus. O tema, do começo ao fim, é o amor. Quando somos abraçados pelo amor de Cristo, refletimo-Lo perante outros. Também mostramos nosso amor aderindo a Seus mandamentos. João viveu uma vida de amor cristão. Muitas vezes se relata que ele dizia, quando estava velho demais para pregar: “Filhinhos, amem-se uns aos outros... se isso for feito, não é preciso mais nada.”*

Após lermos as três cartas, não podemos deixar de concluir que João emanava o amor de Cristo a outros. Ele desejava dar à igreja cristã primitiva conselhos para evitar as loucuras do pecado. Essas antigas palavras são aplicáveis e muito apropriadas hoje em dia. Ao ponderarmos na guerra, no ódio e nas muitas outras consequências do pecado, precisamos nos lembrar do dom de Jesus à humanidade (1Jo 3:16). Não receberemos Seu amor se não pudermos conceder esse amor à humanidade.

*F. F. Bruce, Bible Commentary (Grand Rapids, Mich., Zondervan Publishing, 1979), p. 1582.

Mãos à Bíblia

4. Jesus é mencionado ao longo de 1 João. Ele é o personagem central desse livro. Quem é Ele, de acordo com a epístola? (a) 1Jo 1:1; (b) 1Jo 1:3; 4:15; (c) 1Jo 2:1; (d) 1Jo 2:22; (e) 1Jo 4:14

Talvez os membros da igreja e os falsos mestres concordassem sobre a natureza divina do Pai. Mas discordavam a respeito da humanidade e divindade do Filho. A questão era se Jesus “havia vindo em carne” (1Jo 4:2) ou não, e se era “o Cristo” (1Jo 2:22).

Mesmo em nossos dias, alguns, inclusive cristãos, pensam que Jesus não passa de um ser humano maravilhoso. No entanto, João é claro: se você tem conhecimento sobre Jesus, mas não O aceita como Messias e Filho de Deus, então você não pode manter um relacionamento de salvação com Deus, o Pai.

Tonya Mechling | Medford, EUA

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terça-feira, 30 de junho de 2009

Jesus e as Cartas Joaninas - 30/06/2009 a 04/07/2009

Terça, 30 de junho

Testemunho

Luz e não trevas


“O Senhor ama Seu povo, e deseja levá-los passo a passo para a frente, sob a bandeira da verdade, que é a mensagem do terceiro anjo. ... Nestes últimos dias temos o benefício da sabedoria e experiência dos séculos passados. Os homens de Deus, santos e mártires, fizeram confissão de sua fé, e o conhecimento de sua experiência e seu ardente zelo em favor de Deus são transmitidos ao mundo nos oráculos vivos. ... Este legado hereditário foi recolhido por testemunhas fiéis, para que a brilhante luz que sobre eles incide, em forma de conhecimento de Deus, iluminasse os que vivem nestes últimos dias; e enquanto apreciam esta luz, prosseguem para o recebimento de cada vez mais. ...

“A Fonte de toda a luz convida-nos ainda para absorver-lhe os raios. A luz não é colocada onde os seguidores de Cristo não possam obter os seus benefícios. Não é excluída do mundo, de modo que seu brilho não possa aumentar, cada vez mais claro e mais abundante, sobre todos os que aproveitaram bem a luz que Deus lhes deu.

“O povo de Deus, nestes últimos dias, não deve preferir as trevas à luz. Devem buscar a luz, esperar luz. ... A luz continuará a brilhar em raios mais e mais brilhantes, revelando cada vez mais distintamente a verdade tal qual é em Jesus, para que corações e caracteres humanos possam aperfeiçoar-se, e ser espancada a treva moral, que Satanás procura trazer sobre o povo de Deus. ... Ao nos aproximarmos do fim do tempo, haverá necessidade de mais profundo e mais claro discernimento, mais firme conhecimento da Palavra de Deus, uma experiência viva, e a santidade de coração e de vida que temos de possuir para servi-Lo” (Ellen G. White, Para Conhecê-Lo [MM 1965], p. 347).

Mãos à Bíblia

3. João nos diz, repetidamente, por que escreveu sua primeira epístola. Quais foram os motivos? (a) 1Jo 1:4; (b) 1Jo 2:12-14; (c) 1Jo 5:13

Todas essas declarações são positivas e afirmativas. Porém, o contexto mostra que devem ser entendidas tendo em vista os sérios problemas existentes nas igrejas a que 1 João foi dirigida. Essa epístola faz declarações fortes sobre falsos mestres. Eles são chamados de anticristos. O termo é encontrado quatro vezes em 1 João e uma vez em 2 João. Além dessas aplicações, não é usado em nenhum outro lugar da Bíblia. Esses anticristos tinham ideias errôneas sobre Jesus Cristo, as quais afetavam o estilo cristão de vida. Naturalmente, João sentiu a necessidade de enfrentar esses ensinos, e fez isso de maneira poderosa e inflexível.

Robin Lovelace | Central Point, EUA

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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Jesus e as Cartas Joaninas - 29/06/2009 a 04/07/2009

Segunda, 29 de junho

Exposição

Somente Jesus


Do ponto de vista literário e de oratória ela é perfeita: uma mensagem complexa escrita com palavras simples; uma mensagem urgente dada em tons suaves. Contudo, a verdadeira beleza de 1, 2 e 3 João é a fonte de sua credibilidade. Usando nada mais que sua experiência, João escreve três breves “memorandos internos” às igrejas de seu tempo – memorandos que foram fundamentais para redirecionar a igreja de volta a seu caminho cheio de propósito.

Denunciá-los (1Jo 1:1, 3, 5-10; 2:1-9). Compreender as cartas joaninas requer um conhecimento básico de gnosticismo. Durante a época de João, essa teologia se tornou tão disseminada que muitos membros da igreja estavam apostatando (1Jo 2:19).

Os gnósticos separam os seres humanos em duas metades distintas – a carne, que é má, e o espírito, que é bom. Isso leva a um questionamento das crenças cristãs:

1. Os gnósticos diziam não ser possível que Deus, o Espírito Perfeito, assumisse a carne, o supremo mal. Portanto, alguns acreditavam que Jesus não tinha qualquer humanidade em Si, e que Seu corpo era uma ilusão. Outros gnósticos acreditavam que a divindade de Jesus residiu em Seu corpo só entre Seu batismo e crucifixão.

João respondeu com uma forte defesa baseada na experiência pessoal. Seu alvo era denunciar o gnosticismo, provando que Jesus era simultaneamente divino e humano. Usando o pronome “nós”, João se referiu aos outros discípulos e a si mesmo como aqueles que ouviram, viram e tocaram Jesus (1Jo 1:1). Esses encontros de primeira mão com Jesus eram suficientemente recentes de se comprovar, porque havia mais de uma testemunha de Sua vida na Terra como homem e Deus encarnado. Muitos dos discípulos que andaram com Ele estavam vivos quando João escreveu, tornando possível que os crentes mais jovens experimentassem vicariamente a mesma coisa que eles haviam experimentado. João os convidou a fazer exatamente isso a fim de que fortalecessem sua fé (1Jo 1:3).

2. Os gnósticos escolhiam um dentre dois estilos de vida extremados. Alguns viviam uma vida hedonista, dizendo que, uma vez que só importa a bondade do espírito, o corpo pode fazer tudo o que quiser. Outros viviam uma vida ascética, dizendo que, já que o corpo é mau, deve-se negar a ele todo prazer.

João respondeu que corpo e espírito não podem ser separados; ambos são partes de uma pessoa, que deve dar contas de seus atos como uma unidade, um indivíduo. A única maneira de distinguir o mal do bem é notar a ausência ou a presença de Deus. Usando a conhecida analogia da luz (1Jo 1:5-10), João escreveu que há dois estilos de vida – um, da luz, que inclui o sangue purificador de Jesus e a comunhão com outros cristãos; o outro, das trevas, em que as escolhas são guiadas pelo eu, e que leva à destruição.

“Há uma prevalência do gnosticismo hoje na igreja moderna e na igreja emergente. Isto é, a crença de que os pecados que cometemos na carne não são realmente tão consideráveis assim, e não afetam significativamente nosso relacionamento com Deus ou com a eternidade. A ideia de que, conquanto os pecados da carne não sejam o desejável, também não afetam muito a eternidade, é apoiada pela ideia de que o que realmente importa é o que ‘cremos’ em nossa mente e ‘sentimos’ em nosso coração.

“Os gnósticos não acham que isto seja possível – fazer morrer o pecado e nos arrependermos do pecado quando ele se revela em nossa vida. Eles estão se esquecendo de que quando estamos em Cristo é como se tivéssemos morrido com Ele e tivéssemos ressuscitado com Ele em novidade de vida, tendo vitória sobre o pecado e a morte. Essa novidade de vida começa imediatamente e a vitória sobre o pecado está imediatamente à disposição e deve começar a produzir resultados. É sobre isso que João está falando. O que fazemos na carne, em e com nosso corpo, importa. Isso revela nosso coração e é um indicativo que mostra se verdadeiramente nos submetemos a Cristo, aceitamo-Lo como Salvador, e permanecemos apenas nEle.”*

Aceitá-Lo (1Jo 2:2). A resposta de João a toda a confusão causada pelo gnosticismo foi simples: olhe para Jesus. Primeiro, para enfatizar que Jesus é tanto divino quanto humano, João fala detalhadamente de Seu papel como nosso Advogado. Depois, chama a atenção para a vida e ensinos de Jesus que iluminam o que as pessoas têm conhecido e praticado ao longo de gerações.

João está dizendo: Eu dou meu testemunho em favor de Jesus, e você também pode fazê-lo! Simplesmente experimente-O, e você poderá ser uma testemunha pessoal. Sabemos que verdadeiro amor por Deus resulta em obediência (1Jo 1:5-7), mas a vida de Jesus na Terra mostra como o amor a Deus resulta em mais do que obediência à lei. Ele nos mostra como o amor entre Deus e os seres humanos é um relacionamento de três vias: o amor de Deus por nós é expresso em perdão; nosso amor por Deus resulta em obediência ao amor de Deus; o fato de Deus e nós partilharmos de um relacionamento íntimo resulta em amor por outros.

João mostra como o corpo e a natureza espiritual são interdependentes; como a fé resulta em atos; como a salvação não pode ser uma crença que é contradita por nosso estilo de vida. Essas epístolas defendem enfaticamente o resultado do incompreensível ato de amor divino ao permitir que Jesus Se tornasse homem e tomasse a cruz do pecado. Deus o fez para que pudéssemos usar Seu poder divino a fim de vencer o mal, de forma que pudéssemos viver divinamente apesar do pecado.

Um Jesus divino Se tornou plenamente humano para que pudéssemos ser “divinos”, sendo humanos.

*“Are you a modern-day gnostic? Maybe you know one.” Domingo, 27 de maio de 2007. Extraído em 14 de abril de 2008 de www.transformeddaily.com
Mãos à Bíblia


2. Que assuntos principais João menciona em sua segunda epístola? 2Jo 1-3; 2Jo 4; 2Jo 5, 6; 2Jo 7-11; 2Jo 12, 13

Em 2 João, o apóstolo expressa gratidão porque os “filhos da senhora eleita” (membros da igreja) andam na verdade. Ele também menciona o amor e a obediência e, então, concentra seu discurso nos falsos mestres que já havia mencionado na primeira epístola. Ele emprega novamente a expressão anticristo. Na conclusão, João expressa o desejo de visitar membros daquela igreja. Ele também transmite saudações. Enquanto 1 e 2 João advertem contra os falsos mestres, 3 João mostra como se deve resolver problemas de liderança na igreja.

Fylvia Fowler Kline | Medford, EUA

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domingo, 28 de junho de 2009

Jesus e as Cartas Joaninas - 28/06/2009 a 04/07/2009

JESUS E AS CARTAS JOANINAS

Apostolo Joao
“E nós vimos e anunciamos aos outros que o Pai enviou o Filho para ser o Salvador do mundo” (1Jo 4:14).

Prévia da semana: João enfrentou os falsos ensinos sem temor, destacando a verdade positiva do sacrifício e da intercessão de Jesus por nós. Nossa compreensão do que Jesus fez se refletirá em bons relacionamentos com outras pessoas.

Leitura adicional: Caminho a Cristo

Domingo, 28 de junho

Introdução
Desde o princípio


Em 1 de julho de 2002, no espaço aéreo alemão, o voo 2937 colidiu com o voo 611. Todos os 71 passageiros a bordo desses dois aviões morreram. Entre os mortos estavam 45 crianças em idade escolar. Talvez o mais lamentável seja o fato de que ambas as aeronaves estavam equipadas com TCAS (da sigla em inglês para Sistema de Alerta e Prevenção de Colisão de Tráfego). Esse sistema de segurança foi planejado para transmitir e receber sinais de TCASs de aeronaves próximas e depois instruir cada piloto sobre como evitar a colisão.

Por algum erro, as duas aeronaves se encontravam em rotas de voo que se intersectavam. Operando dentro de circunstâncias lamentavelmente inadequadas, o controle de voo instruiu o voo 2937 a descer. Com pouco tempo para evitar a colisão, o voo 2937 seguiu as instruções do controle de tráfego aéreo. Essas instruções contradiziam diretamente as instruções do TCAS da aeronave para que ela subisse. O vôo 611 desceu segundo as instruções de seu TCAS, e as duas aeronaves colidiram a 35 mil pés de altura. É angustioso pensar como a tragédia poderia ter sido evitada se ambos os pilotos tivessem seguido as instruções de voo de seus TCASs. Eles haviam recebido as instruções mais confiáveis que tinham à disposição.

Em três curtas cartas à igreja em desenvolvimento, ouvimos o apóstolo João falar com a mesma urgência usada para advertir o piloto do voo 2937.

No tempo de João, como em nosso tempo, abundavam falsos ensinos, e o idoso apóstolo encorajava e admoestava apaixonadamente seus leitores, e até fazia a eles fervorosos apelos. Ele lhes lembrou que estava escrevendo como testemunha ocular; havia visto e tocado Jesus Cristo na carne (2Jo 7). Enfatizou que não estava escrevendo uma teologia nova, mas algo que eles haviam ouvido desde o princípio (1Jo 2:24). Lembrou-lhes ainda que essa mensagem enfatiza o amor de uns para com os outros e envolve o amor a Deus, que se manifesta na obediência a Seus mandamentos.

João deseja que todos os cristãos, em todos os tempos, compreendam que o que ele está escrevendo é fundamental para nossa caminhada com Cristo. “Por isso guardem no coração a mensagem que ouviram desde o começo. Se aquilo que ouviram desde o começo ficar no coração de vocês, então viverão sempre unidos com o Filho e com o Pai” (1Jo 2:24). Essa mensagem, que nos foi dada desde o princípio, é ainda mais vital do que as instruções dadas por qualquer TCAS. As lições deste trimestre se concentrarão nessa mensagem tão importante.

Mãos à Bíblia

1. O mesmo estilo e vocabulário parecem indicar que o autor de 1, 2 e 3 João é o mesmo. O que essas três epístolas nos dizem sobre ele? Procure perceber algumas das palavras que ele usa para aqueles a quem se dirigiu nas epístolas. 1Jo 1:1-3; 2:1, 18; 4:4; 2Jo 1, 12; 3Jo 1, 13, 14

A semelhança íntima das frases e temas com o Evangelho de João, bem como o testemunho dos Pais da Igreja, revelam que o autor delas foi o apóstolo João.

Gayle Hill | Medford, EUA

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