sábado, 31 de outubro de 2009

Das Reclamações à Apostasia - 31/10/09 a 31/10/09

DAS RECLAMACOES A APOSTASIA
Resumo Semanal - 25/10/2009 a 31/10/2009

Diogo Cavalcanti,
bacharel em Teologia e Jornalismo
Editor
Associado na Casa Publicadora Brasileira

Está na moda reclamar. Reclamamos de produtos com defeito, mau atendimento, serviços decepcionantes, atrasos de entregas, e com razão. Essa é uma atitude esperada quando se quebra uma relação contratual, comercial ou mesmo afetiva. Uma parte se queixa da outra, por não ter cumprido o combinado, ou por não tê-lo feito completamente.

Na lição desta semana, que trata de Números 11–14, notamos que o povo de Israel murmurou (reclamou) intensamente contra Deus no deserto. Todavia, veremos que eram murmurações ilegítimas e mereciam a indignada reação de Deus.

Buscaremos compreender o que estava por trás dessas murmurações, por que elas foram tão graves aos olhos do Senhor e o que os israelitas perderam com isso. Acima de tudo, veremos a importância de um senso de gratidão e confiança na direção divina, mesmo em meio aos nossos desertos pessoais.

O pecado da ingratidão

“Queixou-se o povo” – é assim que começa o capítulo 11 de Números. No texto não está expressa a razão específica da reclamação; queixavam-se de sua “sorte” (ARA), de “suas dificuldades” (NVI).1

Logicamente, o deserto não era um ambiente recomendável para se fincar uma tenda. Todavia, o Libertadorda nação não prometeu um teletransporte para Canaã. Era necessário que chegassem lá pelas próprias pernas. E o Senhor usou essa jornada como um “processo de disciplina”2, uma aprendizagem de virtudes celestiais e esquecimento dos costumes egípcios. Na caminhada, eles precisavam exercer fé e um senso de dependência de Deus que um oásis não lhes permitiria.

Contudo, como vimos nos capítulos anteriores de Números, Deus estava mais do que presente entre o povo. Qualquer reclamação sobre alguma ameaça à integridade física da nação seria completamente infundada, pois não lhes faltava alimento, água ou saúde. A vida não era fácil na areia quente, mas não era e nem é impossível, tanto que os beduínos se adaptam bem ao deserto até hoje, constituindo cerca 10% da população do Oriente Médio.3 Além disso, a jornada era suavizada pelo cuidado divino.

Em vez de se alegrarem com a Providência que os libertara e sustentava, deram lugar ao descontentamento. Poderiam raciocinar que a travessia seria passageira: segundo o plano divino, em poucos dias, já adentrariam a Terra Prometida. Qualquer sacrifício seria grandemente recompensado pouco depois. Contudo, muitos se entregaram à insatisfação e ao desânimo.

A reação divina foi imediata e letal. Fogo irrompeu nas “extremidades do acampamento” (NVI) – um fogo que não tinha o que queimar no deserto, a não ser as murmurações injustas, ingratas e irracionais. Era um fogo justo 4, visto que:

a) Não era a primeira vez que os israelitas murmuravam (Nm 14:22). Já o haviam feito desde a travessia do Mar Vermelho, mas Deus os havia tolerado por Sua misericórdia e porque Se compadeceu de sua “ignorância e cegueira”;

b) Uma aliança havia sido feita com eles no Sinai. Deus era oficialmente o Rei da nação, e as murmurações constituíam um ato de rebelião contra Ele;

c) Essa rebelião consciente deveria ser punida com severidade, “para que Israel fosse preservado da anarquia e ruína”.

O fogo surgiu onde as murmurações provavelmente começaram: pelas extremidades, onde os “estrangeiros”5 habitavam.6 O povo “clamou a Moisés”, que orou a Deus e o fogo se apagou. O lugar foi chamado de Taberá, “lugar de fogo”7, nome que provém de um verbo hebraico que significa “queimar”, “consumir”, “exterminar”.8

Logo em seguida, os estrangeiros tornaram ao murmúrio, que se espalhou entre os próprios israelitas. Passaram a chorar de saudades das carnes, peixes, pepinos, melancias, “alhos porós” (NVI) [ou cebolas (BJ­)] e dos alhos que comiam no Egito (Nm 11:5). Faziam-no “em particular, em suas tendas, e também publicamente, ocupados em seus trabalhos e atividades diárias”.9 Ou seja, seu passado de escravidão lhes parecia melhor do que a presente liberdade no deserto, contanto que o estômago estivesse cheio. Como Esaú, trocavam sua herança pela comida (Gn 25:34). Ao mesmo tempo, desprezaram o maná, alimento que não provia um banquete, mas também não tinha gosto ruim. O maná era um alimento versátil e saboroso (Nm 11:7-9; Êx 16:23). Além disso, também se alimentavam de produtos de origem animal (Dt 32:14).

É evidente que os israelitas não reclamavam de uma carência real ou justificável. Parodiando, Deus lhes oferecia um guarda-Sol no deserto, mas eles queriam ar condicionado. Sua murmuração provinha de caprichos e paixões descontroladas. Assim como a deles, nossa disposição moral para o bem é fraca (Mt 26:36), fazemos orações egoístas 10 (Tg 4:3) e facilmente cedemos ao desânimo, que se materializa em reclamações injustas contra Deus, a igreja e seus líderes. Lembremos também de que a influência má de uns poucos pode contaminar um grande grupo. Por isso, devemos cultivar o hábito de agir corretamente por nós mesmos.

Precisamos ter consciência de que atravessamos um deserto passageiro, e que nossas lutas são recursos que podemos aproveitar para nosso crescimento na graça. Em meio ao nosso deserto, devemos cultivar o sentimento de gratidão a Deus por Sua providência nas pequenas e grandes coisas.

Pressões na liderança


A ira divina se acendeu “grandemente” contra os israelitas, e Moisés passou a reprovar... a Deus! (Nm 11:10). Apesar de ser homem humilde na maior parte do tempo (Nm 12:3), sua impaciência aflorou, e ele passou a questionar o Senhor e a reclamar do peso da liderança (v. 11-14); chegou a pedir a morte! (v. 15). Isso demonstra que até os mais consagrados servos de Deus no passado tiveram suas falhas.

De certa forma, o relato da impaciência de Moisés é um consolo para cristãos atribulados pela culpa. Não podemos nos cobrar impecabilidade (1Jo 1; 10). Porém, isso não justifica o erro. Momentos negativos como esse devem ser exceção na vida cristã. O relato também é uma evidência de quanto sofrimento desnecessário o povo de Deus causa aos seus líderes, o que torna o trato com os membros da igreja, em “muitos” casos, “insuportável”.11

Yahweh passou por alto o desabafo de Moisés: ordenou a escolha de 70 anciãos para dividirem com ele as responsabilidades pelo povo. Para desempenhar a tarefa e como sinal de que haviam recebido autoridade, começaram a profetizar, o que “pode significar levantar a voz em louvores”.12


Em seguida, com justa indignação nas palavras, Deus ordenou que o povo se preparasse para comer carne “não um dia, nem dois... nem ainda vinte, mas um mês inteiro”, até que saísse pelo nariz! (v. 19 e 20).

Novamente atrevido, Moisés questionou a capacidade divina de realizar tal milagre (v. 21), e Deus o desafiou a ver que Sua palavra se cumpriria (Nm 11:23). Ele fez soprar um vento que “trouxe as codornizes do mar” (v. 31a). As codornizes euro-asiáticas são animais de 20 cm a 25 cm de comprimento, e pertencem à família dos faisões e perdizes. São voadoras, e fazem grandes migrações.13

Moisés se havia esquecido de que Deus já tinha feito esse milagre (Êx 16:13; Sl 105:40) e que poderia repeti-lo com maior intensidade: “As aves se espalhavam pelo arraial quase caminho de um dia sobre a terra” (v. 31b). Segundo Gleason Archer, a expressão “fez passar” indica que “o vento forçou” as aves a passarem por uma altura suficiente (cerca de um metro) para que os israelitas pudessem capturá-las 14. Árabes capturavam codornizes dessa maneira no início do século XX. 15 Champlin afirma que muitas delas, devido ao cansaço da migração e da luta contra o vento, poderiam até ter caído no chão. 16

O povo recolheu codornizes por um dia e meio (v. 32), cerca de dez ômeres por pessoa (algo entre 1,9 mil e 2,2 mil quilos). 17 Mal começaram a comer, uma “praga terrível” os atingiu (v. 33). A violenta reação divina pode ter pelo menos duas explicações: a primeira, que parece forçar o texto, proposta por Samuel Schultz – os israelitas se adiantaram e comeram as codornizes sem as cozinharem 18; a segunda, que não exclui totalmente a primeira, é mais coerente – os israelitas pecaram especialmente por “desejarem a comida dos egípcios” (v. 34), porque cobiçaram as coisas más (1Co 10:6) e por duvidarem do poder divino (Sl 78:19-21). O nome do local da praga, Quibrote Taavá, “tumbas de concupiscência” 19, parece confirmar a segunda explicação.

Conflito familiar


Assim como o capítulo anterior, Números 12 começa com murmurações, não do povo, mas de duas das pessoas mais próximas a Moisés: seus irmãos Arão e Miriã. O cansado líder foi pego de surpresa. Ambos “eram favorecidos com o dom de profecia e, por determinação divina, tinham estado ligados a Moisés no livramento dos hebreus.”20 Abaixo de Moisés, Arão e Miriã eram os representantes de Deus (Mq 6:4). Arão, três anos mais velho que Moisés (Êx 7:7), foi escolhido por Deus para ser seu porta-voz nas comunicações com o faraó e com o povo (Êx 10:8, 16; 16:10); mais tarde, foi escolhido como chefe de uma dinastia sacerdotal (Êx 28:1). Além de tudo, Arão sabia o que era suportar a murmuração (Êx 16:2), mas agora fazia o mesmo contra seu irmão.

Miriã havia desempenhado um papel chave em favor de Moisés, protegendo-o quando bebê (Êx 2:4); também era “abundantemente dotada de dons de profecia e música”, tinha “força de caráter” e, “nas afeições do povo e nas honras do Céu, ela estava apenas abaixo de Moisés e Arão”. No entanto, o mesmo pecado que provocou desentendimento no Céu era alimentado em seu coração.21

O texto indica que Miriã iniciara a murmuração, acusando Moisés por ter se casado com uma “cusita” (pertencente à linhagem de Cuxe, neto de Noé – Gn 10:6, origem associada à Etiópia22). Ou seja, Miriã acusava Moisés de ser casado com uma não israelita, o que comprometia sua autoridade. No entanto, os laços de Zípora, a esposa de Moisés, com o verdadeiro Deus eram inegáveis. Ela era uma descendente de Midiã, filho de Abraão com Quetura (Gn 25:1-4). Seu pai, Jetro, era “sacerdote” de Deus (Êx 3:1; 18:1, 12). De forma nenhuma era uma estranha à adoração do Senhor.

Na verdade, o que estava por trás da acusação de Miriã e Arão era que as últimas decisões estavam sendo tomadas sem sua consulta – a escolha dos 70 anciãos, por exemplo. Alegaram que o Senhor também falava por meio deles, indicando que tinham direito de questionar Moisés (Nm 12:2). A acusação referente à esposa de Moisés era apenas uma “cortina de fumaça”23 por trás da qual se escondiam ciúmes e o desejo de supremacia.

Apesar de ter sido usada por Deus em momentos anteriores, Miriã cometeu um gravíssimo erro e influenciou negativamente a Arão. Moisés se calou, pois era “manso” (ARA). 24Deus “ouviu” essas murmurações e chamou os três irmãos para fora da “tenda da congregação”. Ali, vindicou a liderança de Moisés, afirmando que, com ele, a comunicação era “boca a boca” (ARA), “face a face” (NVI) e os questionou por terem se atrevido a criticá-lo (Nm 12:8).

Logo, ambos perceberam a gravidade de seu erro: Miriã ficou coberta de “lepra” (poderia ser qualquer doença de pele), e provavelmente nem conseguia falar; Arão clamou por misericórdia. Moisés, então, se pronunciou pela primeira vez em oração, em favor de Miriã. Deus respondeu que não a ferira para morrer; a “lepra” duraria sete dias, permanecendo como uma lição sobre a gravidade de ter acusado seu irmão e líder de Israel.

O inimigo usa as pessoas mais próximas a nós para nos prejudicar. No entanto, como Moisés, precisamos exercer o silêncio nos momentos certos e responder às agressões com paciência, “vencendo o mal com o bem” (Rm 12:21). A rebeldia de Miriã e Arão é um exemplo de quão grave é atacar um líder escolhido por Deus e de como servos fiéis de Deus podem cair, quando se deixam dominar pelo desejo de exaltação própria.

Na fronteira


No capítulo 13, descrevem-se os fatos que compõem o clímax de uma onda de murmurações e incredulidade que teriam consequências trágicas para toda uma geração de israelitas. À beira da morte, Moisés relembrou que a ideia de enviar espiões para Canaã tinha sido dos líderes do povo (Dt 1:22). Em Sua sabedoria, Deus lhes atendera o pedido, ordenando a escolha de um príncipe por tribo. 25 Sua missão era percorrer toda a região da Palestina para verificar os aspectos topográficos, demográficos, econômicos e militares.

Moisés lhes dera recomendações adicionais: “Sejam corajosos! Tragam fruto da terra” (v. 20 – NVI). Após os quarenta dias de espionagem, nota-se que a segunda recomendação foi obedecida, pois trouxeram um enorme cacho de uva. A primeira, no entanto, foi obviamente ignorada. Começaram seu relatório elogiando a terra laconicamente, não enfatizando nenhuma característica positiva adicional. Após breves palavras de elogio, pronunciaram um triste mas – “mas o povo que lá vive é poderoso, e as cidades são fortificadas e muito grandes” (v. 28).

A notícia caiu como um balde de água fria sobre uma frágil chama de fé e esperança. Os rostos alegres dos israelitas logo se desfiguraram. O pêndulo da emoção foi da expectativa para um profundo desapontamento. Todos começam a gritar até que Calebe pediu silêncio para dizer palavras de encorajamento: “Subamos e tomemos posse da terra. É certo que venceremos!” (v. 30) Por sua vez, os demais príncipes tomaram a palavra, decretando uma derrota de antemão (v. 31 e 32). Na invasão a Canaã, descrita no livro de Josué, percebe-se que poucos eram gigantes e que a terra não devorava seus moradores. Os espias haviam mentido. Calebe e Josué eram a voz da razão baseada na fé. Ainda hoje, Deus precisa de pessoas como Calebe e Josué, que sejam firmes pelo que é certo.26

O grande problema do relato dos espias incrédulos foi terem retirado Deus do cenário. “Julgavam as coisas pelo que viam, mas não com a fé”. 27 Era evidente que, por seus próprios recursos, o povo não conseguiria vencer os cananeus. Nem armas tinham! No entanto, eles não enxergavam o General que jamais perdeu uma batalha e que ia adiante deles. Esqueciam-se de que Deus os libertara do Egito, uma nação mais poderosa do que todos os cananeus juntos. Suas justificativas racionais excluíam o Deus que os acompanhava. Da mesma forma nós, cristãos do século XXI, muitas vezes falamos e agimos como se Deus não estivesse no cenário e tudo dependesse exclusivamente de nós. A qualidade fundamental do cristão, segundo Jesus, é a capacidade de se deixar guiar, como uma criança (Mt 18:3). Aos espias e ao povo faltou essa confiança em Deus, e o resultado foi desastroso.

De volta ao Egito


Cegos diante da própria loucura, todo o povo “chorou em alta voz” durante toda aquela noite (Nm 14:1). E fizeram queixas horríveis, dizendo que: a) preferiam morrer no Egito ou no deserto; b) Deus tinha o objetivo de fazê-los morrer em combate; c) suas mulheres e filhos seriam tomados como prisioneiros de guerra; d) seria melhor voltar ao Egito (v. 2-3). Desprezando a liderança de Moisés e do Senhor, chegaram a escolher um capitão para voltar à terra de escravidão (v. 4).

A multidão estava descontrolada. Em angústia, Moisés e Arão se prostraram (v. 5). Corajosamente, Josué e Calebe rasgaram suas vestes (um gesto de “profunda consternação e tristeza 28) e fizeram o último apelo ao povo, manifestando a confiança no poder de Deus para colocá-los em Canaã, logicamente dependendo de o povo se arrepender daquela rebeldia e de o Senhor Se agradar deles. Afirmaram que os cananeus estavam desamparados, não deveriam ser temidos, pois seriam devorados “como pão” (v. 8 e 9). Desde a promessa a Abraão, os cananeus tiveram quatro gerações de misericórdia, e naquele momento já haviam atingido o limite de tolerância divina à iniquidade (Gn 15:6). O povo de Israel seria usado como instrumento de juízo, assim como o fogo foi empregado em Sodoma e Gomorra (Gn 13:13; 19:24).

Ainda mais enlouquecida, a multidão começou a falar em apedrejar 29 os dois fiéis servos de Deus, quando a glória divina irrompeu na “tenda da congregação” (ARA), ou “tenda do encontro” (NVI). Deus, então, falou diretamente a Moisés sobre Sua indignação com o povo que O tratava “com pouco caso” e se recusava a crer nEle, apesar de todos os milagres realizados até então (v. 11). A punição seria a imediata destruição de todo o povo; Moisés seria o pai de uma nova nação.
Ao ouvir isso, Moisés intercedeu pelos israelitas, confiante na misericórdia divina. 30Deus ouviu Seu servo, concordou em poupar os israelitas, mas os condenou a serem vítimas de suas próprias palavras: a) como diziam preferir morrer no deserto a entrar em Canaã, isso ocorreria; b) como diziam que as mulheres e filhos seriam presas dos cananeus, somente os de 20 anos ou menos entrariam na Terra Prometida. Aqueles que não murmuraram, como Calebe e Josué, bem como as crianças e jovens, sofreriam pelos erros dos demais. Ao longo de 40 anos vagueariam pelo deserto, cada ano por um dos 40 dias de espionagem em Canaã.
Subitamente, os 10 espias traidores foram mortos por uma praga divina, e todo o povo percebeu quão insanos tinham sido. Seguiu-se uma segunda madrugada de choro, diferente da primeira – um remorso por terem desperdiçado a chance de entrar em Canaã em poucos dias e por amargarem a perspectiva de toda uma vida na areia quente. 31 Todavia, para muitos, as lágrimas não eram fruto de um arrependimento sincero. Desobedecendo novamente a Deus, decidiram lutar pelas próprias forças contra os cananeus – uma loucura muito maior do que a primeira, pois não tinham o amparo do Senhor. O resultado foi uma vergonhosa derrota (v. 40-45). A desobediência insistente prejudica ainda mais a vida humana.

Conclusão


Um homem viu um garoto rabiscando uma folha de papel, e perguntou:
– O que você está desenhando?
– Estou fazendo um desenho de Deus.
– Você não pode fazer isso, porque ninguém sabe como Deus é.
– Quando eu terminar, as pessoas saberão – respondeu o menino, todo confiante. 32

Muitos tentam pintar Deus de acordo com suas próprias concepções, mas o Deus dos israelitas no deserto não mudou (Ml 3:6; Hb 13:8). O Senhor sempre terá aversão ao pecado e a toda sorte de injustiça e murmurações (1Co 10:10). Por outro lado, Sua misericórdia nos convida a refletir e a mudar nossa vida. Como herdeiros espirituais dos israelitas do deserto, precisamos aprender com seus erros e acertos, para renovarmos nossa vida cristã (1Co 10:16).

Somos o “povo do advento”, que segue por um “caminho reto e estreito” em direção à cidade. Uma luz brilha à nossa frente e outra, por trás. Alguns desanimam, outros perseveram. 33 Assim como os israelitas, temos um deserto a atravessar, mas uma Canaã celestial para adentrar. Por isso, precisamos conservar nosso foco em Deus, acima de todas as dificuldades e nos manter firmes no caminho, sem desânimo nem dúvida. Nosso dever é estar ao lado daqueles que mantiveram firme sua fé, como Moisés, Josué e Calebe, sempre agindo pelo que é certo e não cedendo às pressões do grupo. Precisamos também cultivar um coração agradecido a Deus por Suas bênçãos e cuidado ao longo da caminhada.

1. Foram utilizadas siglas para indicar as versões bíblicas utilizadas: ARA (Almeida Revista e Atualizada), NVI (Nova Versão Internacional) e BJ (Bíblia de Jerusalém).
2. White, Ellen. Patriarcas e Profetas. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001. CD-ROM. p. 378.
3. Disponível em: . Acesso em 21 de outubro de 2009.
4. White, p. 379.
5. “O termo hebraico assim traduzido [“estrangeiros”] é ‘asapup, que se acha apenas aqui em todo o Antigo Testamento. O termo tem o sentido básico de ‘coleção’, pois estavam em foco aquelas pessoas que haviam sido ‘coletadas’ ao longo do caminho, pessoas indesejáveis, que não pertenciam ao povo de Israel (...) No Egito, muita outra gente vivia escravizada, e escravos de outras raças que tinham se aproveitado da emancipação dos israelitas para escaparem. Outros podem ter sido meros aventureiros que estavam procurando uma oportunidade para fugir. E também havia meros descontentes, talvez até alguns egípcios que buscavam fortuna (...) Pessoas dessa natureza seriam as primeiras a murmurar; mas é tolice pensar que a murmuração não foi generalizada. Outra palavra está por trás do nome ‘ereb, ‘multidão mista’, que se vê em Êx 12:38; Ne 13:3. Mas a mesma gente está em pauta.” Champlin, R. N. O Antigo Testamento Interpretado. São Paulo: Candeia, 2000. 1ª edição. 1:641.
6. Nichol, Francis D. (ed.) e outros. Comentario Bíblico Adventista Del Septimo Dia. vol 1. Buenos Aires: Casa Editora Sudamericana, 1992. 1:874. Há mais informações sobre os “estrangeiros” em Ex 12:38; Dt 29:11; Js 8:35.
7. Champlin, p. 641.
8. Ibid.
9. Ibid., p. 642
10. Ibid.
11. Uma leitura bem humorada e descontraída sobre a relação do ministro com sua congregação pode ser obtida em: Groeschel, C. Confissões de um pastor. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. 1ª edição. p. 17. O primeiro capítulo tem como título “Muitos cristãos são insuportáveis”.
12. Champlin, 642. cf. Harper (ed.) e outros. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. 1ª edição. p. 346.
13. Horn, Siegfried (ed.) e outros. Diccionario Bíblico Adventista Del Séptimo Dia. 1ª edição. Buenos Aires: Associação Casa Editora Sudamericana, 1995. p. 238.
14. Gleason, Archer Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova. 2000. 3ª edição. p. 168.
15. “No começo deste século, os árabes que viviam nas circunvizinhanças de El-Arish, ao norte do Sinai, costumavam caçar entre um e dois milhões de codornizes durante a migração do outono, em redes espalhadas para pegar as aves que voavam baixo. Gispen, W. H. Comentar op het Out Testament – Het boek Numeri I-II, 1959, 1964. In Wenhan, G. J. Números. São Paulo: Vida Nova; Mundo Cristão, 1985. 1ª edição. p. 116.
16. Champlin, p. 646.
17. Ibid.
18. Schultz, S. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000. p. 77.
19. Ibid.
20. White, p. 382.
21. Ibid.
22. “Cuxe normalmente se refere à Etiópia”. Wenhan, p. 117.
23. Ibid.
24. A melhor tradução de ‘anaw seria “humilde”; não “manso”. Wenhan, p. 118.
25. White, p. 387.
26. “Deus precisa de Seus homens em momentos de crise (...) Ele [o servo de Deus] quererá fazer o que é certo, apesar dos votos em contrário.” Champlin, 654. Vale relembrar a clássica citação de Ellen White: “A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” White, E., Educação. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001. CD-ROM. p. 57.
27. Champlin, p. 652.
28. Ibid., p. 653.
29. “Isto não é apenas um linchamento executado pela multidão (...) a congregação tinha autoridade judicial, e o apedrejamento era reservado para a punição de crimes religiosos importantes (...) e pecados contra a família (...) Josué e Calebe os haviam acusado de se rebelarem contra o Senhor (v. 9); a congregação rejeitou essa acusação como falsa, e propôs que se executasse a pena apropriada para falsas testemunhas.” Wenhan, p. 128.
30. “Moisés fez o seu apelo com base na compreensão que tinha do amor divino.” Champlin, p. 655.
31. Os israelitas choraram pela “tristeza de serem punidos”. Harper e outros, p. 352.
32. Lutzer, Erwin. 10 Mentiras sobre Deus. São Paulo: Vida, 2001. p. 15.
33. A primeira visão de Ellen White tem que ver com o povo do advento, que segue por um caminho estreito e perigoso. Há paralelos claros entre essa visão e as experiências dos israelitas descritas em Números. Veja: White, E. Primeiros Escritos. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001. CD-ROM. p. 14-24.

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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Das Reclamações à Apostasia - 30/10/09 a 31/10/09

Sexta, 30 de outubro

Opinião
A síndrome da palavra com "E"


Após terem estado em escravidão por 400 anos (Gn 15:13), a murmuração e a reclamação se tornaram um modo de vida para os israelitas. Estava no passado a época em que era uma alegria refletir as características de Deus para os não-crentes do Egito. Os ensinos sobre um Messias vindouro haviam se tornado remotos na mente tanto de jovens quanto de idosos. Contudo, era desejo de Deus chamar a atenção deles de volta para Si. Através de Seu servo Moisés, um tipo de Cristo, e do santuário, que era um modelo do santuário celestial, Deus desejava que Seu povo soubesse que havia só um caminho, e que esse caminho era através do Messias.

A síndrome da palavra com “E” (egoísmo) havia feito com que os israelitas se tornassem ambiciosos e perigosamente auto-suficientes. Haviam se tornado independentes de Deus, voltando as costas às Suas leis. Ironicamente, achavam que era Deus que os havia abandonado.

O arquienganador murmurou e reclamou a respeito da posição de direito que Jesus ocupava no Céu; como resultado, instigou rebelião e apostasia entre um terço dos anjos (Ver Ellen G. White, História da Redenção, p. 13-17). A murclamação (um misto de murmuração com reclamação) exige mais esforço do que simplesmente ouvir a Deus. É como fazer carranca quando poderíamos estar sorrindo. Deus sentia tanto a falta de seu povo que tudo o que Ele desejava era reconciliá-lo consigo através de Jesus. A murclamação deles era um indicativo de que rejeitariam a Jesus em Sua primeira vinda.

Só acuse alguém aquele que nunca murclamou.... Eu achei que não poderia fazê-lo. Achamos que é nosso dever “massacrar” os israelitas, mas será que somos diferentes? Pense nisso. Murclamamos se uma pessoa canta desafinado ou se a lição da escola sabatina não foi explanada da maneira como achamos que deveria. A murclamação faz com que nos tornemos escravos do diabo. Provérbios 6:16 diz: “Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que Ele detesta” (NVI). Cinco delas são causa de murclamação (veja os versos 17 a 19). O inimigo havia conseguido fazer que os israelitas achassem que tinham direitos. Assim, chegaram a acreditar que podiam existir sem as leis de Deus, esquecendo-se de que a murclamação contra Ele leva ao caos e à anarquia. A síndrome da palavra com “E” é uma via de mão única. Satanás diz: “Eu”; Deus diz: “Nós”. São necessárias duas pessoas para fazer as coisas ao modo de Deus – Jesus e eu.

Mãos à obra

1. Coloque-se no acampamento israelita com Moisés e o restante de seus parentes. Faça anotações de diário para os seguintes dias: Êx 14:5-31; 15:22-25; 17:1-7; 32:1-35 (presumindo que você tenha sobrevivido).
2. Adapte o Cântido de Livramento de Êxodo 15 à obra de Deus em sua vida.
3. Conte para um amigo de confiança uma ocasião em que você recentemente se rebelou contra Deus e como Ele mostrou Seu amor por você a despeito disso.

Donna Dennis | Grand Cayman, Ilhas Cayman

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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Das Reclamações à Apostasia - 29/10/09 a 31/10/09

Quinta, 29 de outubro

Aplicação

Estar contentes


Nesta semana, temos visto como a constante reclamação fez com que uma geração inteira de israelitas perdesse a vida no deserto, perdendo igualmente a terra prometida (Números 11 a 14).

A reclamação é resultado de se estar descontente com circunstâncias que geralmente estão além de nosso controle. Sempre parece muito difícil evitar fazer observações que expressem contrariedade, pois fazê-lo é parte de nossa natureza humana pecaminosa. O triste na reclamação é que ela raramente melhora a situação, mas muitas vezes a piora.

Exatamente como os filhos de Israel, as pessoas hoje têm grande tendência de fazer estardalhaço por muitas coisas. Como seres humanos, às vezes reclamamos quando não conseguimos o que queremos, quando as pessoas ao nosso redor parecem estar muito melhores do que nós, e por uma série de outras razões. Eis aqui alguns passos que podem nos ajudar a mudar o rumo de nossa natureza resmungona:

Aprenda a estar satisfeito com suas capacidades e posses (Fp 4:10-12). Paulo nos lembra que devemos estar contentes, não importa qual seja nossa situação – quer estejamos num apuro, quer as coisas estejam indo bem.

Sempre mantenha uma atitude de gratidão (Sl 105:1). Dar graças é uma das melhores maneiras de contrabalançar o espírito de descontentamento. Conte suas bênçãos e dê graças a Deus por todas as coisas com as quais Ele tem abençoado você, mesmo aquelas que parecem insignificantes. Fazer isso deixará você com bem poucas coisas sobre as quais reclamar.

Não compare sua situação com a de outras pessoas. Elas têm suas próprias falhas. Em vez disso, identifique suas próprias faltas e acredite que Jesus vai ajudar você a removê-las de sua vida.

Mãos à Bíblia

7. Leia Números 14. Qual é a lição espiritual mais poderosa e importante que você pode tirar dessa história? Você sempre faz o mesmo?

Entre todas as coisas horríveis que eles disseram, talvez a pior tenha sido a de escolher um capitão e voltar para o Egito (v. 3, 4). Quando consideramos que o Egito simbolizava a escravidão do pecado, da morte, da alienação de Deus, ter o povo agido como agiu, depois de libertação tão incrível, foi indesculpável.

8.
Como vemos revelada aqui a misericórdia e graça de Deus com esse povo que se rebelou abertamente contra Ele?

Michael-Henry Parchment | Grand Cayman, Ilhas Cayman

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Das Reclamações à Apostasia - 28/10/09 a 31/10/09

Quarta, 28 de outubro

Evidência

Pessoas antigas, lições modernas


Há evidências arqueológicas de que os israelitas fizeram uma jornada de 40 anos pelo deserto? Tem havido poucas descobertas na Península do Sinai que apoiem o relato bíblico de que 600 mil homens e suas famílias passaram todos esses anos ali. Contudo, alguns eruditos apontam essa própria falta de descobertas arqueológicas como evidência da exatidão histórica do relato. Até em tempos modernos, nômades beduínos deixam pouca ou nenhuma evidência de sua existência ao se mudarem para outro local. Então, por que deveríamos esperar encontrar vestígios de grandes acampamentos após se terem passado três mil anos?

Conquanto possamos não ter as evidências concretas que gostaríamos, há muito a aprender da narrativa bíblica. Ler Números 11 a 14 nos faz lembrar de pais lidando com filhos teimosamente desafiadores. Os israelitas haviam afirmado repetidamente que seriam obedientes (Êx 19:7, 8; 24:3, 7). Quando avançamos um pouco à frente, porém, vemo-los reclamando que não tinham carne para comer (Nm 11:4). E isso ocorreu após a miraculosa provisão diária de maná. Tive que rir da resposta de Deus: “Vocês querem carne? Eu lhes darei carne até que ela saia pelo nariz de vocês!” (Nm 11:18-20, paráfrase minha).

Vez após vez, Deus teve que disciplinar Seu povo. A punição final foi que os que se queixavam foram barrados da terra prometida, e uma viagem de 11 dias se transformou em 40 anos. No fim de suas vagueações, não foi permitido que ninguém que tivesse acima de 60 anos entrasse em Canaã. A única exceção foram Calebe e Josué, que haviam demonstrado fé no Senhor quando outros não o fizeram. Que triste comentário sobre um povo que havia visto o incrível poder de Deus manifestado tantas vezes!

É fácil olhar para trás, às experiências deles, e censurar as escolhas que os israelitas fizeram. Contudo, a experiência deles deve servir de lembrete de que não estamos imunes às forças do mal que nos tentam a murmurar e reclamar – nem em meio às grandes evidências de direção e provisão de Deus. O único remédio é nos apegarmos a Deus e nos revestirmos de Sua armadura (Ef 6:11).

Mãos à Bíblia

Provavelmente, transcorria o mês de setembro; os vinhedos estavam amadurecendo e a segunda colheita de figos havia completado o amadurecimento. A migração dos israelitas havia levado apenas cerca de 11 dias para chegar a Cades-Barneia, próxima à fronteira sul de Canaã. Só podemos imaginar as tremendas ondas de alegria e felicidade que atravessavam a imensa multidão quando se aproximava do objeto de seus sonhos.

5. Que erro o povo cometeu nessa ocasião? Dt 1:19-23

6. Leia Números 13 e responda às perguntas a seguir:

Embora o Senhor houvesse concordado em deixar que eles enviassem espias, por que esse foi um meio-termo? Quais foram os frutos desse meio-termo?

O que a reação da maioria revela sobre o povo, mesmo depois das poderosas manifestações do poder divino?

Abigail Blake Parchment | Grand Cayman, Ilhas Cayman

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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Das Reclamações à Apostasia - 27/10/09 a 31/10/09

Terça, 27 de outubro

Testemunho

Obediência à vontade de Deus


“Deus tirou do Egito os israelitas para que os pudesse estabelecer na terra de Canaã como um povo puro, santo e feliz. Para a realização deste objetivo, sujeitou-os a um processo de disciplina, tanto para o seu bem como para o bem de sua posteridade. Estivessem eles dispostos a vencer o apetite, em obediência às Suas sábias restrições, e teriam sido desconhecidas entre eles a fraqueza e a moléstia” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 378).

“Um bando de estrangeiros que havia no meio deles encheu-se de gula, e até os próprios israelitas tornaram a queixar-se, e diziam: ‘Ah, se tivéssemos carne para comer!’” (Nm 11:4).

“Deus poderia tão facilmente tê-los provido de carne como de maná; impôs-lhes, porém, uma restrição, para seu bem. Era Seu propósito supri-los de alimento mais adaptado às suas necessidades do que o regime estimulante a que muitos se haviam acostumado no Egito. O apetite pervertido devia ser posto em uma condição mais saudável, a fim de que pudessem usar o alimento originariamente provido ao homem: os frutos da Terra, que Deus dera a Adão e Eva no Éden” (Ibid.).

“Afastando-se do plano divinamente indicado para seu regime, sofreram os israelitas grande prejuízo. Desejaram um regime cárneo, e colheram-lhe os resultados. Não atingiram o ideal divino quanto ao seu caráter, nem cumpriram os desígnios de Deus. O Senhor ‘satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma’ (Sal. 106:15). Estimaram o terreno acima do espiritual, e a sagrada preeminência que Deus tinha o propósito de lhes dar não conseguiram eles obter” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 312).

Se tão-somente permitirmos que o Senhor opere em nossa vida para fazer Sua vontade, muitas das adversidades que enfrentamos na vida poderiam ser evitadas. Às vezes, Ele permite que ocorram coisas em nossa vida a fim de que olhemos para Ele e compreendamos que Seu caminho é sempre o melhor.

Mãos à Bíblia

Zípora notou que o marido parecia muito cansado, e informou isso a seu pai Jetro, que passou a examinar mais detidamente o método de administração de Moisés e sugeriu uma reorganização, nomeando chefes de milhares, de centenas, de cinquenta e de dezenas. O sogro sugeriu que eles poderiam julgar as questões pequenas, e Moisés levaria a Deus os casos maiores. Moisés concordou, e foram escolhidos “homens capazes”, que “julgaram o povo em todo tempo” (Êx 18:13-26). Pouco depois, essa iniciativa de Moisés despertou os ciúmes e a inveja de Miriã e Arão.

4. Que características humanas detestáveis foram reveladas por Miriã e Arão? O que essa história vergonhosa nos diz sobre a maneira de Deus ver as atitudes más reveladas por essas pessoas? Nm 12

Alecia Kidd-Francis | Grand Cayman, Ilhas Cayman

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Das Reclamações à Apostasia - 26/10/2009 a 31/10/2009

Segunda, 26 de outubro

Exposição
Um povo em rebelião


Os israelitas haviam levantado acampamento no Sinai e haviam começado sua viagem de 11 dias até Cades, que não estava longe das fronteiras de Canaã. No Sinai, haviam entrado num relacionamento de aliança com Deus, prometendo obedecer aos Dez Mandamentos (Êx 19:8). Contudo, Números 11 a 14 relata como o povo fez exatamente o oposto. Esses capítulos mostram um povo em rebelião contra o Deus onipotente.

Insatisfação no acampamento (Nm 11). Os israelitas haviam marchado apenas três dias quando começaram a reclamar. Estavam infelizes com a rota tomada e o desconforto físico ao longo do caminho, apesar de saberem que estavam sendo guiados por Deus, que era representado pela nuvem acima deles. Haviam se esquecido rapidamente de que tinha chegado ali por Sua providência e misericórdia.

Também começaram a murmurar sobre o maná, o alimento que Deus estava fornecendo. “O Senhor ficou muito irado” (Nm 11:10), pois o povo deixou de aceitar a provisão diária de alimento que Ele fizera para eles. “Estivessem eles dispostos a vencer o apetite, em obediência às Suas sábias restrições, e teriam sido desconhecidas entre eles a fraqueza e a moléstia. Seus descendentes teriam possuído força tanto física como mental. Teriam revelado clara percepção da verdade e do dever, discernimento penetrante e são juízo. Mas sua falta de vontade para se sujeitarem às restrições e reclamos de Deus, os impediu em grande parte de alcançar a elevada norma que o Senhor desejava que atingissem, bem como de receber as bênçãos que Ele estava pronto a lhes conceder”(Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 378).

Rivalidade entre irmãos? (Nm 12). Em Números 11, Deus havia permitido a designação de 70 anciãos para partilhar o fardo da responsabilidade quando Moisés clamou em angústia. Os irmãos mais velhos de Moisés, Míriam e Arão, não faziam parte desse grupo. Haviam desempenhado papel importante na formação da nação e durante o Êxodo e, no caso de Arão, este continuava a desempenhar papel importante no ministério sacerdotal. Contudo, Deus havia colocado Moisés numa posição de autoridade sobre eles, e ele tinha um relacionamento especial com Deus. Moisés, diferentemente dos outros no acampamento, tinha o privilégio de falar com o Senhor face a face (Nm 12:8).

Míriam e Arão invejaram Moisés e foram suficientemente presunçosos para se compararem com ele. Em sua inveja, atacaram sua esposa cusita, falando com desprezo sobre a ascendência dela. Contudo, isso era mais do que mera rivalidade entre irmãos. Míriam e Arão estavam se rebelando contra Deus ao escolher falar contra o líder que Ele apontara. Entregaram-se a um espírito de exaltação própria e se consideraram melhores do que aquele através de quem Deus escolhera atuar.

Nossa força, nosso poder (Nm 13). Os israelitas finalmente estavam na fronteira de Canaã. O que Deus prometera estava ao alcance da vista. Uma vez mais, porém, foram acometidos de uma moléstia observada anteriormente – amnésia coletiva. Esqueceram-se dos assombrosos milagres que Deus efetuara para livrá-los das garras do Egito. Esqueceram-se de sua experiência do Mar Vermelho. Esqueceram-se de como Deus os havia cuidado e sustentado através de sua experiência no deserto; e se esqueceram de que Deus era quem iria realizar o que prometera.

Foi ideia do povo enviar espias para sondar a terra, não ideia de Deus (Ibid, p. 387). Isso é um claro indicativo de que duvidaram de Suas promessas. A nação a quem Deus havia especialmente Se revelado e com quem havia feito uma aliança, não compreendeu o que Balaão, um profeta pagão, havia profetizado: “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que Se arrependa. Acaso Ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Nm 23:19, NVI).

A primeira parte do relatório dos espias sobre a abundância da terra era verdadeira; mas foi eclipsada pelo medo que tiveram do povo poderoso que viram ali. Escolheram olhar com olhos temerosos e sem fé, em vez de olhos cheios de esperança e fé, fortalecidos pela maneira como Deus os estava guiando. Só Josué e Calebe deram um relatório inspirado pela fé em Deus. Canaã foi um presente de Deus, e falando mal dela, o povo estava falando contra Deus e rejeitando o que Ele graciosamente estava lhes oferecendo. Se tão-somente houvessem se lembrado de que o braço do Senhor nunca está encolhido (Nm 11:23)! Quando a força e o poder humano falham, é a ocasião perfeita para que Deus amorosamente demonstre Sua incomparável onipotência.

Nossa força, nosso poder (Nm 14). Calebe e Josué suplicaram ao povo que não se rebelasse contra Deus (Nm 14:9); mas suas súplicas caíram em ouvidos moucos. O povo se preparou para apedrejá-los. A atitude foi de desprezo para com Deus. Continuaram a duvidar dEle e de Seu poder (Nm 14:11).

A contínua rebelião contra Deus resultou na sentença de terem que vaguear durante mais 40 anos no deserto, um ano para cada dia que os espias haviam passado reconhecendo a terra. O povo lamentou esse decreto. Ellen White declara que eles lamentaram mais o juízo do que seus pecados. A ordem para que se retirassem foi para que Deus testasse a submissão deles à Sua vontade (Ibid, p. 391). Contudo, os israelitas permaneceram firmes em sua rebelião. Quando Deus lhes pediu que tomassem a terra, recusaram-se, e quando lhes ordenou que se retirassem, fizeram exatamente o oposto. O exército de Israel foi derrotado porque deixou de compreender que Deus realizaria o que prometeu, não pela força e poder deles, mas por sua estrita obediência a Suas ordens.

Mãos à Bíblia

Quando Israel voltou tão cedo para a idolatria e adoração ao bezerro de ouro, Moisés implorou a Deus para que o perdoasse, mas “se não”, ele orou, “risca-me, peço-Te, do livro que escreveste” (Êx 32:32).

2. Quando Moisés ouviu e viu o povo “chorando” à porta de suas tendas e clamando “quem nos dará carne a comer?” (Nm 11:4), como ele reagiu? Por que a atitude de Moisés não se justificava? Onde vemos a humanidade imperfeita desse grande homem de Deus? V. 10-15.

3. Em que outra ocasião a humanidade de Moisés se manifestou? Nm 11:21-23

Rockella Smith | Savannah, Ilhas Cayman

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domingo, 25 de outubro de 2009

Das Reclamações à Apostasia - 25/10/2009 a 31/10/2009

Das Reclamações à Apostasia

“Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no Universo” (Fp 2:14, 15, NVI).

Prévia da semana: Quando enfrentamos problemas e somos tentados a duvidar, Deus nos pede que olhemos para Ele pedindo direção e que passemos a agir com base em Suas promessas.

Domingo, 25 de outubro

Introdução
A viagem de ônibus de 24 horas

Para a maioria de nós, a viagem missionária tinha se tornado excitante, cheia de aventuras e até de um certo glamour – atravessar a Europa de avião para ajudar a construir um hospital e dirigir clínicas de saúde na África – um sonho que se tornou realidade para o dedicado grupo de guerreiros cristãos.

Contudo, ninguém nos falou sobre a viagem de ônibus de 24 horas! Bem, talvez não fossem realmente de 24 horas; mas foi o que pareceu, após estarmos sentados em cima da bagagem e uns dos outros, suando num calor insuportável, nos sentindo como sardinhas no forno, ao viajarmos quilômetro após quilômetro. Quando essa viagem iria terminar? As reclamações fluíram como uma torrente impetuosa.

“Quando chegaremos lá?” “Por que faz tanto calor?” “Por que vim a esta viagem?” Essas eram as palavras que ressoavam pelo ônibus que transportava esse grupo de jovens do ocidente que fazia uma viagem missionária de Acra, a capital de Gana, no sul do país, até a cidade de Tamale, no norte.

Contudo, ela finalmente terminou. Terminou numa experiência única – na qual aprendemos a apreciar os prazeres da vida aos quais não dávamos o devido valor, e na qual experimentamos o Espírito Santo atuando através de nosso ministério. E o mais importante, aprendemos que há pessoas que, apesar de terem tão pouco, agradecem a Deus pelo que têm.

Há muitas viagens que teremos de fazer na vida, e nem todas serão agradáveis. Muitas vezes haverá ocasiões em que será mais fácil reclamar amargamente do que louvar alegremente. Deus, contudo, nos faz um chamado mais elevado. Como Seus seguidores, Ele deseja que nos alegremos “sempre no Senhor” (Fp 4:4), não importa quais sejam as circunstâncias.

Nunca sabemos aonde uma viagem pode nos levar; mas se cremos que Deus está ao volante, podemos permitir que Ele tenha pleno controle. Somente então seremos capazes de passar pelas más condições e chegar às bênçãos que nos aguardam.

Os israelitas que escaparam do Egito passaram a viagem toda até a Terra Prometida reclamando das condições. Por essa razão, aquela geração nunca conheceu sua herança. Ao aprender sobre as experiências deles nesta semana, considere que você tem a oportunidade de aprender com os erros deles, de parar de reclamar e desfrutar a viagem.

Mãos à Bíblia

1. Leia Números 11 e responda as seguintes perguntas:

O que esse incidente nos diz sobre a importância de guardar na lembrança a guia do Senhor no passado?
Como devemos entender a reação do Senhor?
O que podemos aprender desse relato sobre a importância de controlar o apetite?

Depois de todos os milagres que eles haviam testemunhado no Egito e a travessia do Mar Vermelho, sua murmuração representava rebeldia. A influência deles pode ter sido contagiante e destrutiva para a jovem nação. E o fogo do Senhor “consumiu extremidades do arraial” (v. 1). Só a intercessão de Moisés fez cessar o fogo.

Angeline Shillingford Grand Cayman, Ilhas Cayman

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