sábado, 14 de março de 2009

Interpretando os Escritos Proféticos- Resumos Semanal - 14/03/2009 a 14/03/2009

INTERPRETANDO OS ESCRITOS PROFÉTICOS
Resumo Semanal - 08/03/2009 a 14/03/2009

Interpretando os Escritos Proféticos
Pr. Renato Stencel
Diretor do Centro White – Brasil
UNASP – EC

I. Introdução

A interpretação dos escritos proféticos é de fato o último passo no processo da comunicação divino-humana e, como tal, lida com a recepção e a compreensão da mensagem revelada por Deus aos Seus filhos. A maneira pela qual os seres humanos percebem, interpretam e finalmente aplicam a mensagem de Deus, é de vital importância para o cumprimento dos Seus propósitos na esfera do Plano da Redenção.

Conforme compreendemos, os que crêem em Cristo Jesus como único Salvador, é a Igreja Remanescente de (Ap 12:17), e como Igreja, foi agraciada com um dom especial, o dom de profecia manifestado na vida e obra de Ellen G. White. Muito embora não creiamos em graus de inspiração profética, reconhecemos e aceitamos que suas mensagens foram inspiradas pela mesma fonte e poder que inspiraram os autores da Bíblia, ou seja, nosso Deus Criador.

Considerando que ambos os conteúdos são inspirados, é coerente pensar que os mesmos princípios de interpretação aplicados para a compreensão da Bíblia devem também ser aplicados para os escritos do Espírito de Profecia. Esses princípios são necessários e essenciais, sobretudo para compreendermos que certos detalhes das instruções dadas por Deus não se aplicam hoje exatamente como foram dados no período dos profetas. No entanto, tal fato não invalida o valor das instruções divinas.

Os registros da revelação simplesmente nos mostram como os princípios foram empregados em determinadas situações. É nosso dever saber aplicá-los em conformidade com as circunstâncias contextuais. Sendo assim, é importante observar que “quando nossa atenção é focalizada nos princípios e em como aplicá-los à nossa vida, estamos ampliando... a eficácia do ensino original. Compreender por que certo conselho foi dado, e ser capaz de aplicar esses princípios gerais, é de maior valor do que saber apenas uma instrução detalhada. Esta pode ser geralmente aplicável ou não. . ., mas os princípios são sempre aplicáveis a cada indivíduo, tempo e circunstância”.(1)

II. Alguns princípios de interpretação da verdade


Atualmente, há no mundo milhares de religiões que utilizam e consideram a Bíblia como a Palavra de Deus. Muito embora todas essas religiões compreendam que a Bíblia seja um livro divinamente inspirado, nem todos interpretam seus escritos da mesma forma. Pode-se observar a existência de inúmeras divergências doutrinárias que, em grande parte, são produto da deficiência ou ausência de um método de interpretação coerente.

A comunicação divina destina-se a seres humanos que, desde a entrada do pecado, têm percepções limitadas e muitas vezes, completamente contrárias às questões vitais que envolvem nossa condição. A Bíblia nos diz que a mensagem divina pode ser mal interpretada e mal empregada (2Pe 3:16). Ao mesmo tempo, o Espírito Santo oferece ajuda àqueles que honestamente querem conhecer a verdade (Ef 1:17-19).

De acordo com o Dr. Knight “a maneira de percebermos e interpretarmos a mensagem de Deus, e finalmente lidarmos com ela, determinará se a mensagem cumpre os objetivos de Deus ao comunicá-la. Se o receptor humano não está disposto a receber a comunicação, ou a apreende de maneira incorreta, ou a rejeita porque ela não satisfaz suas expectativas ou porque ela confronta o indivíduo com mudanças em seu estilo de vida costumeiro, então o propósito de Deus não é cumprido, e esta pessoa é deixada à sua própria sorte”.(2)

Ao buscarmos compreender a Verdade nos deparamos com a palavra Hermenêutica, que etimologicamente significa traduzir ou interpretar. Em suma, hermenêutica é a arte de interpretar o sentido das palavras ‘sobretudo dos textos sagrados’.(3) A seguir, apresentamos alguns princípios extraídos da obra Reading Ellen G. White (Lendo Ellen G. White) do autor George R. Knight, que poderão servir de ferramentas norteadoras para melhor compreensão das verdades reveladas por Deus tanto nos escritos da Bíblia como do Espírito de Profecia.

1. Começar com uma atitude positiva – Primeiro, comece seu estudo com uma prece pedindo orientação e compreensão. O Espírito Santo, que inspirou o trabalho dos profetas através dos tempos, é o único que pode revelar o significado de seus escritos. Segundo, precisamos interpretar e compreender a verdade sem ideias preconceituosas que nos impeçam de visualizar a plenitude dos fatos que Deus almeja nos comunicar. Em terceiro lugar, é necessário eliminar todo senso de dúvida e incredulidade que nos tornem cegos à compreensão das verdades divinas.

Como Ellen White disse, "muitos consideram virtude e indício de inteligência o fato de alguém mostrar-se incrédulo, questionar e contradizer. Os que desejam duvidar têm suficiente oportunidade para isso. Deus não Se propõe a fazer desaparecer toda ocasião para a incredulidade. Apresenta evidências que precisam ser cuidadosamente investigadas com espírito humilde e susceptível ao ensino; e todos devem julgar pela força dessas mesmas evidências" (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 255). "Deus oferece suficiente evidência para a mente sincera crer; mas aquele que se desvia do peso da evidência porque há umas poucas coisas que não pode tornar claras à sua compreensão finita será deixado na atmosfera fria e insensível da descrença e das dúvidas questionadoras e naufragará na fé" (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 232-233).

Se as pessoas esperarem que toda a possibilidade de dúvida seja removida, nunca irão crer. E isso se aplica tanto para a Bíblia como para os escritos de Ellen White. Nossa aceitação está baseada na fé ao invés de na demonstração de absoluta perfeição. Ellen White parece estar correta quando escreve que "os que mais têm a dizer contra os testemunhos são em geral os que não os leram, assim como os que se vangloriam de sua incredulidade na Bíblia são os que quase nada conhecem de seus ensinos" (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 45-46).

2. Concentrar-se nos temas centrais – Uma pessoa pode ler os escritos inspirados de pelo menos duas formas. Uma é procurar os temas centrais de um autor; a outra é procurar as coisas que são novas e diferentes. A primeira maneira leva ao que pode ser considerado uma teologia central, enquanto a segunda produz uma teologia periférica. Usar uma teologia periférica pode ajudar a pessoa a chegar a uma "nova luz", mas, por fim, tal luz pode mais parecer trevas quando examinada no contexto dos ensinos centrais e consistentes da Bíblia.

Como podemos dizer quando estamos no centro ou nas extremidades do que realmente é importante? Em seu livro Educação, à página 190, Ellen White escreveu: "A Bíblia explica-se por si mesma. Textos devem ser comparados com textos. O estudante deve aprender a ver a Palavra como um todo, e bem assim a relação de suas partes.”

Uma passagem similar sobre o “grande tema central” da Bíblia define o tema fundamental da Escritura de forma ainda mais precisa. Lemos: “O tema central da Bíblia, o tema em redor do qual giram todos os outros no livro, é o plano da redenção, a restauração da imagem de Deus na alma humana.” “Encarado à luz” do grandioso tema central da Bíblia, “cada tópico tem nova significação” (Ibid., p. 125).

Não podemos esquecer que o propósito da revelação de Deus para a humanidade é a salvação. Essa salvação se concentra na cruz de Cristo e no nosso relacionamento com Deus. Toda a nossa leitura necessita ser dentro deste contexto, e os assuntos mais próximos do grandioso tema central são obviamente mais importantes do que aqueles que se encontram na periferia.

É nossa tarefa como cristãos manter nosso foco nos assuntos centrais da Bíblia e dos escritos do Espírito de Profecia ao invés de nos atermos aos temas secundários. Se assim fizermos, os assuntos secundários se encaixarão nos lugares corretos dentro da perspectiva apropriada no contexto do “grandioso tema central” da revelação de Deus para Seu povo.

3. Considerar os problemas de comunicação – O processo de comunicação não é tão simples como podemos pensar a princípio. O assunto estava certamente em primeiro plano no pensamento de Tiago White enquanto ele observava a esposa lutar para conduzir os primeiros adventistas para o caminho da reforma de vida. Em 1868, ele escreveu: "o que ela disser para apressar os lentos, seja o que for, é tomado pelos apressados como motivo para se adiantarem demais. E o que ela disser para advertir os apressados, zelosos e incautos, é tomado pelos lentos como uma escusa para se atrasarem demais" (Review and Herald, 17 de março de 1868).

Quando lemos os escritos de Ellen White precisamos ter constantemente diante de nós a dificuldade que ela enfrentou com a comunicação básica. Além da dificuldade com as personalidades variadas, mas relacionado a isto, estava o problema de imprecisão do significado das palavras e o fato de que pessoas diferentes com experiências diferentes interpretam diferentemente as mesmas palavras.

"Variam as mentalidades", escreveu Ellen White em relação à leitura da Bíblia. "Mentes de educação e pensamento diverso recebem diferentes impressões das mesmas palavras, e difícil é a alguém transmitir a outro de temperamento, educação e hábitos de pensamento diferentes, através da linguagem, exatamente a mesma ideia que é clara e distinta em seu próprio espírito... A Bíblia precisa ser dada na linguagem dos homens. Tudo quanto é humano é imperfeito. Significações diversas são expressas pela mesma palavra; não há uma palavra para cada ideia distinta. A Bíblia foi dada para fins práticos. "Diferentes são as peculiaridades mentais. As expressões e declarações não são compreendidas da mesma maneira por todos. Alguns entendem as declarações das Escrituras segundo sua mente e casos especiais. Prevenções, preconceitos e paixões exercem forte influência para obscurecer o entendimento e confundir a mente, mesmo ao ler as palavras da Santa Escritura" (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 19-20).

O que Ellen White disse sobre os problemas de significado e palavras com relação à Bíblia também serve para seus próprios escritos. A comunicação num mundo decadente nunca é fácil, nem mesmo para os profetas de Deus.

Precisamos ter em mente os problemas básicos de comunicação ao lermos os escritos de Ellen White. Pelo menos, tais fatos devem nos advertir em nossa leitura a fim de que não enfatizemos demais esta ou aquela ideia particular que possa ter chamado nossa atenção ao estudarmos o conselho de Deus para Sua igreja. Desejaremos nos certificar de que lemos extensamente o que Ellen White apresentou sobre determinado assunto e de que estudamos as declarações que possam parecer extremadas à luz de outras declarações que possam moderá-las ou equilibrá-las. Todo estudo dessa natureza, é claro, deve ser feito tendo-se em mente o contexto histórico e literário de cada declaração.

4. Estudar todas as informações disponíveis sobre o tópico – Quando lemos a seleção completa de conselhos que Ellen G. White escreveu sobre um assunto a imagem é completamente diferente de quando lidamos somente com uma parte de seu material ou com citações isoladas. Muitas vezes em seu longo ministério, Ellen White teve que lidar com aqueles que apenas levavam em conta parte de seu conselho.

Ela disse aos delegados da seção da Conferência Geral de 1891: "Quando é conveniente ao seu desígnio, vocês tratam os Testemunhos como se neles cressem, citando trechos deles para reforçar qualquer declaração em que desejam prevalecer. Como é, porém, quando o esclarecimento é dado para corrigir-lhes os erros? Vocês aceitam a luz? Quando os Testemunhos falam contrariamente às suas ideias, então vocês os tratam com desprezo" (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 43). É importante ouvir o conselho na íntegra.

Ao longo desta linha encontramos duas maneiras de abordar os escritos de Ellen White. Uma reúne todo seu material concernente a um assunto. A outra seleciona da obra de Ellen White somente aquelas declarações, parágrafos, ou materiais mais extensos que podem ser empregados para sustentar uma ideia particular. A única maneira confiável é a primeira. Um passo importante para ser fiel à intenção original de Ellen White é ler o máximo possível de conselhos disponíveis sobre um tópico.

E não só devemos basear nossa conclusão no espectro total do pensamento dela sobre determinado assunto, mas essa conclusão precisa estar em harmonia com o teor geral do corpo de seus escritos. Tanto ideias preconcebidas quanto premissas infundadas, raciocínio errôneo, ou outros maus usos de seu material podem levar a conclusões falsas.

5. Evitar interpretações extremadas – A história da igreja cristã está entremeada de pessoas que aplicaram as interpretações mais extremas aos conselhos de Deus e então definiram seu fanatismo como "fidelidade". A propensão para o extremismo parece ser parte integrante da natureza humana caída. Deus tem procurado corrigir essa tendência por meio de Seus profetas.

Embora o equilíbrio tenha assinalado os escritos de Ellen G. White, nem sempre caracteriza aqueles que os leem. Ellen White teve de lidar com extremistas durante todo o seu ministério. Em 1894, ela salientou que "há uma classe de pessoas sempre disposta a escapar por alguma tangente, que deseja apreender qualquer coisa estranha, maravilhosa e nova; mas Deus quer que todos procedam calma e ponderadamente, escolhendo as palavras em harmonia com a sólida verdade para este tempo, a qual precisa, tanto quanto possível, ser apresentada ao espírito isenta do que é emocional, conquanto ainda levando a intensidade e solenidade que lhe convém. Devemos guardar-nos de criar extremos, de animar os que tendem a estar ou no fogo, ou na água" (Testemunhos Para Ministros, p. 227-228).

Quase quatro décadas antes, Ellen White havia escrito: "Vi que muitos tiram vantagem do que Deus mostrou com respeito aos pecados e erros dos outros. Tiram conclusões extremadas do que me foi mostrado em visão, e usam-nas de tal maneira a enfraquecer a fé de muitos naquilo que Deus tem mostrado" (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 166).

Parte de nossa tarefa ao ler Ellen White é evitar interpretações extremadas e entender sua mensagem com equilíbrio. Isto, por sua vez, significa que precisamos ler o conselho sobre determinado assunto a partir de ambos os lados do espectro.

Podemos citar como exemplo alguns de seus conselhos sobre certos assuntos que, se forem tirados do seu contexto levarão o leitor a conclusões absurdas.

(a) Moças a arriar cavalos – Nos escritos de Ellen G. White, conselhos como os que recomendam às escolas que ensinem as moças "a arriar e cavalgar" de forma que "estejam melhor adaptadas a enfrentar as emergências da vida" (Educação, p. 216-217);

(b) Mania das bicicletas – A advertência tanto aos jovens quanto aos mais velhos em 1894 para que fugissem da "influência enfeitiçante" da "mania de bicicletas" (Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 51-52);

(c) Não comprar carros – O conselho a um administrador em 1902 para que não comprasse um automóvel para transportar pacientes da estação ferroviária para o sanatório porque isso era um gasto desnecessário e demonstraria ser "uma tentação para outros fazerem a mesma coisa" (Carta 158, 1902).

Como se pode observar, tais conselhos são claramente condicionados ao tempo e lugar. Outro aspecto da questão de tempo e lugar nos escritos de Ellen G. White é que, para muitos dos seus conselhos, o contexto histórico é um tanto pessoal, visto que ela escreveu para um indivíduo em sua situação específica. Lembre-se sempre de que por trás de cada conselho existe uma situação específica com suas próprias peculiaridades e alguém com suas possibilidades e realidades pessoais. Sua situação pode ou não ser paralela à nossa. Desta maneira, o conselho pode ou não ser aplicável a nós em determinada circunstância.

6. Estudar cada declaração em seu contexto literário – Na seção anterior notamos que é importante entender os conselhos de Ellen White em seu contexto histórico original. Nesta seção examinaremos a importância de ler suas declarações considerando a estrutura literária dos escritos.

As pessoas têm frequentemente baseado sua compreensão dos ensinamentos de Ellen White a partir de um fragmento de um parágrafo ou de uma declaração isolada e inteiramente removida de seu contexto. Portanto, ela escreve que "muitos estudam as Escrituras com a finalidade de provar que suas próprias ideias são corretas. Mudam o sentido da Palavra de Deus para que corresponda a suas próprias opiniões. E também assim procedem com os testemunhos enviados por Ele. Citam metade de uma frase e omitem a outra metade, a qual, se fosse citada, mostraria que seu raciocínio é falso. Deus tem uma controvérsia com os que torcem as Escrituras, fazendo com que se ajustem a suas ideias preconcebidas" (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 82). Em outra ocasião ela comenta sobre aqueles que ao "separarem... declarações de seu contexto, e as colocarem junto a raciocínios humanos, fazem parecer que os meus escritos apoiam aquilo que na verdade eles condenam" (Carta 208, 1906).

7. Reconhecer o conceito de Ellen White sobre o ideal e o real – Ellen White frequentemente sentiu-se incomodada "pelos que escolhem as expressões mais fortes dos testemunhos e sem fazer uma exposição ou um relato das circunstâncias em que são dados os avisos e advertências, querem aplicá-los a todos os casos... Escolhendo algumas coisas nos testemunhos, impõem-nas a todos, e, em vez de atrair as pessoas, repelem-nas" (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 285, 286).

Sua observação não só realça o fato de que precisamos levar em consideração o contexto histórico das declarações quando lemos seu conselho, mas também indica que ela pôs algumas declarações em uma linguagem mais forte ou mais enérgica do que outras. Essa ideia nos conduz ao conceito do ideal e do real nos escritos Ellen White.

Infelizmente, muitos de seus leitores deixam de levar este fato em consideração. Concentram-se apenas nas declarações "mais fortes" da escritora, aquelas que expressam o ideal, e ignoram as passagens mais moderadas. Dessa maneira, como notamos acima, escolhem “algumas coisas nos testemunhos, impõem-nas a todos, e, em vez de atrair as pessoas, repelem-nas " (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 286).

Ellen White tem mais equilíbrio que muitos de seus assim chamados seguidores. Os seguidores genuínos devem levar em conta a compreensão que ela possuía da tensão entre o ideal e o real ao aplicar seus conselhos. Ela teve mais flexibilidade ao interpretar seus escritos do que muitos imaginam. Ela não somente se preocupava com fatores contextuais quando aplicava conselhos a diferentes situações, mas também tinha uma compreensão distinta da diferença entre o plano ideal de Deus e a realidade da situação humana que às vezes requeria a modificação do ideal. Por esta razão, é importante que não ajamos somente com base nas expressões "mais fortes" de seus escritos, procurando impô-las "a todos" (Ibid., p. 285-286).

8. Usar o bom senso – Sabe-se que os adventistas do sétimo dia discordam e às vezes até discutem sobre alguns dos conselhos de Ellen G. White. Esta situação é especialmente verdadeira a respeito das declarações que parecem tão claras e diretas. Uma declaração como esta aparece no Fundamentos da Educação Cristã: "Os pais devem ser os únicos professores de seus filhos até que eles tenham atingido oito ou dez anos de idade" (p. 61).

Essa passagem é uma excelente candidata para uma interpretação inflexível. Afinal, ela é bastante categórica. Não oferece condições nem dá pistas quanto a exceções. Ela não contém nenhum "se", "e", "ou" ou "mas" para modificar seu impacto, mas afirma claramente como fato que "os pais devem ser os únicos professores de seus filhos até que eles tenham atingido oito ou dez anos de idade". Ellen White publicou a declaração pela primeira vez em 1872. O fato de o assunto ter reaparecido em seus escritos em 1882 e 1913, teve indubitavelmente o efeito de fortalecer o que parece ser sua natureza incondicional.

O que é, contudo bem interessante, é que o desacordo sobre esta declaração nos proporcionou talvez o melhor registro que possuímos de como Ellen interpretava seus próprios escritos.

Os adventistas que viviam perto do Sanatório Santa Helena, no norte da Califórnia, construíram uma escola paroquial em 1902. As crianças de mais idade a frequentavam, enquanto alguns pais adventistas negligentes permitiam que seus filhos mais novos ficassem livremente pela vizinhança sem um acompanhamento adequado e disciplina. Alguns dos membros do conselho escolar criam que deveriam construir uma sala de aula para as crianças menores, mas outros afirmavam que seria errado agir desta maneira, porque Ellen G. White havia declarado claramente que "os pais devem ser os únicos professores de seus filhos até que eles tenham atingido oito ou dez anos de idade".

Uma facção do conselho escolar aparentemente achava que era mais importante dar alguma assistência àquelas crianças negligenciadas do que apegar-se à letra da lei. A outra facção acreditava que tinham uma ordem inflexível, um "testemunho direto" ao qual precisavam obedecer. Para dizer as coisas de maneira branda, o assunto dividiu o conselho escolar. Foram então feitos arranjos para uma entrevista com Ellen G. White.

Logo no início da entrevista, Ellen G. White reafirmou sua posição de que o ideal seria a família ser a escola das crianças pequenas. Ela disse: "O lar é tanto uma igreja de família como uma escola de família" (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 214). Esse é o ideal que pode ser encontrado ao longo de todos os seus escritos. A igreja e a escola institucionais existem para suplementar o trabalho de uma família saudável. Isso é o ideal.

Mas, como vimos na seção anterior, o ideal nem sempre é o real. Ou, em outras palavras, a realidade está muitas vezes aquém do ideal. Assim, Ellen G. White continuou: "As mães devem [mais precisamente, no original, deviam] estar em condições de instruir sabiamente seus filhinhos durante os primeiros anos da infância. Se toda mãe fosse capaz de fazer isso, e tomasse tempo para ensinar a seus filhos as lições que eles deviam aprender no começo da vida, todas as crianças poderiam permanecer então na escola do lar até que tivessem oito, nove ou dez anos" (Ibid., p. 214, 215).

Aqui começamos a perceber como Ellen White lidou com uma realidade que modifica a natureza explícita e incondicional de sua declaração sobre os pais serem os únicos professores de seus filhos até oito ou dez anos de idade. O ideal: as mães "deviam" ser capazes de atuar como as melhores professoras. Mas o realismo se impõe quando Ellen G. White usa palavras como "se" e "então". Ela definitivamente deixa subentendido que nem todas as mães são capazes e nem todas estão dispostas a fazer isto. Mas "se" forem capazes e estiverem dispostas, "todas as crianças poderiam permanecer então na escola do lar".

Durante a entrevista, ela observou que "Deus deseja que lidemos sensatamente com esses problemas" (Ibid., p. 215). Ellen G. White ficava muito perturbada com os leitores que tomavam uma atitude inflexível com respeito a seus escritos e procuravam seguir a letra de sua mensagem enquanto perdiam de vista os princípios que estavam por trás da mesma. Ela mostrou desaprovação em relação tanto às palavras quanto às atitudes de seus rígidos intérpretes quando declarou: "... Minha mente tem sido muito agitada pela ideia: 'Ora, a irmã White disse assim e assim, e a irmã White falou isto ou aquilo; e, portanto, procederemos exatamente de acordo com isso.'" Ela então acrescentou que "Deus quer que todos nós tenhamos bom senso, e deseja que raciocinemos movidos pelo senso comum. As circunstâncias modificam a relação das coisas" (Ibid., p. 217).

Ellen G. White era tudo menos inflexível ao interpretar seus próprios escritos, e é sumamente importante que compreendamos esse fato. Ela não tinha dúvida de que o uso descuidado de suas ideias poderia ser prejudicial. Desta maneira, não é de admirar que ela tenha dito que "Deus quer que todos nós tenhamos bom senso" ao usarmos trechos de seus escritos, mesmo quando expressou tais trechos na linguagem mais forte e mais incondicional.

9. Evitar fazer os conselhos "provarem" coisas que eles nunca pretenderam provar - Ellen G. White jamais reivindicou inspiração verbal para seus escritos ou a Bíblia, nem os classificou como perfeitos ou infalíveis no sentido de estarem livres de erros factuais. A despeito dos esforços de Ellen White e de seu filho para afastar as pessoas de uma visão tão rígida da inspiração, muitos continuaram nessa linha. Ao longo da história da denominação, alguns têm procurado usar os escritos de Ellen White e a Bíblia com propósitos nunca pretendidos por Deus. De idêntica maneira, têm sido feitas para os escritos proféticos reivindicações que transcendem seu propósito.

Lembre-se de que a Bíblia e os livros de Ellen White não foram escritos com a finalidade de ser enciclopédias divinas para fatos científicos e históricos. Antes, eles servem para revelar a irremediável condição humana e nos apontar a solução através da salvação em Cristo. Neste processo, a revelação de Deus provê uma estrutura pela qual podemos entender as várias partes do conhecimento histórico e científico obtido através de outras linhas de estudo.

10. Certificar-se de que Ellen White realmente escreveu a declaração – Há um número considerável de declarações em circulação que têm sido falsamente atribuídas a Ellen G. White. Como podemos identificar tais declarações? A primeira pista de que elas são apócrifas para aqueles que estão familiarizados com os escritos de Ellen G. White é que tais declarações estão frequentemente em desarmonia com o teor geral do pensamento dela.

A maneira mais segura de testar a autenticidade de uma declaração de Ellen White é perguntar pela referência da citação. Uma vez sabendo onde ela é encontrada, podemos verificar se Ellen G. White disse aquilo e também examinar o fraseado e o contexto para determinar se foi interpretado corretamente.

A questão de supostas declarações também ocorreu durante a época em que Ellen G. White ainda vivia. Seu parecer mais completo sobre o problema aparece no volume 5 de Testemunhos Para a Igreja, páginas 692 a 696. Ele pode ser examinado proveitosamente por todos os leitores dos escritos de Ellen White:

Ela diz: "Tomem cuidado em dar crédito a tais relatos" (p. 694). Ela conclui sua discussão do assunto com as seguintes palavras: "A todos os que sentem desejo pela verdade, eu gostaria de dizer: Não deem crédito a relatórios não-autorizados sobre o que a irmã White fez, disse ou escreveu. Se desejam saber o que o Senhor revelou por meio dela, leiam suas publicações. ... não as tomem avidamente nem veiculem rumores sobre o que ela disse" (p. 696).

Conquanto não possamos mais enviar supostas declarações a Ellen G. White para que ela as verifique, podemos entrar em contato com o Centro de Pesquisas Ellen G. White da Igreja Adventista do Sétimo Dia mais próximo para verificar a autenticidade da declaração ou informar-nos sobre outras dúvidas que possamos ter.

Site do Centro White: www.centrowhite.org.br


Bibliografia

1. Jemison, T.H. Prophet among you. Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, p. 446.
2. Knight, G.R. Como devemos interpretar a mensagem? Apostila do Curso de Mestrado em Teologia do SALT/SUL para a disciplina de Escritos de Ellen G. [White. [Org.] Renato Stencel: Engenheiro Coelho, SP, p. 89.
3. Ferreira, A.B. de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Editora Nova Fronteira, p. 889.

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sexta-feira, 13 de março de 2009

Interpretando os Escritos Proféticos - 13/03/2009 a 14/03/2009

Sexta, 13 de março

Opinião
Intérpretes infalíveis?

Interpretando os escritos ProféticosLucas registra a conversão do eunuco etíope (At 8:26-38). Na volta para casa, após sua peregrinação para adorar em Jerusalém, o etíope estava lendo Isaías 53, mas não compreendia a quem o profeta estava se referindo.

Lucas dá o seguinte cenário quanto ao encontro de Filipe com o eunuco, pois o Espírito havia movido o discípulo: “Filipe correu para perto da carruagem e ouviu o homem lendo o livro do profeta Isaías. Aí perguntou: ‘O senhor entende o que está lendo?’ ‘Como posso entender se ninguém me explica?’ respondeu o homem. Então, convidou Filipe para subir e sentar-se com ele na carruagem” (At 8:30, 31). Então, Filipe começou a interpretar, ou explicar, o significado do que o eunuco estava lendo – que estava lendo sobre Jesus e a salvação que Ele oferece (verso 35).

Ao concluir seu livro, Lucas diz a Teófilo que Jesus também explicou a verdade a Seus apóstolos para que eles pudessem entender as Escrituras (Lc 24:45).

O Apocalipse é o que Deus diz, enquanto que a interpretação é o significado que damos ao que Ele diz. Temos uma forma de confundir os dois, identificando o que supomos que a Bíblia ensina com o que nós ensinamos.

Não há maneira de entender o sentido de qualquer peça literária, a não ser averiguando seu significado. Isso é válido para as mais simples frases, quer sejam da Bíblia ou de algum outro material impresso. Se Jesus nos diz que “o pão que Deus dá é aquele que desce do Céu e dá vida ao mundo” (Jo 6:33), não tomamos isso literalmente. “É importante que percebamos que interpretamos, e que não somos intérpretes infalíveis”.* Por isso mesmo, é importante conhecer bem a Bíblia, a fim de interpretarmos de acordo com o pano de fundo das Escrituras.

*Leroy Garrett, “The Inspiration of the Scriptures”, Restoration Review 17, nº 8 (Outubro de 1975), p. 150.

Dicas

1. Pesquise a vida e obra de um dos profetas bíblicos. Qual era o contexto social e político desse profeta? Quão confiáveis foram suas profecias? Quais são as semelhanças entre a vida e a época desse profeta e as de Ellen White?
2. Prepare uma pequena peça sobre a primeira visão de Ellen White (ver Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 58-61) embasada no contexto daquela época. Considere onde o evento ocorreria, o contexto histórico e político, e a localização temporal dentro dos eventos mundiais. Apresente a peça no culto jovem.
3. Use uma bússola ao se movimentar durante um dia. O que torna a bússola um orientador confiável? Considere os aspectos pelos quais um profeta é uma bússola espiritual.
4. Resolva um quebra-cabeças, Sudoku, palavra cruzada, etc. Como você aborda algo que à primeira vista não tem sentido? Que função os profetas desempenham em ajudar a desvendar os enigmas do Apocalipse, por exemplo?
5. Faça uma pequena pesquisa sobre a crença das pessoas em Ellen White. Que fatores influenciaram a atitude das pessoas em relação a ela?

Roy M. Hutasoit | Bandung, Indonésia

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quinta-feira, 12 de março de 2009

Interpretando os escritos Proféticos - 12/03/2009 a 14/03/2009

Quinta, 12 de março

Aplicação
Analogia do Sol e da Lua

Interpretando os escritos proféticos6. Somos salvos somente pela graça mediante a fé, ou também precisamos de obras? (Ef 2:8, 9; Tg 2:14-26). Paulo está em conflito com Tiago na questão da salvação? O que os textos a seguir têm a dizer sobre esse assunto? Rm 3:21-28; Rm 4:3; Gl 3:6-12

O contexto amplo mostra que Paulo falava sobre a fé válida, que é seguida por boas ações. Tiago se referia à fé inválida, somente em nível intelectual. Quando lemos Ellen White, também precisamos examinar o contexto amplo em seus escritos. No livro Conselhos Sobre o Regime Alimentar, por exemplo, ela diz: “Nem um grama de carne deve entrar em nosso estômago” (p. 380). Porém, algumas páginas adiante, existe esta declaração: “O regime cárneo não é o mais saudável, e todavia eu não tomaria a atitude de que ele deva ser rejeitado por toda pessoa. Os que têm órgãos digestivos fracos podem, muitas vezes, comer carne, quando não lhes é possível ingerir verduras, frutas e mingaus” (p. 394, 395).

Creio nos escritos de Ellen White. Contudo, também creio que a relação dos escritos dela para com a Bíblia é um dos assuntos mais mal compreendidos em nossa igreja. Seus escritos não são uma “segunda Bíblia”. Ela própria escreveu: “Há neles [seus escritos] verdade que é, para quem a recebe, um cheiro de vida para vida. ... O Senhor enviou a Seu povo muita instrução, regra sobre regra, preceito sobre preceito, um pouco aqui, um pouco ali. Pouca atenção tem sido dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor [seus escritos] para levar homens e mulheres à luz maior [a Bíblia]” (Ellen G. White, Review and Herald, 20 de janeiro de 1903). Ela usou a analogia do Sol e da Lua. A Bíblia é a luz maior [o Sol] e os escritos dela são a luz menor [a Lua]. Eis como podemos entender essa analogia:

1. A Bíblia é a mensagem universal de Deus à humanidade em todos os tempos, enquanto que os escritos dela foram destinados especificamente ao povo de Deus no fim dos tempos.

2. Quarenta pessoas diferentes foram inspiradas por Deus para escrever as palavras da Bíblia. Como 40 velas, eles dão mais luz do que a única vela de Ellen White, embora a luz e a Fonte sejam as mesmas.

3. A Bíblia é como o mapa de uma nação, enquanto os escritos de Ellen White são como um mapa local. O mapa nacional cobre uma área maior do que o mapa local; mas o mapa local dá mais detalhes sobre uma área específica.

4. Os escritos de Ellen White são também comparados a um telescópio focado sobre o sol da Bíblia.

Os escritos de Ellen White cumprem a função de dirigir a atenção do povo para a Bíblia. Seus escritos ajudam as pessoas a entender a Bíblia ao incutir ainda mais a verdade já revelada, despertando a mente e simplificando a verdade. Além disso, os escritos dela nos ensinam como aplicar os princípios bíblicos a nossa vida diária.

Mesnick M. W. Ataupah | Palembang, Indonésia

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quarta-feira, 11 de março de 2009

Interpretando os escritos Proféticos - 11/03/2009 a 14/03/2009

Quarta, 11 de março

Evidência

Luz brilhando em lugar escuro


Interpretando os escritos proféticos4. Em Isaías 65:17, a que novo céu e nova Terra o profeta se refere? É a Nova Terra que os cristãos esperam no futuro?

Morte na Nova Terra? O contexto estrito mostra que Isaías descreve uma “nova criação” que teria existido se Israel, depois da volta do cativeiro babilônico, tivesse permanecido fiel a Deus e cumprido a comissão divina de ser uma luz para o mundo (Is 42:6). Infelizmente, isso não aconteceu, e assim, a profecia, que era condicional, não se cumpriu. Não obstante, em sentido secundário, esses versos apontam para o Novo Céu e a Nova Terra que existirão no fim do milênio.

5. Em Parábolas de Jesus, Ellen White faz a declaração de que “nunca se deve ensinar aos que aceitam o Salvador, conquanto sincera sua conversão, que digam ou sintam que estão salvos” (p. 155). Isso significa que nunca podemos estar certos da nossa salvação? 1Jo 5:12, 13

O contexto estrito deixa claro que ela estava tratando da questão da confiança própria e das tentações depois da conversão, mas isso não significa que, em Jesus, não possamos ter a certeza diária da salvação.

Na Bíblia, aprendemos que, antes do pecado, Deus visitava pessoalmente os seres humanos. Contudo, após terem caído na tentação de Satanás, as faculdades mentais e espirituais dos seres humanos se tornaram embotadas, e eles não mais puderam encontrar a Deus por si mesmos. E, então, o Senhor tomou a iniciativa ao enviar Seu Filho Jesus para que os seres humanos pudessem conhecer a Deus, pessoalmente, através d'Ele (Ef 1:9; 1Tm 3:16; Jo 1:14-18).

Jesus, após ressuscitar, revelou-Se aos discípulos no caminho para Emaús. “E começou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dEle, iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os Profetas” (Lc 24:27). Para interpretar aos discípulos as profecias sobre o Messias e a obra que Ele veio realizar, que melhor autoridade haveria do que o próprio Cristo – a Palavra que no princípio estava com Deus (Jo 1:1, 2)?

Ellen White recebeu o dom de profecia a fim de conduzir o povo de Deus dos últimos dias de volta à Bíblia e a Cristo (2Tm 3:16). Precisamos sempre nos lembrar de que os escritos dela não devem substituir a Bíblia nem se tornar uma “segunda Bíblia” para nós. Ao contrário, seus escritos são uma luz brilhando num lugar escuro para nos levar à luz maior – as Escrituras. “À Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:20).

Posman Simanjuntak | Palembang, Indonésia

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terça-feira, 10 de março de 2009

Interpretando os escritos Proféticos - 10/03/2009 a 14/03/2009

Terça, 10 de março

Testemunho

A profecia se cumpre


Interpretando os Escritos Proféticos3. O que Jeremias descreve no capítulo 4:23-26?

Quem lê esses textos, pode pensar que o profeta está falando no milênio. Mas o contexto dessa passagem é a destruição de Jerusalém em 586 a.C. Ao lermos Ellen White, precisamos também levar em conta tempo e circunstâncias. Em 1897, a Sra. White escreveu que “do dinheiro despendido em bicicletas e roupas, e outras coisas desnecessárias, deve-se dar contas” (Testemunhos Para Ministros, p. 398). No fim do século 19, a bicicleta era um custoso artigo de luxo. Quando se tornou um meio útil e barato de transporte, ela nunca mais falou contra bicicletas.

“Uma ocasião, achando-me na cidade de Nova Iorque, fui convidada, à noite, para contemplar os edifícios que se erguiam, andar sobre andar, para o céu. Garantia-se que esses edifícios seriam à prova de fogo, e haviam sido construídos para glorificar seus proprietários e construtores. Erguiam-se eles cada vez mais alto, e neles era empregado o mais precioso material. Aqueles a quem essas construções pertenciam não perguntavam a si mesmos: ‘Como melhor poderemos glorificar a Deus?’ O Senhor não fazia parte de suas cogitações” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 12).

“A cena que em seguida passou perante mim foi um alarme de fogo. Os homens olhavam aos altos edifícios, supostamente à prova de fogo, e diziam: ‘Estão perfeitamente seguros.’ Mas esses edifícios foram consumidos como se fossem feitos de piche. Os aparelhos contra incêndios nada podiam fazer para deter a destruição. Os bombeiros não podiam fazer funcionar as máquinas.

“Fui instruída que, quando vier o tempo do Senhor, se não houver sido realizada mudança no coração dos soberbos, ambiciosos seres humanos, descobrirão os homens que a mão que fora forte para salvar, será igualmente forte para destruir. Nenhuma força terrestre poderá deter a mão de Deus. Não há como, na construção de edifícios, usar material que os preserve da destruição quando vier o tempo determinado por Deus para fazer cair sobre os homens as retribuições do desrespeito à Sua lei e também da ambição egoísta” (Ibid., p. 13).

“Vivemos nas cenas finais da história da Terra. A profecia cumpre-se rapidamente. As horas de graça escoam-se depressa. Não temos tempo, nem um momento a perder. Não sejamos achados dormindo no posto do dever. Ninguém diga em seu coração ou por suas obras: ‘Meu Senhor tarde virá’ (Mt 24:48). Que a mensagem da breve volta de Cristo ressoe em fervorosas palavras de advertência. Sejamos insistentes com homens e mulheres de toda parte para que se arrependam e fujam da ira vindoura. Façamos com que despertem e sejam levandos a preparar-se imediatamente, pois pouco imaginamos o que está diante de nós. Saiam pastores e membros leigos para os campos a fim de dizer aos despreocupados e indiferentes que busquem ao Senhor enquanto Se pode achar. Os obreiros encontrarão sua seara onde quer que proclamem as esquecidas verdades da Bíblia. Encontrarão pessoas que aceitarão a verdade e dedicarão a vida à conquista de outros para Cristo” (Ibid., v. 8, p. 252, 253).

Osvald Taroreh | Jacarta, Indonésia

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segunda-feira, 9 de março de 2009

Interpretando os Escritos Proféticos - 09/03/2009 a 14/03/2009

Segunda, 9 de março

Exposição
Enfoque em Cristo


Enfoque em Cristo2. Qual era o reino que Jesus proclamava estar próximo em Marcos 1:15?

O reino que Jesus estava proclamando era o reino da graça, que Ele estabeleceu no primeiro advento. Mas um pregador dos dias de hoje pode usar o texto para dizer que o reino de Deus está próximo. Tal reino não é mais o da graça, mas o da glória, que Cristo inaugurará na segunda vinda. A primeira interpretação de Marcos 1:15 é exegética, a segundo, é homilética (homilética é a arte de pregar).

Frequentemente, Ellen G. White usava as Escrituras homileticamente. Por exemplo, falando sobre a boa postura, ela diz: “Entre as primeiras coisas que se deve ter em vista está a postura correta, estando sentado ou em pé. Deus fez o homem ereto e deseja que ele obtenha não somente o benefício físico, mas também mental e moral, graça, dignidade, compostura, ânimo e autoconfiança que essa atitude correta tende a promover de maneira tão evidente” (Educação, p. 198). Esta expressão: “Deus fez o homem ereto” é uma citação de Eclesiastes 7:29, mas quando Salomão escreveu Eclesiastes, estava se referindo à retidão moral, não à postura.

Regras básicas de interpretação (2Pe 1:20). Muitas vezes, surgem mal-entendidos quando uma declaração é tirada de seu contexto. O contexto inclui tanto as pistas internas quanto externas que estabelecem a verdade sobre qualquer declaração que esteja sendo considerada.

Internamente, em geral obtemos um quadro claro do que o autor quer dizer ao lermos as palavras, frases, parágrafos, e mesmo capítulos que cercam uma declaração de difícil compreensão. Precisamos reconhecer que a Bíblia e os escritos de Ellen White são produto de inspiração de idéias, não de inspiração verbal, e que a definição de algumas palavras pode mudar à medida que o tempo passa. Também precisamos compreender o significado da frase em que uma palavra é usada e reconhecer que o significado de determinadas palavras pode mudar quando elas são usadas num novo contexto.1

Externamente, devemos fazer perguntas cujas respostas podem nos ajudar a compreender. Por exemplo: Quando? Onde? Por quê? Precisamos considerar tudo que um profeta disse sobre o assunto em discussão, compreender o contexto histórico da profecia antes de chegarmos a uma conclusão sobre ele. Além disso, precisamos levar em conta o amadurecimento dos autores, até mesmo profetas, pois a verdade é revelada a eles só na medida em que eles são capazes de compreendê-la. Em alguns casos, uma pessoa precisa compreender a experiência de um evento antes de compreender a verdade do evento. Na Bíblia ou nos escritos de Ellen White, nem tudo pode ser compreendido à primeira vista, ou mesmo após anos de estudo.2

Coisas importantes ao serem interpretados os escritos de Ellen White (Cl 1:9). Primeiro, comece seu estudo com uma oração em busca de orientação e entendimento. O Espírito Santo, que inspirou a obra dos profetas ao longo dos séculos, é o único que está em posição de desvendar o significado desses escritos. Segundo, mantenha a mente aberta ao empreender o estudo. A maioria de nós compreende que nenhuma pessoa está livre de idéias preconcebidas. Reconheça também que as idéias preconcebidas entram em todas as áreas de nossa vida. Mas não precisamos deixar que nossas idéias preconcebidas nos controlem. Terceiro, leia com fé os escritos de Ellen White e não duvide.3 “Muitos consideram virtude e indício de inteligência mostrar-se incrédulo, questionar e contrafazer. Os que querem duvidar têm suficiente oportunidade para isso. Deus não Se propõe a fazer desaparecer toda ocasião para a incredulidade. Apresenta evidências que precisam ser cuidadosamente investigadas com espírito humilde e suscetível ao ensino; e todos devem julgar pela força dessas mesmas evidências (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 255).

Evite interpretações extremistas (Jo 16:5-13). Parte de nossa tarefa ao ler Ellen White ou qualquer outro profeta é evitar interpretações extremistas e compreender sua mensagem no devido equilíbrio. Isso, por sua vez, significa que precisamos ler os conselhos de um profeta a partir de ambos os extremos do espectro de um dado assunto. “[Muitos] tiram conclusões extremadas do que me foi mostrado em visão, e as usam de tal maneira a enfraquecer a fé de muitos naquilo que Deus tem mostrado” (Ibid., v. 1, p. 166).

Um exemplo disso é o conselho de Ellen White contra o participar de jogos. “Entregando-se a diversões, jogos competitivos e façanhas pugilísticas, eles declararam ao mundo que Cristo não era seu guia em nenhuma destas coisas.” Esta declaração tem levado muitos a concluir que Deus reprova todos os jogos e brincadeiras com bola. Contudo, como ocorre com todas as interpretações extremadas, deve-se usar de cautela, pois a segunda sentença depois desta diz: “O que me oprime agora é o perigo de cair no outro extremo” (Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 378).

Ellen White não tomou posição em nenhum dos dois extremos sobre o assunto de brincadeiras com bola e jogos. “Caso reunissem as crianças bem junto de vocês, e lhes mostrassem que as amam, e manifestassem interesse em todos os seus esforços, e mesmo em seus esportes, tornando-se por vezes uma criança entre elas, vocês dariam a elas muita satisfação e lhes granjeariam o amor e a confiança” (Ibid, p. 18).

É importante ler o espectro total do que Ellen White escreveu sobre um assunto antes de chegar a quaisquer conclusões. Quando compreendemos por que ela escreveu sobre um assunto da maneira como o fez, podemos ver que certos trechos que parecem ser contraditórios muitas vezes equilibram um ao outro.4

O fato de sempre pedirmos que o Espírito Santo de Deus guie nossa mente com sabedoria ao lermos, pode evitar que tiremos conclusões precipitadas, errôneas, que os profetas jamais planejaram.

Foco em Cristo (1Jo 5:12, 13). Todo motivo que há por trás da profecia é testificar sobre Jesus Cristo e colocá-Lo no centro de tudo. Quando estamos interpretando os escritos de Ellen White, ou de qualquer outro profeta, precisamos nos concentrar em Cristo e Sua segunda vinda, e em como Ele deseja que nos preparemos para Sua volta. Esse é o grande tema.

1. Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p. 388-391.
2. Ibid., p. 394-405.
3. George R. Knight, Reading Ellen White (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 1997), p. 43, 44.
4. Ibid., p. 63-69.

Henky Wijaya | Malang, Indonésia

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domingo, 8 de março de 2009

Interpretando os Escritos Proféticos - 08/03/2009 a 14/03/2009

INTERPRETANDO OS ESCRITOS PROFÉTICOS

Interpretando os Escritos Proféticos“E começou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dEle, iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os profetas” (Lc 24:27).

Prévia da semana: Assim como a interpretação das Escrituras exige o emprego de métodos sólidos de interpretação, também os escritos de Ellen G. White precisam ser estudados cuidadosamente a fim de entendermos com precisão seu significado.

Leitura adicional: Nisto Cremos, p. 291-307

Domingo, 8 de março

Introdução
Análise de erros

1. Qual é o significado original ou exegético de Romanos 2:14-16? Compare com Ez 3:17-19; Rm 10:12-17

“Há, entre os gentios, pessoas que servem a Deus sem saber como, a quem a luz nunca foi apresentada por instrumentos humanos; todavia não perecerão. Conquanto desconheçam a lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram o que a lei requer. Suas obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou o coração, e são reconhecidos como filhos de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 638).

O poder preditivo das estatísticas ainda está sujeito ao erro. A validade e exatidão de uma predição depende dos dados prévios usados e da diferença entre a predição e o verdadeiro resultado. Essa análise é chamada “análise de erros”. Os dados usados para criar a equação determinam o grau do erro padrão. Quanto maior o erro padrão, menos confiável é a equação usada e a predição. Uma boa análise de erros mostra onde estão as falhas e quais medidas têm que ser tomadas para aumentar a validade da predição.

Muitos dicionários definem o termo “profético” significando que ele contém a natureza de predição. Portanto, esses conceitos referentes à estatística podem ser usados para escritos proféticos. A interpretação de escritos proféticos precisa ser vista através da análise de erros. Muitas pessoas afirmam ter o dom profético, mas a análise de erros mostra que todas as suas afirmações não passam de adivinhações erradas. Só se pode predizer e interpretar o futuro perguntando-se ao “Deus nos céus que revela os mistérios” (Dn 2:28).

Os adventistas do sétimo dia creem que Ellen White foi agraciada com o dom de profecia. A pergunta seguinte é: Como interpretamos os escritos dela? Usando a análise de erros em seus escritos, com um nível de 95% de confiança, podemos estar seguros de que o que ela escreveu foi inspirado por Deus e tem-se demonstrado verdadeiro.1

No passado, ela lembrou às pessoas o perigo da nicotina, do álcool, da carne, da cafeína e de um estilo de vida sedentário. Naquele tempo, muitas pessoas zombaram de suas idéias. Contudo, a pesquisa científica atual tem demonstrado que é verdadeiro o que ela escreveu sobre esses assuntos. O número de adventistas do sétimo dia que praticam as orientações de saúde da Igreja e que, por isso, têm vida longa e saudável, está aumentando, o que os coloca entre as pessoas mais sadias do mundo.2

Nesta semana, aprenderemos mais sobre os escritores proféticos – não apenas sobre Ellen White – e como interpretamos e analisamos seus erros.

1. D. S. McMahon, editor. Acquired or Inspired? Exploring the Origins of the Adventist Lifestyle (Australia, Victoria: Signs Publishing Company, 2005), p. 141, 146, 147.
2. National Geographic, “The Secrets of Long Life”, nov. 2005.

Daniel Saputra | Palembang, Indonésia

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