terça-feira, 14 de junho de 2011

Toque de fé - 14/06/2011 a 18/06/2011

Terça, 14 de junho

Exposição
Afeição infantil


Por que será que Jesus disse que precisamos nos tornar como criancinhas? As crianças são tão honestas – mas, na maneira de vestir, não estamos sempre lidando com honestidade, não é? Afinal, as roupas são para encobrir algo.

Parece-me que o vestuário vai além da soma de fibras naturais e artificiais tecidas e transformadas em coberturas para o corpo. Sem elas, ficamos infantis e vulneráveis. Com elas, podemos nos definir. Sem elas, nosso eu vulnerável é exposto. E, na maioria das culturas, certamente nos tempos bíblicos, as roupas definem as pessoas e posições que elas ocupam.

Sempre, desde que Deus cobriu um infeliz casal com peles de animais, roupas têm sido a transição necessária entre o que nós somos, o que dizemos que somos e como os outros nos veem. As roupas podem esconder ou revelar a verdadeira pessoa. Vamos estudar alguns exemplos.

O sumo-sacerdote (Mt 26:59-68). As vestes usadas pelos sumo-sacerdotes foram especificadas por Deus quanto ao seu estilo e limpeza. Sem estar coberto, o sacerdote jamais deveria se atrever a entrar no Templo e se apresentar diante de Deus. De certa forma, ele estava vestido em glória emprestada. Certamente esse era o motivo pelo qual ele era proibido, sob pena de morte, de rasgar suas roupas – mesmo sendo um costume entre os enlutados ou angustiados. O homem debaixo das vestes não deveria se intrometer. Então, o ato do sumo-sacerdote quando supostamente indignado ao Jesus afirmar Sua divindade era, na realidade, uma revelação de seu próprio pecado e nudez.

As vestes de Jesus (Mt 27:27-29; Mc 5:24-34; Jo 13:1-16; 19:23, 24). A mulher com o fluxo de sangue não era tão hesitante como imaginamos. Jesus era, afinal, um rabi com alguma conexão divina. Como tal, Sua habilidade para curar, especialmente quando os médicos não poderiam, havia se espalhado por todo lugar. Assim como o sumo-sacerdote, Suas roupas, independentemente de seu modelo, eram o crachá de ofício, e tocá-las – ainda que só a orla – era tocar o portador do cargo.

Os guardas de Pilatos devem ter entendido a indireta do governador de que Jesus era mais do que um professor cujas ideias inflamavam o ódio dos sacerdotes. Com certeza, eles concordavam com a visão romana de que os intrometidos sacerdotes eram apenas uma peculiaridade de uma cultura estrangeira. Eles não se importavam com nenhum outro rei além de César. Sem dúvida eles preferiram torturar um rei popular dos judeus ao invés de outro revolucionário. Esses guardas colocaram em Jesus um manto vermelho e então começaram a zombar dEle como rei. Onde eles conseguiram esse manto? Normalmente algo assim custaria mais do que suas remunerações salariais, e seria proibido para sua posição social. É possível que Pilatos o tenha dado a eles. Afinal, para ele, as roupas pareciam fazer o homem.

Os soldados romanos na cruz, dividindo as roupas de Cristo viram somente o guarda-roupa de um criminoso. Elas eram usadas como despojos de seu comércio. Eles sabiam que estavam dilacerando também a vida da pessoa ao dividirem as roupas, mas esse era o ponto. Naquele momento, imaginavam que Jesus estava nas mãos deles. Deve ter sido chocante encontrar a túnica sem costura. Isso era sinal de riqueza além do perfil comum de uma pessoa considerada de pouco benefício para a sociedade. Quão irônico eles terem definido a Jesus por Suas roupas terrestres, ao invés de considerar Sua divindade!

Quando comemoramos a Santa Ceia, frequentemente separamos tempo para visualizar o que realmente aconteceu quando Jesus ministrou aos Seus discípulos, lavando seus pés. Ele Se abaixou para executar o que somente um servo faria. Mas, na maneira de Se vestir, Ele Se elevou. Jesus “tirou Sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura.” Então, após lavar os pés dos discípulos, Ele foi “enxugando-os com a toalha que estava em Sua cintura” (Jo 13:5). Assim como logo aconteceria na cruz, Suas vestes foram removidas e postas de lado. Como o vinho e o pão, Jesus estava entregando Seu ser, a forma humana de Si próprio, a fim de oferecer aos Seus seguidores Seu íntimo. Nenhuma roupa em forma de pecador coberto por pele ou mesmo vestes sacerdotais facilmente rasgáveis poderiam ser suficientes. Ao invés disso, Ele deu Seu corpo como prova de Sua realidade. Roupas podem fazer um homem, mas certamente não um Deus.

Pense nisto


1. Teria sido mais apropriado para a mulher com o fluxo ter tocado no próprio Jesus? Por que sim ou por que não?
2. Como as roupas podem mostrar nosso estado espiritual?

Mãos à Bíblia

“O sumo sacerdote, aquele entre seus irmãos sobre cuja cabeça tiver sido derramado o óleo da unção, e que tiver sido consagrado para usar as vestes sacerdotais, não andará descabelado, nem rasgará as roupas em sinal de luto” (Lv 21:10).

5. O que podemos ler na atitude do sumo sacerdote, ao rasgar suas vestes, em reação à resposta que Cristo lhe deu? Mt 26:59-68; Mc 15:38; Hb 8:1

Ao rasgar as próprias vestes, Caifás demonstrava horror diante da suposta blasfêmia que diziam ter Cristo proferido, ao Se declarar Filho de Deus. A lei mosaica proibia ao sumo sacerdote rasgar suas vestes clericais (Lv 10:6; 21:10). Elas simbolizavam a perfeição do caráter de Deus. Rasgá-las era o mesmo que profanar o caráter divino. Assim, Caifás era culpado de transgredir a própria lei que ele mesmo defendia. Isso o tornava indigno de seu ofício. O simbolismo do gesto de rasgar as vestes era profundo. Era o começo do fim de todo o sistema terrestre de sacerdócio e sacrifício.

Lincoln E. Steed – Hagerstown, EUA

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