sábado, 14 de junho de 2008

O Poder de Sua Ressurreição - Resumo Semanal


O poder de Sua ressurreição

José Carlos Ramos, D. Min.
UNASP-EC, junho de 2008

Introdução

Alguém disse, a meu ver sem exageros, que da ressurreição de Jesus tudo depende. Cristo poderia ser Deus, como Ele sempre foi e é; poderia ter-Se submetido ao processo da encarnação, vivido a vida humana, sem pecado, pregando a mensagem do reino e morrido na cruz. Mas se Ele não tivesse ressuscitado, cada coisa que fez não teria sido de nenhum proveito para nós. Nossa vida, a exemplo de Sua missão na Terra, acabaria na sepultura. “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram [ou ‘estão perdidos’, como diz outra versão]” (1Co 15:17, 18). Sem a ressurreição, o Evangelho, “o poder de Deus para a salvação” (Rm 1:16), seria plenamente ineficaz. Como diz Emile Brunner, “sem a mensagem da ressurreição de Jesus, a mensagem de Sua morte redentora é nada”. De fato, Paulo declara: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa fé” (v. 14). “Não haveria nenhum evangelho, nenhuma narrativa, nenhuma carta no Novo Testamento, nenhuma fé, nenhuma igreja, nenhum culto, nenhuma oração na cristandade até o dia de hoje” (Günter Bornkamm, Jesus of Nazareth, pág. 181). Em outras palavras, o cristianismo simplesmente não existiria.

A história da ressurreição
8 e 9 de junho de 2008

A lição começa por afirmar que judaísmo e cristianismo são as únicas religiões mundiais que admitem a ressurreição. Já que esta, principalmente para o segundo, é de transcendental importância, não é de admirar que o inimigo, cedo, procurou conspirar contra ela. Isso se nota não apenas no fato de que a maioria das religiões pagãs não admite a ressurreição, mas principalmente porque, tanto entre judeus como entre cristãos, surgiram conceitos desfavorecendo essa crença. No seio do judaísmo, o diabo fez medrar uma seita conhecida como a dos saduceus. Essa crença negava a ressurreição (Lc 20:27); Os saduceus compunham a maioria dos membros da casta sacerdotal do templo, e foram os responsáveis mais diretos pela condenação de Jesus e os mais francos opositores à pregação inicial do Evangelho anunciando ser Ele o ressurreto (At 4:1 e 2).
Quanto ao cristianismo, a crença na imortalidade da alma ganhou significativo espaço tão logo a apostasia se tornou realidade; e, se é verdade que essa filosofia não eliminou de todo a crença na ressurreição (ela, todavia, abriu as portas para a total negação da ressurreição sustentada pelo espiritismo), é verdade também que ela a eclipsou, impondo-lhe um lugar secundário. Com efeito, se o homem vai para o Céu logo que morre, por que precisamos da ressurreição?
A lição de segunda-feira pergunta: “O que existe de tão importante para a nossa fé na ressurreição?” Em outros termos, por que é a ressurreição de Jesus tão crucial para a fé cristã?
Bem, esta pergunta é parcialmente respondida em minha introdução. Acrescento o seguinte: É-nos dito que, através de Sua morte, Cristo destruiu “aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” (Hb 2:14). Isto significa salvação para o pecador. Não seria, então, suficiente a morte de Jesus? Evidentemente, não. Que segurança haveria de que Jesus realmente triunfou sobre a morte se não tivesse Ele ressuscitado? Se a morte O tivesse mantido no sepulcro, como poderia ser Ele “a ressurreição e a vida” (Jo 11:25), o outorgador da vida para aqueles que crêem? Se a ressurreição de Jesus não tivesse ocorrido, a inteira missão de Sua vida e o pleno propósito de Sua morte teriam fracassado, e o processo de salvação seria uma farsa. Além do mais, sem Sua obra mediadora, que Ele cumpre no santuário celestial, Seu sacrifício não alcançaria o objetivo; e Ele cumpre tal obra porque ressuscitou e ascendeu ao Céu.
“Mas de fato”, como diz Paulo, “Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo Ele as primícias dos que dormem” (1Co 15:20). Ele é o primeiro fruto de Sua própria vitória na cruz. Ele destruiu o poder da morte e isto tornou a morte incapaz de retê-Lo (At 2:24). A ressurreição, portanto, reivindica todas as palavras e obras de Cristo (a obra do Calvário em particular) e as atestam como verdadeiras e eficazes. Assim, é impossível exagerar a importância da ressurreição de Jesus. Ela é a pedra fundamental da fé cristã.
Além disso, a ressurreição é prova inconteste da divindade de Jesus. Paulo declara que Ele “foi poderosamente demonstrado Filho de Deus, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos” (Rm 1:4). Para a igreja apostólica, a ressurreição de Jesus era uma confissão de fé (Rm 10:9) expressa em sermões, hinos e orações. Todo o Novo Testamento evidencia este fato. O lugar central que a ressurreição ocupa em Atos, por exemplo, é observado já no primeiro capítulo onde apenas uma testemunha ocular do Cristo ressurreto teria condições de ocupar o lugar de Judas como apóstolo (v. 22). Os vários discursos e outros eventos narrados no livro são freqüentemente ligados à ressurreição (2:22-36; 3:13-26; 4:2; 5:29-32, etc.).

Capacitou um movimento
10 de junho de 2008

A Bíblia anuncia a ressurreição desde as primeiras páginas do Antigo Testamento, mas inegavelmente é o fato de Jesus ter ressuscitado que reafirma e consolida definitivamente essa grande verdade. E não há razão para a mínima dúvida de que Jesus ressuscitou, pois a trajetória triunfante da pregação apostólica é clara evidência disso. Infelizmente, num mundo caracterizado pela descrença e o secularismo, existe uma tendência cada vez mais forte, mesmo nos círculos teológicos (veja nota de abertura da lição de quinta-feira), de se rejeitar a ressurreição literal de Jesus, com base nas conclusões do moderno criticismo histórico. Mas negá-la é fechar os olhos à própria realidade do cristianismo.
Todo oponente da crença na ressurreição deveria reconhecer que a existência do cristianismo é suficiente evidência de que a ressurreição de Jesus realmente ocorreu. Como Alan Richardson declara, “o evento da ressurreição pode explicar a origem da fé cristã; mas como poderíamos ao menos explicar a origem da crença... se mantivéssemos a hipótese de um Messias que sofreu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, e cujo corpo jaz desfeito numa sepultura pertencente a um dos membros do Sinédrio? Os eventos precedem a fé e explicam sua origem. A fé não pode ter dado origem a mitos e lendas sobre eventos fictícios”.

Proveu autoridade para testemunhar
11 de junho de 2008

É verdade que a razão não pode explicar a ressurreição, pois esta se situa além daquela. Mas não pode, igualmente, negá-la sem transpor seus próprios parâmetros, sem ser incoerente com ela mesma. A propósito, George E. Ladd lembra: “A fé na ressurreição, a certeza de que Jesus está vivo outra vez, é um fato da história e aqueles que negam que Jesus ressuscitou dentre os mortos sentem a pressão de tentar explicar historicamente o que causou a crença na ressurreição”.
Como é que um pequeno grupo de discípulos amedrontados (veja Jo 20:19), de repente é arrebatado por irresistível ardor, e eles, plenos de entusiasmo, deixam o refúgio das “portas trancadas” e ousadamente saem para proclamar, com todo vigor e energia, uma mensagem que lhes poderia custar a vida? E ainda, com esta proclamação, abalar um poderosíssimo império como o dos romanos? Para a mente que rejeita a ressurreição, essa admirável mudança de comportamento é simplesmente inexplicável.
Só a certeza de que Jesus havia ressuscitado, que se encontrava no Céu, velando por Seu povo e dotando-o do poder para dar testemunho “destas coisas” (Lc 24:48), somada à indução do Espírito Santo, poderia levá-los, em apenas trinta e poucos anos, a proclamar, com toda autoridade, a mensagem a cruz “a toda criatura debaixo do céu” (Cl 1:23). E só o fato de Jesus ter sido vitorioso sobre a própria morte, e, portanto, sobre todo e qualquer inimigo, poderia capacitá-los a realizar os sinais e prodígios que marcaram o avanço triunfante do evangelho no primeiro século.

Certeza de nossa ressurreição
12 de junho de 2008

A lição de hoje pressupõe a solidariedade que existe entre Cristo e Seus seguidores. “...Porque Eu vivo, vós também vivereis”, disse Jesus (Jo 14:19); o sentido primário dessa promessa é que os que dormem em Cristo ressuscitarão um dia para não mais morrer; isso, é claro, ocorrerá por ocasião de Sua segunda vinda (1Co 15:51-58 e 1Ts 4:13-18). Portanto, Sua ressurreição é a garantia de nossa ressurreição.
Paulo discute esse ponto especialmente em 1 Coríntios 15, o grande capítulo da ressurreição. Ele declara que, da mesma forma que há uma solidariedade de morte entre o primeiro Adão e os que dele procedem, há uma solidariedade de vida entre o segundo Adão, Jesus, e Seus seguidores, os que nasceram da fé. “Como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo... O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do Céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais” (v. 22, 47 e 48).
Cristo é aí chamado “primícias dos que dormem” (v. 20), precisamente porque Sua ressurreição encabeça a de um grande número de salvos que desfrutarão igual experiência; Sua ressurreição é o modelo de quantos vierem a ressuscitar para a vida eterna. Mais que isso, Ele entrou no Céu como nosso “precursor” (Hb 6:20), Aquele que foi adiante de nós para nos preparar lugar e então receber-nos (Jo 14:2 e 3).
Mas, para que Sua ressurreição seja também a nossa, precisamos ser solidários com Ele também em Sua morte. Como assim?
Bem, é aqui que devemos considerar a ressurreição de Jesus, além de um evento literal, uma figura de realidades espirituais vinculadas à experiência da conversão. Como diz a lição, “para nós, não existe perigo em utilizar a ressurreição como metáfora, desde que tomemos a Palavra de Deus pelo que ela diz”. E o que ela diz a esse respeito?
Além de nos informar que Jesus realmente ressuscitou (isto é, a ressurreição de Jesus é fato inconteste), ela deixa claro que a experiência autêntica da salvação provida pelo evangelho está crucialmente relacionada tanto com a morte como com a ressurreição de Jesus.
Geralmente, o batismo é considerado um símbolo desse duplo fato. Mas ele tem a ver mais com realidades do que com símbolos. O batismo não somente representa, mas de fato sela nossa união com Cristo pela fé. No momento em que somos unidos a Cristo, nossa experiência de salvação se torna real.

Por isso, a ressurreição de Cristo é essencial. “Porque se fomos unidos com Ele na semelhança da Sua morte, certamente o seremos também na semelhança de Sua ressurreição” (Rm 6:5). Paulo repetiu esta verdade quando disse à igreja de Colossos: “Tendo sido sepultados juntamente com Ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que O ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2:12). “Mediante a fé” indica que o batismo meramente como ato externo não tem valor, e que ele deve ser fruto da fé pela qual somos justificados e aceitos por Deus. Tal fé é salvífica porque, a semelhança da fé que teve Abraão, que creu no Deus que dá vida aos mortos (Rm 4:17, 19; Hb 12:17, 18) e foi justificado, aqui também somos levados a crer no Deus “que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4:24, 25).
Morrer com Cristo significa morrer para o pecado (Rm 6:11), para uma condição e resultante comportamento de rebelião contra Deus e desprezo por Sua Palavra; e ressuscitar com Cristo significa renascer para uma nova vida de obediência e submissão à Sua vontade; é viver para a justiça (veja 1Pe 2:24).

Quando Cristo morreu na cruz, o poder da morte chegou ao fim. Sua ressurreição é a prova deste fato. Ele penetrou o “vale da sombra da morte” e saiu vitorioso do outro lado. Ele abriu caminho à vida. Agora, tudo o que o pecador tem a fazer é seguir os passos do Mestre, isto é, morrer com Cristo e ressuscitar com Ele. Essa é a forma pela qual a vitória de Cristo se torna a sua vitória. “Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15:57), exclama Paulo concluindo sua abordagem da ressurreição final.

Com efeito, Jesus garantiu àquele que nEle crê: “Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:40). Engrandecido seja o Seu nome!

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