sábado, 3 de janeiro de 2009

Meios de Comunicação do Céu - 03/01/2009 a 03/01/2009

Meios de Comunicação do Céu
Resumo semanal - 28/12/2008 a 03/01/2009


Alberto R. Timm, PhD

Reitor do SALT e Coordenador do Espírito de Profecia
Divisão Sul-Americana da IASD
Brasília, DF

O amor precisa sempre ser expresso e, por isso, quem ama se comunica com a pessoa amada. ­Deus criou os seres humanos como manifestação do Seu amor, portanto, Ele precisava Se comunicar com eles. Assim, tão logo nossos primeiros pais foram criados, foi isso que Ele passou a fazer. As primeiras palavras de ­Deus aos seres humanos, registradas na Bíblia, foram o imperativo: “Sede fe­cundos, multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a...” (Gn 1:28). Seguiu-se a advertência de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:16, 17). Em realidade, Adão “andava e falava com ­Deus no Éden” (O Maior Dis­curso de Cristo, p. 27).

De acordo com Gênesis 3, a queda de nossos primeiros pais rompeu o convívio face a face entre o Criador e Suas criaturas, deixando após si profundas sequelas espirituais (v. 8 – “esconderam-se da presença do Senhor ­Deus”), psicológicas (v. 10 – “medo”), sociais (v. 12, 13 – a­cusações mútuas), físicas (v. 16, 19 – “sofrimentos”, “dores”, “suor do rosto” e morte) e ecológicas (v. 17, 18 – “maldita é a terra”). Isaías 59:2 acrescenta: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso ­Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que vos não ouça.”

A plenitude da glória do ­Deus santo e perfeito, que “é fogo consumidor” para o pecado (Hb 12:29), não mais poderia ser vista por seres pecaminosos (Jo 1:18; 1Tm 6:15, 16; 1Jo 4:12). Então, Ele passou a usar alguns meios que possibilitassem Sua comunicação com os seres humanos, sem que Sua glória os destruísse. Hebreus 1:1, 2 declara: “Havendo ­Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o Universo.” Entre as “muitas maneiras” de ­Deus Se comunicar estão as formas gerais e especiais de revelação.

Revelações gerais

Deus Se revela de forma geral através da natureza e da história humana. A natureza evidencia o poder criador, mantenedor e restaurador de ­Deus. No Salmo 19:1 Davi declara: “Os céus proclamam a glória de ­Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos.” Isaías 40:26 acrescenta: “Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o Seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais Ele chama pelo nome; por ser Ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar.”

Os mistérios da preservação do Universo e da perpetuação da vida revelam a poderosa atuação divina. No livro Caminho a Cristo, p. 85, ­Ellen G. ­White afirma: “Muitas são as maneiras pelas quais ­Deus pro­cura revelar-Se a nós e pôr-nos em comunhão com Ele. A natureza fala sem cessar aos nossos sentidos. O coração aberto é impressionado com o amor e a glória de ­Deus manifestados nas obras de Suas mãos. O ouvido atento ouve e compreende as comunicações de ­Deus pelos objetos da natureza. Os verdejantes campos, as árvores altaneiras, os botões e as flores, a nuvem que passa, a chuva, o rumorejante regato, as glórias do firmamento, tudo nos fala ao coração, convidando-nos a familiarizar-nos com Aquele que os criou a todos.”

Evidências do poder restaurador de ­Deus são encontradas no misterioso processo de renovação da natureza. O livro Educação, p. 27, esclarece: “Apesar de ma­culada pelo pecado, ela [a Natureza] fala não apenas da criação mas também da redenção. Posto que a Terra testifique da maldição, com sinais evidentes de decadência, é ainda rica e bela nos indícios de um poder que confere vida. As árvores lançam suas folhas apenas para se vestirem de folhagem mais vicejante; as flores morrem, para brotar com nova beleza; e em cada manifestação do poder criador existe a segurança de que podemos de novo ser criados em ‘justiça e santidade’ (Ef 4:24). Assim, as próprias coisas e operações da Natureza que tão vividamente nos trazem ao espírito nossa grande perda, tornam-se mensageiros da esperança.”

O mesmo poder restaurador também é manifesto na preservação dos seres humanos. Em A Ciência do Bom Viver, p. 112, 113, lemos: “Por intermédio de agentes naturais, ­Deus está operando dia a dia, hora a hora, momento a momento, para nos conservar com vida, construir e restaurar-nos. Quando qualquer parte do corpo sofre um dano, principia imediatamente um processo de ­cura; os agentes da natureza põem-se em operação para restaurar a saúde. Mas o poder que opera por intermédio seu é o poder de ­Deus. Todo poder comunicador de vida tem nEle sua origem. Quando alguém se restabelece de uma enfermidade, é ­Deus que o restaura.”

Por sua vez, a história humana é o palco das providenciais ações divinas. Daniel 4:32 afirma que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer”. O livro Educação, p. 173, declara: “Nos anais da história humana o crescimento das nações, o levantamento e queda de impérios, aparecem como dependendo da vontade e façanhas do homem. O desenvolver dos acontecimentos em grande parte parece determinar-se por seu poder, ambição ou capricho. Na Palavra de ­Deus, porém, afasta-se a cortina, e contemplamos ao fundo, em cima, e em toda a marcha e contramarcha dos interesses, poderio e paixões humanas, a força de um Ser todo misericordioso, a exe­cutar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade.”

Mas tanto a natureza quanto a história são revelações parciais e ambíguas, devido à atuação do mal que permeia a ambas. No mundo natural, encontramos lindas flores, mas também espinhos; algumas plantas medicinais, e outras venenosas; alguns animais dóceis, e outros predadores. Nos anais da história encontramos demonstrações de profundo altruísmo, da parte de pessoas que sacrificaram a própria vida em favor da humanidade; mas também inúmeras guerras sangrentas, e outras manifestações de inveja, ódio e crueldade.

Portanto, a natureza e a história só poderão ser compreendidas adequadamente quando inseridas na moldura filosófica do grande conflito cósmico entre as forças do bem e os poderes do mal (veja Gn 3; Ap 12), e interpretadas à luz da Palavra de ­Deus (veja Sl 119:105; 2Pe 1:19-21).

Revelações especiais

Deus Se revelou de forma especial aos seres humanos através de profetas, das Escrituras e da pessoa de ­Jesus Cristo. O profeta (hebraico nabi) é uma pessoa chamada e capacitada por ­Deus para receber mensagens divinas e depois transmiti-las ao povo. A respeito do processo de recepção da mensagem, ­Deus menciona em Números 12:6 que “se entre vós há profeta, Eu, o Senhor, em visão a ele, Me faço conhecer ou falo com ele em sonhos”. Já o profeta deveria transmitir fielmente a palavra de ­Deus, sem quaisquer acréscimos ou supressões (veja Ez 33:1-9; Ap 22:18, 19). Essa transmissão poderia ser oral (veja Êx 4:15, 16), escrita (veja Êx 17:14) ou mesmo dramatizada (veja Ez 4:1-5:4). Enquanto que os sacerdotes divinamente escolhidos eram sempre homens, os profetas podiam ser tanto homens quanto mulheres.

A mensagem profética é sempre revestida de plena autoridade divina. Em Lucas 10:16 encontramos a seguinte advertência de Cristo: “Quem vos der ouvidos ouve-Me a Mim; e quem vos rejeitar a Mim Me rejeita; quem, porém, Me rejeitar rejeita aquele que Me enviou.” Consequentemente, a aceitação ou rejeição das mensagens proféticas podem redundar em bênçãos ou maldições e castigos para o povo (veja Dt 28; 2Cr 36:15, 16). Cristo desaprovou a tendência humana de laurear retoricamente os profetas antigos, que condenavam o mau comportamento das gerações passadas, e de rejeitar na prática os profetas mais recentes, que desaprovam os maus atos dos próprios ouvintes (veja Mt 23:29-34). Mas uma bênção especial é reservada àqueles que aceitam a mensagem profética: “Crede no Senhor, vosso ­Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis” (2Cr 20:20).

Uma das formas mais importantes de revelação especial são, sem dúvida, as Escrituras Sagradas. Entre os escritos proféticos produzidos ao logo dos tempos sob inspiração do Espírito Santo, a providência divina assistiu o processo de formação e consolidação do cânon bíblico, composto pelos 66 livros aceitos pelos protestantes. Em harmonia com os protestantes, os adventistas do sétimo dia não aceitam como canônicos ou divinamente inspirados os sete livros apócrifos (Tobias, Judite, 1 Macabeus, 2 Macabeus, Baruque, Sabedoria, e Eclesiástico) e os acréscimos aos livros de Ester (10:4 a 11:1 ou a 16:24) e Daniel (3:24-90; capítulos 13 e 14) contidos nas Bíblias católicas. Esta posição deriva do fato de que tais escritos (1) não fazem parte do cânon hebraico do Antigo Testamento; (2) não foram citados por Cristo nem pelos apóstolos no Novo Testamento; e (3) apresentam ensinamentos contrários ao restante das Escrituras. Entre esses ensinamentos encontram-se, por exemplo, as falsas teorias da existência do purgatório (Sabedoria 3:1-9; contrastar com Sl 6:5; Ec 9:5, 10); das orações pelos mortos (2 Macabeus 12:42-46; contrastar com Is 38:18 e 19); de que anjos bons mentem (Tobias 5:10-14; contrastar com Mt 22:30; Jo 8:44); de que o fundo dos órgãos de um peixe, postos sobre brasas, espantam os demônios (Tobias 6:5-8; contrastar com Mc 9:17-29); de que as esmolas expiam o pecado (Tobias 12:8 e 9; Eclesiástico 3:30; contrastar com 1Pe 1:18, 19; 1Jo 1:7-9). – Alberto R. Timm “Livros apócrifos”, Sinais dos Tempos, dezembro de 1997, p. 28.

A Bíblia é a “norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas” (O Grande Conflito, p. 595). Ela é a Palavra de ­Deus em linguagem humana, e não apenas contém a palavra de ­Deus, como querem alguns. A “união do divino com o humano” existente na Bíblia é semelhante à que “existia na natureza de Cristo, que era o Filho de Deus e o Filho do homem” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 25). Mesmo havendo sido escrita na imperfeita linguagem humana, ela é a confiável mensagem de ­Deus para os seres humanos. Aqueles que usam supostos “erros factuais” para minar a confiabilidade das Escrituras deveriam tomar mais a sério o seguinte conselho inspirado: “Irmãos, apeguem-se à Bíblia, exatamente conforme ela declara, parem com suas críticas relativamente a sua validade, e obedeçam à Palavra, e nenhum de vocês se perderá” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 18).

Mas toda a revelação profética oral, dramatizada e escrita (incluída ou não nas Escrituras) atingiu seu clímax na pessoa de ­Jesus Cristo, que é a suprema revelação de ­Deus aos seres humanos. João 5:29 relata o seguinte testemunho do próprio Cristo: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim.” Hebreus 1:1, 2 declara: “Havendo ­Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o Universo.” Cristo não apenas pregava a verdade; Ele era “a verdade” (Jo 14:6). Tão plenamente Cristo revelava o Pai, que pôde dizer: “Quem Me vê a Mim, vê o Pai” (Jo 14:9; veja também 12:45). Em realidade, “temos apenas uma fotografia perfeita de ­Deus, e esta é ­Jesus Cristo” (Comentários de Ellen G. ­White em Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 906).

Diante das várias formas de revelação divina, surge a indagação: Como podemos conhecer a vontade de ­Deus para a nossa própria vida, diante das diferentes opções que vão surgindo em nosso caminho?

Como conhecer a vontade de Deus

Muitos cristãos hoje buscam na expressão “porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2Co 3:6) um endosso para o seu profetismo místico. Desta forma, uma suposta voz do Espírito Santo falando à mente humana se transforma em substituo às Escrituras. É certo que a simples “letra” da Lei, sem o poder santificador do Espírito Santo, não passa de mero formalismo legalístico. Mas somos advertidos pelo próprio Cristo: “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus.”

Ellen G. White, em Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 512, apresenta algumas orientações muito elucidativas de como descobrir a vontade de ­Deus para nossa vida. Ela diz: “Há três modos pelos quais o Senhor revela Sua vontade a nós, para guiar-nos e capacitar-nos a conduzir outros. Como poderemos diferenciar Sua voz daquela do estranho? Como podemos distingui-la da voz do falso pastor? ­Deus nos manifesta Sua vontade [1] através das Santas Escrituras. Sua voz revela-se também [2] em Suas providenciais atuações; e nós a distinguiremos, se dEle não nos afastarmos, andando em nossos próprios caminhos, agindo segundo nossa vontade, e seguindo os impulsos de um coração não santificado, até que a percepção se torne tão confusa que as coisas eternas deixem de ser discernidas, e a voz de Satanás seja tão distinta a ponto de ser aceita como se fosse a voz de Deus.

Outro modo pelo qual se ouve a voz do Senhor é [3] mediante os apelos de Seu Santo Espírito, produzindo no coração impressões que se desenvolverão no caráter. Se você está em dúvida quanto a qualquer ponto, consulte primeiro as Escrituras.”

Portanto, para descobrirmos a vontade de ­Deus para a nossa vida, devemos buscar em primeiro lugar as Escrituras. Poderemos buscar alguma luz adicional sobre o assunto também nos escritos de Ellen G. White. Uma vez encontrando a resposta para a nossa indagação, não mais devemos buscar outras formas de “revelação” que discordem da revelação escrita. Caso, porém, a revelação escrita não aborde o assunto, podemos, então, orar pedindo que ­Deus intervenha de alguma forma no processo, ou mesmo que o Seu Espírito impressione nossa mente na direção correta. Questões que não transgridem um mandamento ou princípio divino podem ser consideradas assunto de consciência. Nestes casos, ­Deus nos concede o direito de escolha. Que Deus nos ajude para que nossa consciência esteja sempre sintonizada com a vontade de Deus!

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