sábado, 22 de novembro de 2008

Resumo Semanal - Expiação e a Encarnação - 22/11/2008 a 22/11/2008

NASCIDO DE MULHER - EXPIAÇÃO E A ENCARNAÇÃO

Resumo Semanal - 16/11/2008 a 22/11/2008


Pr. João Antonio Alves
Professor de Teologia do IAENE

Verso para Memorizar: “Vocês sabem que Ele Se manifestou para tirar nossos pecados, e nEle não há pecado” (1Jo 3:5, NVI).

Pensamento-chave: Mostrar que na pessoa e na obra de Cristo, Deus estava trazendo os seres humanos de volta à harmonia com Ele e uns com os outros.

Sem a encarnação, não haveria perdão dos pecados nem reconciliação com Deus. A encarnação do Filho de Deus em carne humana foi um elemento indispensável no plano de Deus para a salvação da humanidade. É nesse mistério que a mente humana deve se demorar, para se beneficiar da maravilha do amor de Deus revelado na pessoa encarnada do Filho de Deus. Em todos os aspectos, Deus estava agindo em conformidade com Seu plano eterno, para a salvação da humanidade. O plano incluía e encarnação de Jesus. Sem esse evento, Deus em carne, o plano teria resultado em fracasso. Mas a Deidade não voltou atrás, seguiu adiante, e, na plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher (Gl 4:4). A Majestade do Céu veio ao mundo como um bebê indefeso. Maravilha do amor! Incompreensível! Tema de estudo que desafia o intelecto. Esse é o assunto para esta semana.

O mistério da encarnação

“Se quisermos um problema difícil para se estudar, fixemos a mente no mais maravilhoso evento que teve lugar na terra e no Céu: a encarnação do Filho de Deus.” “O estudo da encarnação de Cristo é um campo frutífero, e recompensará o pesquisador que buscar diligentemente a verdade escondida” (Ellen G. White, SDABC, v. 7, p. 904, 905).

De acordo com João, o Jesus que “estava com Deus”, que “era Deus” (Jo 1:1), “Se fez carne” e “habitou entre nós” (1:14). O verbo traduzido por habitar significa literalmente “armar a tenda” ou “tabernacular”, ou seja, Jesus rompeu as barreiras levantadas pelo pecado e tornou-Se verdadeiramente “Deus conosco” (Mt 1:23). O abismo que impedia a comunicação do homem face a face com Deus foi transposto. Agora, Deus está conosco. No entanto, Ele não apareceu como um super-homem, um anjo, nem como um ser diferente dos demais de Seu tempo. Para todos os efeitos, Ele era um judeu comum, como todos os demais, e era conhecido por muitos como “o filho do carpinteiro” (Mt 13:55). Mas, para aqueles que O viam como realmente era, como Pedro, Ele era “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16), ou ainda, como Paulo, “nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 2:9).

Isto já nos adverte contra considerá-Lo menos do que realmente era. Alguns, fazendo uma leitura equivocada do mesmo apóstolo Paulo (“Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homem” (Fp 2:6, 7), interpretam o “esvaziamento” como se Jesus, em Sua humanidade, tivesse perdido alguns de Seus atributos. Uma visão equilibrada do assunto exige que seja considerada a afirmação do mesmo Paulo sobre a habitação da “plenitude da Divindade” na pessoa de Jesus. Então, de que Jesus Se esvaziou? Naturalmente, não de Seus atributos, pois Ele era plenamente Deus em carne humana. Em verdade, Jesus reteve todos os Seus atributos, mas voluntariamente desistiu de usá-los independentemente do Pai, ou de usá-los em Seu próprio favor. Totalmente Deus, mas totalmente submetido à vontade do Pai, para a salvação da humanidade.

Jesus abriu mão de muitas coisas ao aceitar ser a vítima sacrifical pelos pecados do mundo. Ele ocupava uma posição de igualdade com Deus (Fp 2:6), recebia o louvor e adoração dos santos anjos e de todo o Universo. Veio a este mundo para suportar o escárnio, a zombaria, sofrer com a rejeição daqueles pelos quais viera depor a vida (Jo 1:11) e, finalmente, ser açoitado como malfeitor e morto como criminoso. Não é possível ao ser humano sequer imaginar o que Jesus deixou ao vir a este mundo, porque não lhe foi dado contemplar as glórias celestiais. Ainda que Ele tivesse vindo como um príncipe, a glória do mundo é nada comparada ao que Ele deixou. Mas Ele não veio como príncipe, e sim como um pobre, um servo, um escravo. Nasceu na pequena e nada importante Belém, num estábulo, e repousou em uma manjedoura. Desceu da glória do Céu para a humilhação mais completa. Ellen White faz um comentário digno de reflexão acerca da decisão de Jesus em aceitar encarnar-Se: “Teria sido uma quase infinita humilhação para o Filho de Deus, revestir-Se da natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de inocência, no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado” (Desejado de Todas as Nações, p. 33).

Por quê? Porque, para os propósitos da expiação, era necessário ter Deus em carne humana. O Céu desceu até nós na pessoa de Jesus, para nos elevar de volta a Deus. Jesus é o caminho. Ele é a ponte que liga a humanidade perdida e desesperançada de volta ao trono do Pai.

Em um mundo em que as pessoas não se importam com ninguém mais além delas mesmas, em uma conduta totalmente centrada em si mesmas, em que o egoísmo pode até ser visto como virtude, Jesus irrompeu como um exemplo de total negação do eu em favor do outro. Na Sua escolha, seguiu até o fim, até a morte, “e morte de cruz” (Fp 2:8). Que pensamento! Deus Se fez carne. Deus Se humilhou por amor a você. Sente-se inspirado por este pensamento? Entregue sua vida a Ele. É tudo o que Ele quer.

Deus e a humanidade unidos

Diante do mistério, o ser humano pode aceitá-lo, ainda que não saiba como explicá-lo com argumentos logicamente organizados, ou simplesmente negar sua existência porque não se encaixa em seu sistema de pensamento. Quando confrontados com as claras afirmações das Escrituras acerca das duas naturezas de Cristo, ou seja, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, alguns podem ser tentados a estabelecer uma dicotomia entre elas a fim de que se harmonizem com seus pressupostos filosóficos ou teológicos. Nos dias do apóstolo João, uma classe de pessoas, conhecidas como docetistas, superenfatizava a divindade de Cristo, a ponto de negar a real humanidade do Filho de Deus. Eles eram fortemente influenciados por pressupostos filosóficos de origem platônica ou aristotélica. Embora se reconheçam diferenças entre as duas correntes, ambas sustentam que o mundo material, visível, físico é algo inerentemente mau. Sendo assim, era-lhes impossível aceitar a idéia de que Deus – espírito puro, perfeito, essencialmente bom, santo – pudesse, de alguma forma, unir-Se com a matéria, essencialmente má. O Deus transcendente não poderia, de forma alguma, ter-Se unido com algo tão corrompido. Além disto, sendo impassível e imutável, Deus não poderia ter experimentado modificações em Sua natureza, algo que necessariamente deveria ter acontecido no caso de uma genuína encarnação. Para os docetistas, Maria foi apenas o canal mediante o qual Jesus veio ao mundo, mas nada contribuiu em Sua formação enquanto no estado fetal, pois isto teria pervertido Sua moral perfeita.

Como explicar a humanidade de Cristo? Jesus apenas parecia humano (Gr. dokéo, “parecer”, daí o termo docetismo). Sua humanidade era aparente, não real, uma ilusão ou Teofania; manifestação do divino em aparência humana. Alguns docetistas sustentavam que o Cristo contemplado pelo povo era somente uma aparência, que não piscava e não deixava pegadas na areia ao caminhar. Não tinha corpo nem vida humana real. Outros tratavam de explicar Sua presença afirmando que o Cristo divino, espiritual, desceu sobre Jesus de Nazaré durante Seu batismo, tomou posse dele e partiu antes da crucifixão. Sustentavam que Deus, por ser perfeito, não podia sofrer e que, se Jesus sofreu, não podia ser Deus. Portanto, os sofrimentos de Cristo eram somente aparentes, em vez de ser parte da encarnação.

Uma concepção equivocada acerca da pessoa de Jesus leva inevitavelmente a um conceito distorcido da salvação. Esse conceito dualista levou a postular um dualismo similar na natureza do homem: o espírito é eterno, independente do corpo e, portanto, a salvação consiste na separação do espiritual do material. O corpo era visto como uma prisão do espírito, da qual este devia ser libertado. É evidente que o apóstolo João, escrevendo no fim do primeiro século, abordou em suas epístolas a cristologia pervertida dos docetistas (ver 1Jo 4:2-3; 2Jo 7).
Na encarnação, “divindade e humanidade foram combinadas misteriosamente, e homem e Deus se tornaram um” (Ellen G. White, Signs of the Times, 30 de julho de 1896). Este é um mistério que a ciência humana não pode explicar. O fato é declarado, simplesmente. Antes de se iniciar discussões escolásticas intermináveis sobre a unidade divino-humana na pessoa de Cristo, é fundamental entendê-la segundo a perspectiva da expiação. Conforme destacado na lição, este mistério é indispensável para a expiação. A separação resultante do pecado foi resolvida na encarnação de Cristo: Deus Se reuniu com a humanidade; Deus Se tornou homem. Em Jesus temos o novo homem, o novo Adão, que dá início a uma nova humanidade. Todo aquele que desejar pode se tornar um novo homem, através de Cristo e, assim, unir-se novamente a Deus, como nova criatura, unida a Deus pela fé, na esperança transcendente da eternidade.

O batismo de Jesus

Os quatro evangelhos registram o batismo de Jesus (Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Lc 3:21-22; Jo 1:31-34). Quando João se mostrou relutante em realizar a cerimônia (Mt 3:14), Jesus lhe disse: “Deixa por enquanto, porque assim nos convém cumprir toda a justiça” (v. 15). A recusa de João era plenamente compreensível, pois ele pregava o batismo de arrependimento em preparação para a chegada do reino de Deus. Pessoas vinham de todas as partes, confessavam seus pecados e eram batizadas. Mas, no caso de Jesus, não havia culpa nem pecados a ser confessados. Nesse caso, Seu batismo foi de identificação com os pecadores, ainda que Ele mesmo não tivesse cometido atos pecaminosos, ou que Sua natureza fosse pecaminosa, ou que apresentasse tendências para o pecado. Jesus deixou um exemplo a ser seguido. Algumas pessoas recusam o batismo, apresentando argumentos variados, mas, quando confrontados com o exemplo de Jesus, que argumento poderia ser razoável? Aquele que não conheceu pecado deixou-Se batizar por João. Que razão o pecador tem para não receber o batismo?

Mas a importância do batismo de Jesus vai além do exemplo. Como expressou Herbert Kiesler, Seu batismo foi “importante por causa de seu papel em executar o plano de Deus”, tanto no que diz respeito ao juízo, como também para o plano da redenção (Handbook of SDA Theology, 583). Desta forma, o batismo adquire um significado muito mais profundo para os seguidores de Jesus. Cristo foi batizado como o Messias. Como Messias, Ele é o representante tanto de Deus como do homem. Uma voz celestial declarou Sua filiação divina (Mc 1:11). Através da fé em Jesus, todos se tornam “filhos de Deus” (Gl 3:26), e isto acontece em função do batismo (v. 27).

Vinculados ao batismo estão os conceitos de confissão, arrependimento, purificação, morte para o pecado e uma vida nova. Naturalmente, inclui a fé em Jesus e a purificação da consciência. O batismo simboliza essencialmente a purificação do pecado.

Quer iniciar uma vida nova com Cristo? Quer confessar Cristo publicamente? O caminho é o batismo. O ritual simboliza a morte para um estilo de vida dirigido pelo inimigo da humanidade e um novo começo em harmonia com a vontade revelada de Deus. Por que vacilar? Este é o caminho apontado por Deus. Jesus já deu o exemplo. Siga-O!

As tentações de Jesus


A lição destaca alguns paralelos entre as tentações de Jesus e a experiência de Adão e Eva. Recomendamos enfaticamente seu estudo. Para não repetir os mesmos argumentos, apresentamos duas citações de Ellen White acerca da condição de Jesus ao enfrentar as tentações e, posteriormente, algumas reflexões.

“Cristo no ermo do deserto não Se achava em posição tão favorável para resistir às tentações de Satanás, como Adão quando foi tentado no Éden. O Filho de Deus Se humilhou e tomou a natureza humana, depois de haver a raça vagueado quatro mil anos fora do Éden e de seu estado original de pureza e retidão. O pecado tinha imposto seus estigmas ao gênero humano, por séculos; e a degenerescência física, mental e moral prevalecia por toda a família humana” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 267).

“Em que contraste Se acha o segundo Adão, ao adentrar o sombrio deserto para, sozinho lutar com Satanás! Desde a queda, o gênero humano estivera a decrescer em tamanho e força física, baixando mais e mais na escala do valor moral, até o período do advento de Cristo à Terra. E para elevar o homem caído, Cristo precisava alcançá-lo onde se achava. Ele assumiu natureza humana e arcou com as fraquezas e degenerescência da raça. Aquele que não conhecia pecado, tornou-Se pecado por nós. Humilhou-Se até as mais baixas profundezas da miséria humana, a fim de que pudesse estar habilitado a alcançar o homem e tirá-lo da degradação na qual o pecado o lançara” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 268).

As referências acima impedem que alguém racionalize seu pecado e queira se justificar por não resistir e ceder à tentação. Jesus não teve privilégios. Não levou vantagem. Sofreu sem merecer. Mas, antes que alguém argumente que Ele era diferente, ou que as circunstâncias atuais são outras, destacamos aqui a relação de Cristo para com as tentações. Primeiro, era impossível Jesus ter sido tentado com cada tentação que cada pessoa enfrenta. Ele era apenas um homem e não podia ser tentado em termos do que Ele não foi. Por exemplo: (1) Social – sendo pobre, Ele não teve as tentações que vêm ao rico; (2) o fato de Ele haver nascido numa época, impediu que fosse tentado com tentações peculiares de outra época, como assistir a filmes pornográficos, programas televisivos inadequados, visitar websites impróprios, etc.; (3) Geografia – viveu em um lugar com suas próprias características, as cidades eram pequenas, etc.; (4) Gênero – Jesus era homem, e não sofreu tentações que poderiam sobrevir às mulheres.

Por outro lado, não era necessário que Jesus fosse tentado com cada tentação particular que sobrevém ao ser humano em cada época e lugar, porque, em sua essência, Jesus foi tentado “em todas as coisas” (Hb 4:15).

Considerando a primeira tentação de Jesus, superficialmente a tentação era transformar pedras em pães, mas o princípio básico em foco era se Jesus obedeceria ou desobedeceria a Deus pelo fato de trabalhar independentemente dEle. Iria Jesus viver como o homem deve viver, em completa dependência de Deus, ou iria Jesus menosprezar a vontade de Deus e declarar Seu poder divino no tempo de necessidade? Era legítimo Jesus satisfazer Sua fome, mas Ele não podia usar meios ilegítimos, porque Deus queria ou havia planejado que Jesus vivesse como o homem deve viver e vencer a tentação, exatamente onde Adão caíra e nas condições ao alcance do homem. Atente para o seguinte comentário de Ellen White: “Tinha Satanás esperança de incutir dúvidas quanto ao amor de Seu Pai… e que, sob a força do desalento e da fome extrema, Ele exercesse Seu poder milagroso em Seu favor, retirando-Se das mãos do Pai celestial. Isto foi na verdade uma tentação para Cristo” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 275).

A mesma tentação vem a nós em formas variadas e diversas. Ela vem a nós quando procuramos alcançar qualquer objetivo, a satisfação de qualquer desejo ou a consecução de qualquer coisa que vá de encontro à vontade de Deus. O homem não deve “viver de pão apenas”, isto é, de satisfazer suas necessidades, mas “pela Palavra de Deus”, isto é, em harmonia com a vontade e mandamento de Deus. O objetivo supremo do homem não é a satisfação de suas necessidades, mas, antes, o cumprimento da vontade de Deus. A mesma tentação vem quando somos tentados a negar a Deus para ganhar a subsistência, ou transgredir o sábado para obter uma educação (título); de casar com um descrente para formar um lar, de roubar para mitigar a fome. Jesus enfrentou este tipo de tentação.

Em contraste com a primeira tentação, a de agir de forma independente do Pai, a segunda tentação de Satanás foi de super-dependência – esperar que Deus fizesse o que não prometera. O tentador “procurou prevalecer-se da fé e perfeita confiança que Cristo demonstrara em Seu Pai celestial, forçando por levá-lo à presunção” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 282). Mas Jesus “não tentaria a Deus… pondo presunçosamente à prova a Sua providência” (Ibid.). “Jesus recusou sair da vereda da obediência. Conquanto manifestasse perfeita confiança em Seu Pai, não Se colocaria, sem que isso Lhe fosse ordenado, em situação que tornasse necessária a interposição do Pai para O salvar da morte. Não forçaria a Providência a vir em Seu socorro, deixando assim de dar ao homem um exemplo de confiança e submissão” (O Desejado de Todas as Nações, p. 111).

Satanás dirige esta tentação especialmente àqueles que dependem muito de Deus. Não é uma tentação para que saltemos de lugares altos, de um prédio, mas a mesma tentação vem a nós quando somos tentados a nos expor desnecessariamente em situações perigosas, mesmo por uma causa justa; ou quando nos recusamos a seguir as recomendações médicas; ou quando esperamos que Deus nos abençoe em nossos estudos, mesmo quando não nos esforçamos; ou quando oramos sem viver a oração; ou quando esperamos que Deus resolva nossos problemas quando Deus não prometeu resolvê-los todos.

“Não tentarás o Senhor teu Deus” por esperar que o Senhor faça o que Ele não prometeu fazer.

A terceira tentação suscita menos perguntas na mente moderna, pois podemos ver como a tentação tem relevância para nós. Mas, novamente, a tentação que Jesus enfrentou não é a nossa. Satanás não nos oferece os reinos do mundo inteiro, pois sabe que bem menos irá satisfazer-nos. “Nessa grande tentação de Cristo estavam compreendidos o amor do mundo, a ambição do poder, a soberba da vida, enfim, tudo que possa fazer com que o homem deixe de servir a Deus” (Vida de Jesus, p. 63).

Esta tentação vem a nós quando somos tentados a mudar nossa lealdade para alguma coisa ou alguém no lugar de Deus, simplesmente, por motivo de prazer, honra ou posição no presente. As ofertas de Satanás variam desde o prato de lentilhas para Esaú até o trono do Egito para Moisés.

Assim, Jesus foi tentado da mesma maneira que nós e pode simpatizar conosco em nossas tentações, pois em essência, nossas tentações não diferem das dEle, embora possam diferir na forma. Além disso, Jesus não apenas foi tentado como nós em essência, mas em duas maneiras Jesus nos excedeu ao enfrentar tentações.

Primeiro, Jesus nunca cedeu a uma tentação. Isto significa que Ele sentiu o gosto total de cada tentação de Satanás. Nós, por outro lado, temos cedido antes que Satanás nos ataque com toda a força da tentação. Como árvores frágeis, não temos suportado a força total do vento porque o vento nos dobra ou quebra antes do vendaval nos atingir em sua força total. Jesus, portanto, sofreu tentações mais fortes do que nós.

Segundo, “não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; Ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, Ele mesmo lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1Co 10:13, NVI).

Deus não permite que sejamos tentados além de nossas possibilidades. Ele coloca limites em torno de nós, mas Jesus teve tentações que não foram comuns ao homem. Ele enfrentou tentações que eram adequadas para o segundo Adão. Satanás enfrentou a Cristo com tentações que nos fariam sucumbir. Jesus foi desafiado a usar Seu poder em várias ocasiões, agindo de forma autônoma e independente do Pai, mas resistiu, sempre confiando na direção de Deus, e assim foi vitorioso sobre o tentador.

Jesus saiu do campo de luta como um conquistador. Ele disse: “Eu venci o mundo”. Agora, Ele pode nos ajudar (Hb 2:18). Nós vencemos não como Ele, mas porque Ele venceu e porque Seu Espírito vive Sua vida vitoriosa em nós. Esta é a nossa esperança de vitória. “Já estou crucificado com Cristo; e a vida que agora vivo, vivo-a na fé do Filho de Deus” (Gl 2:20). Ellen White declara: “Jesus não consentiu com o pecado. Nem por um pensamento cedia à tentação. O mesmo pode dar-se conosco... Enquanto a Ele estivermos ligados pela fé o pecado não mais terá domínio sobre nós” (O Desejado de Todas as Nações, p. 87).

De uma coisa podemos estar certos: enquanto vivermos neste mundo, seremos assaltados pelas tentações do inimigo. Devemos estar de sobreaviso e espiritualmente preparados para discernir os disfarces com os quais as tentações se manifestam. Ao mesmo tempo, podemos estar seguros de que todo o poder do Céu está à nossa disposição para enfrentarmos as batalhas espirituais e prosseguirmos rumo à vitória, em nome de Jesus, para que ninguém se orgulhe.

Ministério de cura

“E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 9:35).

Por que Jesus realizava milagres durante Seu ministério neste mundo? Eram milagres aleatórios? Na verdade, os milagres de Cristo eram realizados com propósitos bem definidos. Não era para impressionar as pessoas com Seu poder, nem para conquistar a simpatia do povo, nem mesmo para recrutar discípulos. Jesus veio em uma época especial da história humana. De acordo com Paulo, vivia-se então na “plenitude do tempo” (Gl 4:4). Aquele foi um período particular da história em que a atividade satânica esteve especialmente ativa, quando o conflito iniciado no Céu teria seguimento de forma acirrada, aproveitando-se da encarnação do Filho de Deus. Ellen White assim descreve aquele momento histórico: “Chegara a plenitude dos tempos. ... Satanás estivera em operação para tornar intransponível o abismo entre a Terra e o Céu. Por suas falsidades tornara os homens atrevidos no pecado. .... O povo a quem Deus chamara para ser a coluna e fundamento da verdade, se havia transformado em representante de Satanás. Faziam a obra que este queria que fizessem, seguindo uma conduta em que apresentavam o caráter de Deus de tal maneira que o mundo O considerasse um tirano. ... O engano do pecado atingira sua culminância. Todos os meios para depravar os seres humanos haviam sido postos em operação. ... Os homens se tinham tornado vítimas da crueldade satânica. ... Agentes satânicos estavam incorporados com os homens. O corpo de criaturas humanas, feito para habitação de Deus, tornara-se morada de demônios. ... O próprio selo dos demônios se achava impresso na fisionomia dos homens. Estes refletiam a expressão das legiões do mal de que se achavam possessos. ... O pecado se tornara uma ciência, e era o vício consagrado como parte da religião” (O Desejado de Todas as Nações, p. 31-34).

Neste contexto, de um mundo dominado pelo inimigo, o pecado impregnando cada aspecto da vida humana, Cristo revelou, por Seus milagres, o carinho, a preocupação e o cuidado do Pai celestial por Suas criaturas. Se Satanás retratou Deus de forma enganosa, Jesus veio para mostrar quem o Pai realmente é. Ele estabeleceu um contraste entre o governo divino e o governo satânico. No reino de Satanás havia as doenças mais variadas, os homens sofriam horrores sob as mais diversas manifestações de enfermidades, além dos conflitos produzidos pelo pecado nas relações sociais. No reino de Deus, inaugurado por Jesus, houve uma amostra de como o Pai realmente deseja que Seus filhos vivam: não havia leprosos, paralíticos, cegos, surdos, etc. Ele removeu a causa fundamental – o pecado – e restabeleceu o homem, ainda que temporariamente, a um estado de saúde, que era o ideal de Deus para todos. Se hoje ainda sofremos com as enfermidades, não é por falta de desejo do Pai de nos curar. Entretanto, pelo fato de vivermos em um ambiente contaminado pela presença do pecado, sofremos as conseqüências, mas com a esperança e a certeza de que, no reino da glória, conforme prometido por Jesus, todos desfrutaremos a vida em toda a sua plenitude, sem nenhum problema a nos atormentar.

Os milagres operados por Jesus se relacionam com a expiação, pois simbolizam a obra que Jesus pode e deseja realizar em todos os seres humanos. Esta obra é a transformação, não simplesmente de um corpo consumido pelas enfermidades, porque, finalmente, a morte é o destino de todo os homens, mas sim a transformação do coração humano, para se tornar a habitação do Espírito Santo. É a renovação da vida. É o resgate do homem de sua condição de habitação de espíritos de demônios e sua transformação em um templo para o Espírito de Deus. Este é o maior milagre: o da redenção. É a recriação do homem, como expressou o apóstolo Paulo: “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver. ... Todavia, Deus... deu-nos vida com Cristo” (Ef 2:1, 4, 5, NVI). É a criação de um novo coração (Sl 51:10). É a colocação do pecador em harmonia com o Céu. É a restauração da paz, o relacionamento rompido pelo pecado. Tais são os milagres que Jesus realiza na vida dos pecadores que se entregam em Suas mãos. Não mais são amigos do mal. São libertos da atração fatal do pecado. Agora, se regozijam na salvação, nos exercícios espirituais, na feliz esperança de uma vida eterna junto ao Salvador.

Jesus é o mesmo de ontem. Todo o poder que Ele exerceu enquanto aqui na Terra, deseja hoje exercer para transformar sua vida. Quer experimentar este poder? Quer ser uma nova criatura? Entregue a Ele seu coração velho e corrompido. Ele fará o maior milagre que você poderia desejar: fará de você um novo ser humano, renascido para a vida eterna, para a glória de Deus Pai.

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