sábado, 25 de outubro de 2008

Resumo Semanal - A Expiação e a Iniciativa Divina - 25/10/2008 a 25/10/2008

Resumo Semanal - 19/10/2008 a 25/10/2008

A EXPIAÇÃO E A INICIATIVA DIVINA



Pr. João Antonio Alves
Professor de Teologia do IAENE

Verso para memorizar: “E [Deus] nos revelou o mistério de Sua vontade, de acordo com Seu bom propósito que Ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:9,10, NVI).

Pensamento-chave: Mostrar que a Divindade previu a queda e que um plano foi traçado para resolver o problema do pecado, muito antes que ele surgisse.

A obra da redenção não foi um pensamento posterior na mente de Deus, ou uma improvisação, um plano B, resultante de uma surpresa introduzida pelo pecado e suas conseqüências. Ao contrário, o plano divino para a salvação da humanidade foi formulado antes da fundação do mundo. O vidente de Patmos se refere ao “Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo” (Ap 13:8). Um aspecto central na obra da redenção está no sofrimento e morte de Jesus. Por essa razão, afirma-se que, no coração da religião cristã, encontra-se uma cruz. Sobre esta cruz, Deus lidou com o problema introduzido pelo pecado e operou a salvação do pecador. Historicamente, a cruz se situa no tempo há uns 2.000 anos. Entretanto, podemos dizer que esta cruz, antes de ser erguida no Calvário, esteve eternamente erguida no coração de Deus. “Antes que os fundamentos da Terra fossem lançados, Pai e Filho Se haviam unido num concerto para redimir o homem, se ele fosse vencido por Satanás. Haviam-se dado as mãos, num solene compromisso de que Cristo Se tornaria o fiador da raça humana. Esse compromisso Cristo ­cumpriu. Quando, sobre a cruz soltou o brado: ‘Está consumado’, dirigiu-Se ao Pai. O pacto estava plenamente satisfeito. Então, Ele declarou: ‘Pai, está consumado. Fiz, ó Meu Deus, a Tua vontade. Concluí a obra da redenção’ ” (E. G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 797, 798).

O Mistério do amor de Deus

É reconhecido em geral que a lei de Deus reflete Sua natureza (L. Berkhof, Teologia Sistemática, 371; M. L. Erickson, Christian Theology, 2ª ed., 820). Sendo assim, é imutável, como imutável é o próprio Deus. Em conseqüência, a transgressão da ordem divina pelo santo casal no jardim do Éden criou uma situação que, de certa forma, colocaria à prova a Divindade. Como lidar com a questão? O que fazer? Cumprir a palavra dita – “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:17) – ou encontrar uma saída? Se assim fosse, como resolver o dilema?

A violação da lei implica em sérias conseqüências. Existe um vín­culo definido entre pecado e punição: “Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção” (Gl 6:8). A punição é compreendida não como algo possível, mas como inevitável. Diante da realidade inexorável da morte do ser humano, o amor incomensurável e incompreensível de Deus O levou a prover uma forma de livrar os pecadores de seu destino. Como afirmou o apóstolo Paulo, “Deus prova o Seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).

Ainda que a realização do plano da redenção tenha sido algo ­custoso para Deus, pois estava implicada a morte da segunda sessoa da Divindade, o Filho único de Deus, o amor colocou em ação o plano traçado. É como se Deus dissesse: “Não posso agir de outra forma”. Partindo de Sua natureza, fez o que era preciso – e o que era preciso implicava a morte de Seu amado Filho.

A lei não poderia simplesmente ser abolida por Deus, e o homem ser tratado como se nada houvesse ocorrido. Alguém deveria assumir a responsabilidade pela transgressão. Nesse caso, a segunda pessoa da Divindade levaria sobre Si a pena pela desobediência do homem. Entretanto, ninguém deve concluir que, visto que a lei reflete o caráter, ou natureza, de Deus, o ­seu cumprimento é capaz de operar a salvação de quem quer que seja. A simples obediência da lei não é suficiente para solver o problema do pecado. Não obedecemos à lei para obter a justificação diante de Deus, ou para alcançar méritos para nossa própria salvação. A obediência é o resultado da operação da graça de Cristo na vida do crente.

O coração humano é egoísta, centrado em si mesmo; busca seus próprios interesses, a satisfação imediata. Ao refletir sobre o amor divino, amor escrito com sangue, o que você almeja fazer por Ele? Às vezes, se ouve o argumento de que Deus não Se importa com o que eu faço, visto, digo, assisto ou leio. Geralmente, tal arrazoado é apresentado para justificar determinadas preferências, ou conveniências. O indivíduo revela que não está disposto a abrir mão de algo que aprecia em favor de sua relação com Deus. Mas uma relação fundamentada no amor verdadeiro, produzido pela ação do Espírito Santo na vida do crente, inevitavelmente levará a uma reavaliação de toda a vida.

Quando uma pessoa se casa por amor, evidencia sua preferência pelo cônjuge em detrimento de todas as demais pessoas. Também leva a um profundo desejo de agradar à pessoa amada, conhecer o que a agrada e/ou desagrada, o que pode levar ao abandono de algumas coisas que faziam parte da rotina no passado. Tudo passa a ser diferente. O mais importante é não quebrar o relacionamento amoroso com a pessoa amada. Se transportarmos este pensamento para o âmbito espiritual, nosso maior desejo será estreitar mais e mais o relacionamento com Deus, passar cada vez mais tempo ao Seu lado, dedicar-nos mais e mais a conhecê-Lo, a ouvir-Lhe a voz, a falar com Ele, etc. Considere: por amor a você, Ele deixou tudo; por amor a Ele, o que você está disposto a deixar? Por amor a você, Ele suportou a morte; por amor a Ele, o que você está disposto a suportar? Ele abandonou o Céu por você; tem alguma coisa que você não consegue abandonar? Se sim, por quê? Seria porque tal coisa é mais importante que o Salvador? É maior que seu amor por Ele?

O mistério da graça de Deus

A graça é um aspecto do amor de Deus, e é estendida parti­cularmente aos pecadores. Observe as declarações do apóstolo Paulo: “[NEle] temos a redenção, pelo Seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da Sua graça” (Ef 1:7). “Para mostrar nos sé­culos vindouros a suprema riqueza da Sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2:7). “Riqueza da Sua graça” e “suprema riqueza da Sua graça”. Como poderia o apóstolo destacar de forma mais acentuada a graça de Deus? Observe que a graça não se encontra no que fazemos ou deixamos de fazer. Não está nas cerimônias de que participamos. Não está presente em um símbolo, ou livro, etc. A graça se manifestou a nós na Pessoa de Jesus Cristo. Esta graça, revelando um aspecto do amor divino, nos trouxe a “redenção, pelo Seu sangue”.

A transgressão da lei exigia a morte do pecador. O amor de Deus exigia a salvação do mesmo pecador. É neste contexto, de queda em pecado, de miséria espiritual, de condenação à morte, que se manifesta a graça de Deus em Cristo.

“Tudo devemos à graça, livre e soberana. A graça no pacto ordenou nossa adoção. A graça no Salvador efetuou nossa redenção, regeneração e adoção para sermos herdeiros com Cristo” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 268).

Se é graça, significa que não merecemos a obra realizada em nosso favor. Isto é importante, para que ninguém se julgue melhor que os demais. De acordo com Paulo, somos todos pecadores (Rm 3:23). Segundo o profeta, o melhor que temos, ou seja, nossa justiça, não passa de trapo de imundície (Is 64:6). Desta forma, à vista de Deus, somos todos iguais, e desesperadamente carentes de Sua graça. E Deus estende a nós a oferta da graça em Cristo: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5:20). A solução para o pecado é a graça de Deus.

Por outro lado, que ninguém siga a sugestão de continuar pecando para receber ainda mais da graça divina. A salvação é do pecado, e não no pecado. Compreenda o contraste. A salvação restaura o relacionamento quebrantado pelo pecado. Somos restaurados a uma vida de harmonia com a vontade de Deus.

Um plano eterno

Conforme vimos, a decisão consciente e deliberada do homem em desatender uma ordem específica de Deus teria como conseqüência inevitável a morte do pecador. Deve-se destacar que o homem foi provado em algo ínfimo, insignificante. Afinal, ele tinha à disposição todo um jardim de delícias, sendo-lhe vedado apenas um ponto do Paraíso. Ainda assim, conhecemos o resultado catastrófico da experiência que submergiu toda a humanidade em uma situação de angústia, dor, sofrimento, e que se prolongará até o dia da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sendo o homem ­culpado, Deus estaria justificado em exe­cutar Sua palavra e punir o homem com a morte. Mas Ele decidiu seguir outro caminho. Em lugar da morte eterna, Ele ofereceu a esperança da vida eterna. Esta vida está em Seu Filho (1Jo 5:12). Este é o mistério da piedade (1Tm 3:16), a manifestação do Filho de Deus para a salvação do pecador.
Embora seja definido como um “mistério”, há alguns aspectos que o Novo Testamento revela acerca deste assunto, conforme destacadas na lição:

Primeiro: foi formulado “antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Isso significa que muito antes de os seres humanos caírem em pecado, a Divindade criou um plano para lidar com essa calamidade.

Segundo: este mistério divino foi mantido “o­culto dos sé­culos e das gerações” (Cl 1:26). O plano não foi apenas detalhado antecipadamente, mas também foi também determinado que seria posto em exe­cução em um momento ­específico. Então, por muito tempo, ele permaneceu o­culto dentro da Divindade.

Terceiro: o mistério está especificamente identificado com Cristo (Cl 1:27). Isso se refere ao mistério da pessoa de Cristo, Seu ministério, Sua morte, ressurreição e mediação em favor de uma raça humana pecadora. É fundamentalmente as boas-novas de salvação por meio de Cristo, o evangelho cristão (Ef 6:19).

Quarto: esse mistério é definido mais adequadamente como o propósito de Deus de “unir, no tempo certo, debaixo da autoridade de Cristo, tudo o que existe no Céu e na Terra” (Ef 1:10, NTLH). O plano era restaurar, na pessoa de Cristo, a harmonia cósmica arruinada pelo pecado. A eficácia desse processo já é visível na unidade de gentios e judeus na igreja (Ef 3:6).

Quinto: o mistério secretamente formulado dentro da Divindade antes da criação do mundo se tornou conhecido na vinda de Cristo à história humana.

O Caminho da cruz

A atitude rebelde do homem não poderia ser ignorada por Deus. Como o Senhor não destruiu imediatamente Adão e Eva, e também não os abandonou à própria sorte, só Lhe restou uma alternativa: colocar em prática o plano da salvação, ou seja, iniciar Sua caminhada rumo à cruz. Ali Jesus “morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5:6). Ali Jesus Se ofereceu como sacrifício, de “uma vez por todas”, de “uma vez para sempre” (Hb 9:26, 28), para aniquilar o pecado. Ali Jesus “foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:5).

A Bíblia destaca este aspecto de Cristo oferecer a Si mesmo em lugar do pecador, e sofrer a punição que lhe estava reservada. Como expressou o apóstolo, “Àquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21).

Todo o sistema de ofertas do Antigo Testamento apontava para a morte substitutiva de Jesus. Ele foi a oferta final pelos pecados da humanidade. Não havia outra saída. A salvação se fundamenta no sacrifício único de Jesus. O caminho para a glória passa pelo Calvário. A paixão precede a glória. Não existe glória sem paixão. O clamor de Jesus no Getsêmani, pedindo ao Pai para, se possível, passar o cálice adiante, revela de forma inequívoca que o caminho da cruz não podia ser evitado, caso o plano da salvação devesse ser concretizado.

Reflexão: Buscamos glória sem cruz? Jesus disse: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz, e siga-Me” (Mt 16:24). É natural re­cuar diante da dor, do sofrimento. Encontrar prazer no sofrimento não é normal. Daí que muitos não queiram seguir o caminho proposto por Jesus. Ainda que, como salientado, a salvação não se fundamente no que fazemos ou deixamos de fazer, mas na graça de Deus, o discípulo revela que o indivíduo foi salvo por Jesus, e isto através de uma vida consagrada a fazer a vontade do Pai (Mt 7:21).

O plano de Deus revelado em Jesus

O Novo Testamento revela que havia um propósito para a vinda de Jesus. Ele não “apareceu” simplesmente, um judeu iluminado nos caminhos de Deus, ou um operador de milagres, ou um revolucionário. Ele foi “enviado” por Deus. Como enviado, Ele tinha uma missão a ­cumprir. Jesus estava consciente desta missão. Lucas destaca umas 18 vezes esta consciência usando a forma verbal grega dei (“deve” ou “é necessário”). Isto revela que a vida de Jesus Se orientava para a realização de Sua missão: a de “buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10). Neste sentido, não permitia que nem mesmo as necessidades mais básicas O desviassem do ­cumprimento do propósito de Sua vinda. No episódio da mulher samaritana (Jo 4), onde também encontramos a forma verbal dei (v. 4), Jesus declarou a Seus discípulos: “A Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que Me enviou, e realizar a Sua obra” (v. 34).

Entretanto, a mesma forma verbal é utilizada quando é revelado o fim de Sua missão salvadora neste mundo. Em Mateus 16:21 Ele declarou aos discípulos que “Lhe era necessário seguir para Jerusalém e... ser morto”. Ele Se dirigia para lá porque Lhe era necessário ser rejeitado pela geração ímpia (Lc 17:25), ser contado com os malfeitores (Lc 22:37) e ser levantado na cruz (Jo 3:14; 12:34).

Mas morrer não era suficiente para ­cumprir Sua missão. Era-Lhe necessário ser ressuscitado (At 17:3), recebido na glória, e lá permanecer até que todas as profecias se ­cumprissem (At 3:21). Ele estava seguindo o plano eterno elaborado pela Divindade.

Todas estas coisas aconteceram porque Jesus foi obediente ao plano celestial em favor da humanidade, ainda que a fidelidade à missão O tenha conduzido “à morte, e morte de cruz” (Fp 2:8), uma morte dolorosa e vergonhosa. Mas a cruz estava no centro da missão de Jesus e do plano de Deus. Não foi somente outra cruz, entre as milhares levantadas pelos romanos, punindo mais um criminoso. Ali estava o Filho de Deus, o Salvador do mundo. Ele morreu inocente, voluntariamente, de acordo com a vontade do Pai. Sua morte tem valor salvífico infinito. Mas, como salientado por Berkhof, a obra da expiação “não é completa sem a intercessão. Sua obra sacrifical na Terra requer Seu serviço no santuário celestial” (Teologia Sistemática, 368).

Não pode ser ignorado este aspecto da obra de Cristo para a salvação da humanidade. O santuário do Antigo Testamento ensinava em símbolos a verdade da morte sacrifical e da intercessão pelos pecadores. Jesus é o clímax do sistema do santuário. Hoje, Ele é o Sumo Sacerdote do santuário celestial. Ele aplica os méritos de Sua vitória na cruz em favor do pecador arrependido. A verdade do ministério sacerdotal de Cristo salienta que a salvação está ainda disponível. Salvação conquistada com sangue. É sua. É de todo aquele que crê, se arrepende, se entrega.

Se, para Jesus, era “necessário” realizar determinadas coisas para ­cumprir a missão da qual tinha sido in­cumbido, que coisas são necessárias em sua vida? Especificamente em sua vida espiritual, que coisas você deve fazer? Está difícil tomar algumas decisões? Lembre-se: Jesus sabe quão difícil é viver neste mundo, conhece suas fraquezas e limitações. Por você, Ele intercede no santuário celestial, para lhe dar o poder de que necessita para fazer decisões corretas, ­cumprir a missão de Deus e viver uma vida consagrada ao Salvador.

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