sábado, 13 de dezembro de 2008

Benefícios do sacrifício Expiatório de Cristo - 13/12/2008 a 13/12/2008

Benefícios da Expiação
Resumo Semanal - 07/12/2008 a 13/12/2008


Pr. João Antonio Alves

Professor de Teologia do IAENE


Verso para Memorizar: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:25).

Pensamento-chave: Examinar a obra sacerdotal de Cristo no santuário celestial a fim de mostrar que é parte de Sua obra de salvação em nosso favor.

A compreensão dos ofícios de Cristo é essencial para compreensão da amplitude da obra que Ele realiza em favor dos arrependidos pecadores que por Ele se chegam a Deus. De acordo com a carta aos Hebreus, “todo sumo sacerdote... é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados” (Hb 5:1). Naturalmente, podemos perceber neste verso uma referência à obra sacrifical de Cristo. Na cruz, Jesus foi, ao mesmo tempo, sacerdote e vítima (ou oferta). Ele ofereceu a Si mesmo como sacrifício todo-suficiente pelo pecado do mundo. Era próprio do sacerdote apresentar sacrifícios pelo pecado. Em contraste notável com a obra dos sacerdotes levíticos, Hebreus destaca a superioridade do sacerdócio de Cristo. Enquanto aqueles ofereciam sacrifícios em base contínua, Jesus Se ofereceu uma única vez, um sacrifício perfeito, que não necessita ser repetido. Mas, de maneira semelhante à dos sacerdotes do passado, que se apresentavam diante de Deus, no santuário, levando o sangue da vítima, Jesus também Se apresentou diante do Pai, levando Seu próprio sangue. É com base neste sangue, que jorrou no Calvário, que Jesus realiza Sua obra intercessória no santuário celestial.

Não há conflito entre o Calvário e o santuário. Ao contrário, um é a continuação do outro. Sem o Calvário, Jesus, o sumo sacerdote, compareceria diante do Pai sem ter o que oferecer. Mas, em virtude do Calvário, Ele apresenta o dom de Si mesmo em favor dos pecadores. Ele é “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu” (Hb 8:2). Ele é o verdadeiro sacerdote, o sacerdote de fato, servindo no verdadeiro santuário: o celestial.

A importância do santuário é destacada nas seguintes palavras de Ellen White: “O santuário no Céu é o próprio centro da obra de Cristo em favor dos homens. Diz respeito a todos os que vivem sobre a Terra. Patenteia-nos o plano da redenção, transportando-nos mesmo até ao final do tempo, e revelando o desfecho triunfante da controvérsia entre a justiça e o pecado. É da máxima importância que todos investiguem acuradamente estes assuntos...” (O Grande Conflito, 488).

É exatamente esta a proposta da Lição desta semana: refletir na relação entre a obra sacerdotal de Jesus e o sacrifício do Calvário.

Ressurreição e Ascensão

É comum em teologia ouvir referência ao “evento Cristo”. Às vezes, algumas pessoas não entendem o significado dessa expressão. O que se pretende dizer é que a vida e a obra de Cristo não podem ser reduzidas a algum momento específico, como se esse tivesse precedência (ou preeminência) sobre os demais. Não! Todos são fundamentais para que a missão de Cristo seja coroada de êxito. Os verbos estão no presente, e não é sem razão. O que se pretende destacar é que a obra de Jesus continua no presente. A obra da salvação não é um fato isolado ocorrido no passado distante, quase 2000 anos atrás. Na perspectiva de Cristo como um “evento”, todos os atos de Sua vida, todos as batalhas que Ele travou, cada vitória por Ele conquistada, constituem momentos decisivos e fazem parte da contínua missão salvadora de Cristo em favor da humanidade. É nesta perspectiva que se encaixa o tema da ressurreição e ascensão de Jesus.

Por esta razão, o apóstolo Paulo arrazoa com os crentes de Corinto que “se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15:17). Perceba o vínculo apresentado pelo apóstolo entre a “ressurreição” de Cristo e a “permanência nos pecados”. Em outras palavras, sem a ressurreição de Cristo não há perdão. É indispensável para a salvação. A obra sacrifical no Calvário deveria ser sucedida pela ressurreição. Como expressou Berkhof, “a ressurreição entra como elemento constitutivo da própria essência da obra de redenção e, portanto, do Evangelho. É uma das grandes pedras do alicerce da igreja de Deus. Se, afinal, a obra expiatória de Cristo devia ser eficaz, tinha que terminar, não na morte, mas na vida” (Teologia Sistemática, p. 350).

Por outro lado, segundo as Escrituras, Jesus não apenas Se levantou de entre os mortos. Ele também ascendeu ao Céu, onde Se tornou o mediador entre Deus e os homens. Para se obter uma visão mais plena de Jesus é necessário incluir o tema da ascensão e suas conseqüências. Não é demais insistir em que todos os aspectos da obra de Cristo são interdependentes. Assim, temos a encarnação, Seu ministério terreno, Sua paixão, morte na cruz, ressurreição e, agora, ascensão. É uma seqüência. As peças se encaixam e vão formando um quadro mais completo.

A ascensão de Jesus é descrita com um pouco mais de detalhes em Atos 1:2-11; com mais brevidade em Lucas 24:51 e Marcos 16:19; e há alusões em outras passagens do Novo Testamento. A ascensão de Jesus foi Sua exaltação após o cumprimento de Sua obra sobre a Terra (Fp 2:9). Foi a confirmação de Sua vitória (Ef 4:8) e Sua glorificação junto ao Pai (Jo 17:3).

A ressurreição e ascensão de Jesus não devem ser vistas apenas desde o ponto de visto teológico. Ambas têm implicações práticas para os cristãos. Significam que o Salvador está vivo. Não adoramos um Deus morto, mas um Deus que vive para sempre para interceder pelos pecadores (Hb 7:25). Se temos alguma dificuldade em nossa experiência cristã, Jesus está vivo. E esta Sua vida, exaltada, à destra do Pai, transmite esperança e confiança para Seus seguidores neste mundo. Esperança de um futuro como se queira imaginar e confiança de que Ele realizará muito mais do que conseguirmos sonhar.

Intercessão de Cristo e expiação


A morte de Cristo na cruz pode ser propriamente descrita como uma “expiação completa”. Nada lhe falta. Sua morte satisfaz plenamente as demandas da justiça divina. (F. Holbrook, O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo, p. 57). Aceitando-se esta afirmação, a pergunta natural é: qual é a necessidade da intercessão de Jesus, ou de um ministério sacerdotal, se a morte de Cristo foi uma expiação completa? Não seria uma contradição?

Na verdade, não! Não se nega, nem se contradiz: a cruz é a base. Mas todas as fases estão interligadas indissoluvelmente. Uma não pode ser desconectada da outra, pois corre-se o perigo de anular os benefícios oriundos de todas elas. Cada qual tem sua importância isolada, mas é no conjunto que elas se complementam e proporcionam ao homem todos os benefícios possíveis.

A morte de Cristo foi o ato de Deus para reconciliar consigo o mundo. O homem não teve parte nesta obra. Entretanto, esta morte não salva automaticamente o pecador. Somente aquele que se apropria, pela fé, dos méritos desse sacrifício, recebe os benefícios dessa morte sacrifical. Seguindo a tipologia do santuário terrestre, depois que a vítima era sacrificada, o sacerdote tomava o sangue e deste, uma parte era colocada nas pontas do altar de holocausto; o restante era derramado na base do mesmo altar. Esse rito de manipulação do sangue tinha um propósito bem definido por Deus: “O sacerdote, por essa pessoa, fará expiação do seu pecado que cometeu, e lhe será perdoado” (Lv 4:35).

A lição é clara: a obra do sacerdote é inseparável do sacrifício. Não existe sacrifício sem a mediação sacerdotal. Não existe mediação sacerdotal sem sacrifício. Há uma relação de interdependência entre ambas as atividades que não pode ser ignorada. O mesmo se pode dizer da obra de Cristo na cruz e Seu ministério sumo sacerdotal. É importante relembrar, entretanto, como afirmou Holbrook (p. 58), que “a mediação que Cristo faz de Seus méritos não é uma repetição da obra que consumou na cruz, mas uma aplicação de seus benefícios, um requisito absolutamente necessário para que o pecador arrependido seja reconciliado com Deus.” Este argumento é corroborado por Leon Morris, ao sustentar que “esta reconciliação não tem efeito na vida de nenhum pecador até que ele a receba, até que ele mesmo se reconcilie com Deus. O fato de Cristo ter efetuado a reconciliação significa que o caminho foi inteiramente aberto. ‘Quem quiser, venha.’ Mas, se alguém deseja estar ali, é preciso que vá. Cristo abriu o caminho. Que entrem” (The Atonement – Its Meaning and Significance, p. 145. Citado por Holbrook, 62).

Intercessão de Cristo no Santuário Celestial

“Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os Céus, conservemos firmes a nossa confissão” (Hb 4:14).

“Onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-Se tornado sumo sacerdote para sempre” (Hb 6:20).

“Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos,... para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hb 9:24).

“Este, no entanto, porque continua para sempre, tem o Seu sacerdócio imutável. Por isso também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:24, 25).

As afirmações são poderosas. Temos um “grande sumo sacerdote”, “sumo sacerdote para sempre”, de um verdadeiro santuário, onde comparece, “agora, por nós, diante de Deus”, “vivendo sempre para interceder” por todos os que dEle se aproximam em total confiança e fé. Jesus é nosso advogado. Temos um representante. Alguém que conhece nossas fragilidades e nos representa na corte celestial. O crente nada tem a temer, pois seu defensor celestial é competente para a Sua obra. Estamos mais que bem servidos.

Enquanto o sacrifício de Jesus pelo pecado foi “de uma vez por todas”, “uma vez para sempre” (Hb 7:27; 9:28; 10:11-14), Seu ministério no santuário celestial torna disponível a todos os benefícios de Seu sacrifício expiatório. As Escrituras, assim, destacam que o ministério de Cristo no Céu é tão essencial para a salvação dos pecadores como Sua morte sobre a cruz.

Ellen White assim se refere à relação entre a morte de Jesus e Sua obra intercessória: “A intercessão de Cristo no santuário celestial, em prol do homem, é tão essencial ao plano da redenção, como o foi Sua morte sobre a cruz. Pela Sua morte iniciou essa obra, para cuja terminação ascendeu ao Céu, depois de ressurgir. Pela fé devemos penetrar até o interior do véu, onde nosso Precursor entrou por nós.” (O Grande Conflito, p. 489).
Quando o israelita do passado necessitava de perdão para os seus pecados, a instrução era comparecer ao santuário. Este era um comparecimento literal. Aqueles que, por algum motivo, eram impedidos de comparecer imediatamente, eram cobertos pelos sacrifícios diários, da manhã e da tarde. De toda maneira, a solução para o problema causado pelo pecado estava no santuário. Não havia outro lugar para ir. Na dispensação cristã também não há outro lugar a que se dirigir. Devemos comparecer ao santuário. Apenas não mais é um comparecimento literal em um santuário literal na Terra. O comparecimento é espiritual, pela fé. O santuário é celestial. Mas a realidade é a mesma como no passado. Os pecadores são aceitos em virtude do sacrifício oferecido e a mediação do sacerdote, neste caso, o sacrifício da cruz e o sumo sacerdote Jesus.

Este é um quadro sumamente importante para o cristão. Traz conforto, tranqüilidade, paz, certeza de que somos perdoados e aceitos por Deus. Não em virtude de meus atos, por melhores que sejam, mas pela fé na contínua obra de salvação iniciada por Cristo em Sua encarnação, Sua vida sem pecado, no sacrifício do Calvário, continuada em Sua ressurreição, ascensão, entronização e ministério sacerdotal. Que segurança para o crente!

Se sua vida não é hoje como você gostaria que fosse, não precisa se desesperar. Jesus está a sua disposição, agora mesmo, para interceder por você, para lhe dar o perdão pelos seus pecados (justificação), para lhe conceder o poder para vencer o pecado (santificação) e dar-lhe a garantia da vitória final (glorificação). Todas as coisas são possíveis. Mas somente são possíveis em Cristo. Sem Ele, nada podemos fazer. Com Ele, todas as coisas são possíveis.

A intercessão de Cristo e a Obra do Espírito Santo

“Convém-vos que Eu vá, porque se Eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-lo enviarei” (Jo 16:7). A equação é simples: Jesus vai; o Espírito Santo vem. Sem a ida dEle não há a vinda do outro. Há uma espécie de distribuição de funções na Trindade, em que os papéis são desempenhados no momento oportuno da história da salvação, para produzir o maior benefício possível para a humanidade. Nada é feito de maneira egoísta, mas sim desprendida, objetivando trazer ao homem todos os recursos da graça divina e, assim, alcançar os pecadores com a certeza da salvação em Jesus.

Cristo e o Espírito Santo trabalham em harmonia. Enquanto o primeiro realiza Sua obra intercessória no santuário celestial, o segundo Se empenha em convencer “o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16:8). Mas o que é pecado? De acordo com o verso 9, pecado é não crer em Jesus. Assim, segundo a definição joanina, o Espírito Santo atua para que tudo o que está envolvido na missão divina de salvar o homem alcance o maior êxito possível. Sem a atuação do Espírito, o homem não seria convencido de seu pecado e, conseqüentemente, não sentiria a necessidade do Salvador Jesus, e não se voltaria para Ele em busca de perdão, não O buscaria em Seu santuário enquanto realiza Sua obra intercessória. O resultado final de todo este raciocínio é, tragicamente, a anulação do sacrifício vicário de Jesus. Como já enfatizado anteriormente, todas as etapas estão intrinsecamente ligadas. Uma conduz à outra. Sem a seguinte, a anterior fica comprometida. Daí a importância de atentar para a obra realizada pelo Espírito.

Tendo em mente o exposto, pode-se perguntar quem se beneficia com algumas idéias que pululam por aí, que rebaixam o Espírito Santo de Seu lugar na economia divina, tornando-O alguma coisa, ou força, ou energia, ou seja lá o que o indivíduo resolver. Certamente, não beneficia ao pecador, que depende da operação do Espírito Santo para ser convencido de seu pecado e assim voltar-se em fé para o Salvador, seu intercessor no santuário celestial.

Conclusão

Jesus ressuscitou, ascendeu ao Céu, foi entronizado à destra do Pai, exerce Seu ministério sumo-sacerdotal no santuário celestial em favor da humanidade, de onde disponibiliza os méritos de Seu sacrifício expiatório em favor de todos aqueles que se aproximam do Pai pela fé. É por isto que Ele envia o Espírito Santo, convence o mundo do pecado, leva os homens a aceitar Jesus como Salvador, conduz Seus seguidores a toda a verdade, etc.

Todo o Céu está a sua disposição, para que você seja vitorioso. Não despreze os recursos celestiais. Somente com eles você pode obter a vitória. Você pode. Basta querer e aceitar que Deus realize em sua vida os melhores planos que Ele mesmo elaborou para você. Está em suas mãos. Faça a escolha certa!

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