sábado, 7 de novembro de 2009

Planejando de Antemão- Resumo Semanal - 07/11/09 a 07/11/09

PLANEJANDO DE ANTEMÃO
Resumo Semanal - 01/11/09 a 07/11/09


Douglas Reis
Bacharel em Teologia
Capelão do Colégio Adventista de Joinville

Introdução

Há alguns anos, estatísticas indicavam que, entre os livros bíblicos, Levítico era o menos lido pelos cristãos. Suponho que a realidade não seja muito diferente em relação a Números. Há várias explicações para o desinteresse pelos livros do Pentateuco. Mencionamos alguns elementos literários que não são bem vistos pelos leitores modernos: enumerações detalhadas (de tribos, territórios ou partes do santuário), extensas listas genealógicas, apresentação de leis estranhas à mentalidade moderna, sem contar sua suposta barbárie (razão pela qual muitos críticos da Bíblia a hostilizam).

Por outro lado, nenhum fator serve de pretexto para que o cristão abandone a leitura bíblica. Basta empenho para se entender a mensagem do Pentateuco, a qual teve origem dentro de determinado ambiente cultural, mas permanece como a vontade divina. Ao analisarmos em Números 15 algumas instruções específicas dadas aos israelitas, veremos que, apesar das circunstâncias particulares, o mesmo Deus de amor do Novo Testamento Se faz presente nas páginas escritas por Moisés.

Para entendermos melhor a questão, tenhamos em mente que o objetivo era levar Israel a um relacionamento adequado com Deus, no contexto da aliança. No capítulo anterior está o relato da incredulidade dos israelitas em relação às promessas de Deus, no episódio dos doze espias. Ainda assim, a possessão de Canaã estava assegurada (Nm 15: 2, 18), desde que o povo não abrisse mão do compromisso feito com Jeová.

Gratidão

Uma vez que Israel era uma população nômade, dependente da agricultura e da pecuária, não causa espanto que as ofertas requeridas pelo Senhor fossem constituídas de produtos agrícolas, bem como de animais. As ofertas expressavam a gratidão por bênçãos recebidas e o reconhecimento de dons concedidos por Deus. Séculos mais tarde, Davi reconheceu que não podemos doar nada a Deus que já não pertencesse a Ele (1Cr 29:14).

Alguns comentaristas sugerem que cada aspecto da vida e do trabalho estivesse simbolizado nos produtos contidos nas ofertas. Seja como for, o oferecimento de vegetais, farinha e produtos, como óleo e vinho, era proporcional ao tamanho do animal sacrificado.

A complexidade daquele sacrifício nos leva a considerar o que temos sacrificado a Deus: Pedro nos fala dos “sacrifícios espirituais”, os quais somos chamados a oferecer (1Pe 2:5). Para Paulo, o culto racional (ou seja, uma atitude de dedicação integral a Deus) é o sacrifício que Deus requer de cada cristão, experiência que deve ser diária, a começar pela “renovação” da mente (v. 2). Ao nos oferecemos a Deus em sacrifício, teremos cada vez mais motivos para Lhe agradecer.

Outro ponto importante quando consideramos o ritual do santuário é o sacrifício de animais e decorrente derramamento de sangue. O fato nos remete ao papel de Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Seu sacrifício valida o louvor que oferecemos a Deus, e também nosso sacrifício em prol de outros (Hb 13:15, 16).

Por meio das ofertas, Deus incentivava Seu povo a cultivar uma atitude grata para com o favor que Ele demonstrava. Igualmente, olhando para o que Deus fez por nós em Cristo e para a oportunidade que nos dá de O servirmos, temos maiores motivos para apresentar um coração grato no altar do Salvador!

O estrangeiro em sua terra


Diversas vezes, faz-se menção ao estrangeiro na Bíblia. Em geral, os povos antigos dividiam a sociedade em classes, que variavam em importância. Desse modo, a vida de um escravo não se comparava à de um cidadão livre, que, por seu turno, era inferior à de alguém pertencente à nobreza.

Desde o Êxodo, Deus incutiu na mente do povo o valor do estrangeiro (Êx 22:21; 23:9; Dt 10:19). Para os estrangeiros que viviam no meio de Israel, valiam as mesmas leis (Lv 17:8-15; Nm 15:16). Na ética do Pentateuco, surgiu o conceito de “próximo” (Lv 19:18), que posteriormente foi expandido por Jesus (Lc 10:25-37). As implicações dessa valorização da pessoa humana tiveram forte impacto sobre a construção da mentalidade ocidental: cristãos fundaram hospitais, lutaram contra a escravidão, fundaram governos democráticos e estabeleceram os direitos humanos. Porém, se aplicarmos o conceito apenas à esfera da comunidade cristã em si, teremos valores como respeito, transparência, afetuosidade e aceitação. Os cristãos precisam ser receptivos.

Fala-se muito hoje do ministério da recepção; muitas vezes até se dá ao assunto um enfoque empresarial, mas as pessoas sabem a diferença de serem recebidas por profissionais (como acontece em hospitais, empresas e hotéis) e se encontrarem com quem revele genuíno interesse e simpatia natural. Uma comunidade acolhedora pode fazer muito para romper barreiras e integrar interessados na família de Deus.

Pecados de ignorância


A ignorância a respeito de uma lei não abona alguém que a transgrida. Para mencionar um exemplo: caso um policial me veja entrar com o carro na contramão de uma rua, ainda que eu alegue não conhecer a rua, ou estar perdido, será difícil escapar da multa!

Quando se trata de Deus, a Bíblia faz distinção entre pecados intencionais e outros cometidos por ignorância – embora ambos sejam ofensivos a Deus. Em Números 15 e em Levítico 4, são apresentados os rituais de expiação em prol daqueles que pecavam por ignorância. Tecnicamente, faz-se distinção entre o sacrifício expiatório realizado pelo povo e o realizado por indivíduos. Dois animais eram oferecidos na expiação coletiva, um novilho e um bode (Nm 15:25-26); por indivíduos, apenas um cordeiro de um ano se ofertava (v. 27-29).

Para Deus, as boas ações não contam, se estiverem divorciadas de bons motivos. Pare e pense: distribuir cestas básicas é uma ação louvável? Você diria “sim”, não é? Mas, e se eu fosse um candidato a prefeito e me deixasse fotografar distribuindo alimentos, ainda seria uma boa ação? É claro que as intenções são determinantes para qualificar as ações. Deus considera que até as melhores realizações humanas, desprovidas de fé, estão contaminadas pelo pecado (Rm 14:23).

Todavia, muitas vezes é impossível determinar a real intenção de alguém. Apenas o Senhor vê com absoluta objetividade o porquê de nossa conduta; afinal, conhecendo profundamente nosso coração (1Sm 16:7; Jo 2:24, 25), Ele é capaz de aquilatar cada motivação humana. Só nos resta reexaminar constantemente os nossos caminhos (Lm 3:40) e pedir a Deus que nos dê um coração íntegro (Sl 51:10).

Pecados de desafio


Escritores como Sam Harris e Christopher Hitchens têm criticado duramente a religião. Para esses e outros autores, toda e qualquer crença é arbitrária, irracional e primitiva. Estariam eles corretos? No momento em que se deparam com textos da Bíblia que aplicam a pena capital a delitos aparentemente banais, mesmo cristãos modernos se veem cercados por questionamentos. Por que Deus Se mostrava tão rigoroso?
No capítulo estudado, encontra-se um exemplo desse rigor: o relato de alguém punido até a morte por apedrejamento. O crime? Ter ajuntado lenha no sábado, revelando claramente a intenção de acender fogo no dia santo (Êx 35:3). O flagrante levou o cidadão a ser detido. Após consultar a Deus, o povo agiu, cumprindo a sentença divina (Nm 15:32-36).

Seria isso um abuso da religião? Após o 11 de Setembro, boa parte dos críticos insiste que a religião (seja qual for) leva ao extremismo. O episódio do apedrejamento entraria nessa categoria?

A título de esclarecimento, consideremos a situação de Israel: (1) Para um povo recém-saído do Egito, acostumado à linguagem dura da escravidão, Deus tinha que agir com firmeza, principalmente quando revoltas do próprio povo surgiam com frequência. A disciplina se apresentava sempre necessária; (2) Não nos deve impressionar o uso da pena capital, como se Deus fosse menos exigente hoje. Embora os fiéis não sejam usados atualmente como instrumentos de punição para os pecadores, Deus realizará pessoalmente um juízo, o qual resultará no extermínio perpétuo dos pecadores (Ap 6:15-17; 20:7-10); (3) Havia um efeito moral restritivo na punição; o propósito era impressionar a comunidade no deserto com a santidade da lei divina. Ao mesmo tempo, a pena causava reflexão sobre o tipo de resposta que se deveria dar às exigências de um Deus Santo – o que, por si só, ajudaria a desenvolver nova compreensão, tanto das leis, quanto da graça divina.

Levando em consideração o que foi dito acima, não deve nos escandalizar a firmeza do julgamento do transgressor do sábado. Alguns versículos anteriores já tratam de situações semelhantes: “Mas a pessoa que fizer alguma coisa atrevidamente, quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao Senhor; tal pessoa será eliminada do meio do seu povo, pois desprezou a palavra do Senhor e violou o Seu mandamento; será eliminada essa pessoa, e a sua iniquidade será sobre ela” (Nm 15:30, 31). Com palavras igualmente solenes, o apóstolo Paulo nos adverte a jamais tratar levianamente as obrigações espirituais, porque viver deliberadamente em pecado nos exclui da provisão feita pelo sacrifício de Cristo – e “horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:26, 31).

Borlas azuis


Uma vez que seguir nosso próprio coração e nossos olhos leva à infidelidade (Nm 15:39), o coração deveria ser circuncidado (Dt 10:16), para guardar a lei de Deus, a própria essência de Sua aliança com o povo salvo (Dt 4: 13 e 23). Vindos de uma cultura idólatra e cercados por pagãos, os israelitas certamente enfrentaram dificuldades em manter seus votos. A fim de prevenir a apostasia, o amoroso Pai decretou que cada israelita adotaria determinados instrumentos para se lembrar do compromisso firmado com Ele. Adotaram-se pequenas caixas com versículos bíblicos amarradas nos umbrais da porta, faixas amarradas no pulso e as borlas azuis (Dt 6:6-9).

A cor azul se associava a Deus. Assim, a arca era envolta em um pano dessa cor; cortinas azuis circundavam o tabernáculo; na roupa do sumo sacerdote havia uma parte azul, etc. O uso da borla azul servia para que cada filho de Abraão estivesse consciente da presença divina (Nm 15:37-41). Também ajudava a distinguir os judeus em ambientes pagãos, estimulando-os a não se conformarem com os costumes contrários à vontade do Senhor.

Como cristãos, temos de fixar-nos atentamente em Jesus, recapitulando Sua trajetória para salvar a humanidade, e, por meio de Seu exemplo, encontrar forças espirituais para prosseguir (Hb 12:2-3). Sua cruz – não o objeto em si, adotado por alguns cristãos – nos lembra constantemente a nossa identidade, porque simboliza o sacrifício e aponta para a reconciliação que Ele trouxe. Sejamos fiéis em nosso trajeto particular e coletivo rumo ao lar prometido.

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1 Comentários:

Às 8 de novembro de 2009 às 11:07 , Blogger william paulo silva disse...

a perigrinaçao dos hebreus,foi como um surgimento de uma criança para Deus, de dia se refrescava com a nuvem que o cobria e a noite se aquecia como uma mae cuida o mana era o leite materno, onde supria con todos os nutrientes nescesario para subsietncia no deserto,suas regras e reprensoes e para sua educaçao,entao alia estava nascendo uma naçao de Deus,muitas vezes foi duro com eles assim como nossos pais foram duro conosco, mas sempre teve todo amor para dar. william paulo silva

 

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